sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

À Primavera Árabe


Do poeta Aziel Lima

Campina Grande tem o maior São João do Mundo
É a famosa capital do forró
Pois tem xaxado, tem forró e tem baião
Quanta cultura se encontra num lugar só

Comidas típicas que é a melhor da região
Cada barraca tem um grupo de forró
Tem um cenário que encanta o turista
Com um sitinho, farinhada e repentista
Mas eu não posso me esquecer do que é melhor

Que é as barracas e o forró de Zé Lagoa
Cachaça boa que é a mistura do forró
Tem as quadrilhas, tem fogos e tem balões
Nosso São João para brincar não tem melhor

E o sanfoneiro puxa o fole animado
Casais dançando se encantam no forró
Se apaixonam, se declaram e se unem
Isso é Campina no Maior São João do Mundo
Isso é Campina a Capital do Forró

Poesia Sim

viva sem moderação
 
num hiato calculado
 
entre o sim e o não



(Lau Siqueira)


*poesia sim é o título do blog que o poeta modera, vejam: http://poesia-sim-poesia.blogspot.com/

sábado, 24 de dezembro de 2011

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

"Foi tudo invenção capitalista"

Em homenagem ao grande líder da União Soviética e dos trabalhadores de todo o mundo transcrevo um artigo para aqueles que queiram conhecer a versão da história que não está contida nos livros editados pela burguesia imperialista.

Viva Stálin!

Josef Stálin – O Pai dos Povos

Jossif Vissarionóvich Dzugasvili  Stálin  nasceu em 21 de dezembro de 1879 em Gori, província de Tífilis, Geórgia, região da Transcaucásia. Seu pai, Vissarion Ivanovich era filho de camponês pobre, tornou-se sapateiro autônomo e, depois, operário de uma fábrica de calçados. Sua mãe, Catarina Gueorguievna, filha de servo (camponês pobre).
A Rússia era o país mais atrasado da Europa, tinha como base a agricultura caracterizada pelo latifúndio e regime de servidão. Mas nas últimas décadas, o capitalismo avançava, lutas operárias vinham acontecendo, formando-se um campo fértil às idéias revolucionárias. Círculos clandestinos para estudo e divulgação do marxismo foram formados por intelectuais. O desafio era como fundir a teoria marxista com o movimento operário, o que foi conseguido por Lênin (V. A Verdade, nº  49), com a União de Luta pela Emancipação da classe operária de São Petersburgo.  Em 1898 fundou-se o Partido Operário Social-Democrata da Rússia ( POSDR).

No seminário de Tífilis, Stálin conheceu a literatura marxista, entrou em contato com grupos ilegais, organizou um círculo de estudos e ingressou no POSDR no ano de sua fundação, sendo expulso do seminário no ano seguinte, em razão de suas atividades.

A partir de então, dedicou-se inteiramente à atividade revolucionária, editando publicações clandestinas, redigindo textos e artigos e fazendo a propaganda do marxismo entre os operários.

O lutador e o dirigente
No levante operário de 1905, as divergências dentro do PSODR se clarificaram: de um lado, os mencheviques, defendendo meios pacíficos de luta e, de outro, os bolcheviques que propunham transformar a greve operária em insurreição armada. Stálin defendeu esta posição firmemente na Primeira Conferência Bolchevista de toda a Rússia, ocasião em que se encontrou com Lênin pela primeira vez e, juntos, redigiram as resoluções do Encontro.  A insurreição aconteceu em dezembro de 1905 e foi derrotada.

Stálin redobrou o trabalho de base, concentrando suas atividades na região petrolífera de Baku: “Dois anos de atividade revolucionária entre os operários da indústria petrolífera temperaram-me como lutador e como dirigente. Conheci pela primeira vez o que significava dirigir grandes massas operárias”.
Em 1912, na Conferência de Praga (Checoslováquia), dada a impossibilidade de realizá-la na Rússia, os bolcheviques decidem organizar-se em partido independente, afastando completamente os mencheviques e adotando o nome POSDR (b), isto é, bolcheviques. Stálin estava na prisão, de onde fugiu pouco depois, participando com Lênin da criação do PRAVDA (A Verdade). Indicado para dirigir o grupo bolchevique na Duma (parlamento russo), foi detido mais uma vez e enviado para longínqua cidade da Sibéria, de onde só sairia com a revolução (burguesa) de fevereiro de 1917.

A jornada de luta dos operários, que acontecia desde o início do ano de 1917, se amplia e obtém a adesão de um grande número de soldados sublevados em razão das precárias condições em que enfrentavam os alemães (1ª guerra mundial). A insurreição culmina com a derrubada do czarismo e constituição de um governo burguês, provisório. Livre,  Stálin se desloca para Petrogrado e no dia 16 de abril está à frente de uma delegação operária, recebendo Lênin (retornava do exílio) na estação Finlândia. Uma semana depois, realizou-se a sétima Conferência e ele foi eleito para o birô político do Partido Bolchevique.

Organizam-se os soviets (conselhos) de operários, camponeses e soldados, que em pouco tempo instauram uma situação de dualidade de poder. Lênin propõe a passagem da revolução democrático-burguesa para a revolução socialista e em julho/agosto realiza-se o II Congresso do Partido. Al-guns delegados defenderam que não era o momento para esse salto, por falta de apoio dos camponeses ou mesmo porque só era possível construir o socialismo com a vitória da revolução nos países euro-    peus. Stálin pronunciou: “ …É necessário desprezar essa idéia caduca de que só a Europa pode nos indicar o caminho. Há um marxismo dogmático e um marxismo criador. Eu me situo no terreno do segundo”. Esta era também a visão de Lênin e da esmagadora maioria dos bolcheviques, o que tornou possível a revolução socialista de outubro.

Stalin esteve à frente de todos os preparativos para a insurreição e integrou o grupo que conduziu o Comitê Militar Revolucionário. O levante começou no dia 6 de novembro, à noite.  No dia 7,  rapidamente, as tropas revolucionárias tomaram os principais pontos de Petrogrado e o Palácio de Inverno, onde se tinha refugiado o governo provisório. Quando o II Congresso dos Soviets se instalou naquele mesmo dia, proclamou: “… apoiando-se na vontade da imensa maioria dos operários, soldados e camponeses e na insurreição triunfante levada a cabo pelos operários e a guarnição de Petrogrado, o Congresso toma em  suas mãos o poder”.

No período de 1917 a 1924, Stálin atua ao lado de Lênin na condução do Partido e dos negócios do Estado. Durante a guerra contra-revolucionária desencadeada pela burguesia e pelos latifundiários russos, e pelos exércitos de uma dezena de potências estrangeiras, destacou-se como estrategista militar, principalmente nas frentes onde havia insegurança ou indisciplina. Sempre envolvendo a massa popular da região, Stálin conseguia debelar o foco do problema e devolver a confiança e o ânimo às tropas vermelhas que voltavam a obter êxitos.

Transformando o sonho em realidade
 
Em  (1922), no XI Congresso, Stálin, que sempre esteve ao lado de Lênin, foi eleito para o cargo de secretário-geral e assumiu a tarefa de organizar a união livre e voluntária dos povos, vindo a constituir a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Com o agravamento da saúde de Lênin, Stálin assumiu a direção do XII Congresso, propugnando o combate à tendência de retorno ao capitalismo, por má interpretação da Nova Política Econômica ( NEP) em alguns setores da economia e propôs um programa que acabasse com a desigualdade econômica e cultural entre os povos da URSS.

Lênin faleceu no dia 21 de janeiro de 1924. No XIV Congresso (1925), definiu-se como caminho para fortalecer o socialismo na URSS: “Transformar nosso país, de um país agrário num país industrial, capaz de produzir com seus próprios meios, as máquinas e ferramentas necessárias”. Não havia unanimidade quanto a essa estratégia, à qual se opunham os dirigentes Kamenev e Zinoviev, que propunham maior fortalecimento da agricultura e um ritmo de crescimento industrial mais lento.   Trostki também se opunha, argumentando que Stalin estava desviando energias para o desenvolvimento econômico interno, em vez de canalizá-la para a revolução proletária mundial. Na concepção de Stálin,  a melhor forma de contribuir com a revolução mundial, de fortalecer o internacionalismo proletário, seria fortalecendo o socialismo na URSS.

Para implementar a industrialização, a URSS só podia contar com as próprias forças. Havia de contar com o entusiasmo da classe trabalhadora e eliminar ideológica e organicamente os setores que se opunham à aplicação das resoluções do Congresso. “Não se podia alcançar a industrialização sem a destruição ideológica e orgânica do bloco trotskista-zinovievista” ( Stálin, Instituto Mel).

A luta contra os kulaks e os restauradores do capitalismo

O XV Congresso realizado em 1927 constatou os êxitos da industrialização. Stálin ressaltou que era necessário avançar, superando o único obstáculo existente ainda, o atraso na agricultura e indicou a solução: “passagem das explorações camponesas dispersas para grandes explorações unificadas sobre a base do cultivo comum da terra com técnica nova e mais elevada”. Destacou que essa agrupação deveria se dar pelo exemplo e pelo convencimento, não pela coerção dos pequenos e médios agricultores.
 
A Revolução de 1917 havia eliminado o latifúndio, transformando-o em sovkozes (fazendas estatais) e incentivava os pequenos camponeses a se organizarem em cooperativas, os kolkhozes. Agora, tratava-se de intensificar essa campanha e de neutralizar os camponeses ricos (kulaks), setor que se fortalecera durante a Nova Política Econômica (NEP).

Dentro do Partido, um grupo liderado por Bukharin, Rikov e Tomski se opôs à repressão aos kulaks, defendendo um processo gradual e pacífico de coletivização da terra. Stálin avaliava que o grupo pretendia na verdade restaurar o capitalismo e agia como agentes dos camponeses ricos e promoveu “o esmagamento dos capitulacionistas”. Em 1927, em comemoração ao XII aniversário da Revolução, escreveu: “O ano transcorrido foi o ano da grande virada em todas as frentes de edificação socialista”. Com a liquidação dos kulaks, procedeu-se à coletivização total do campo.  Stálin criticou excessos praticados em alguns lugares onde se impuseram medidas para as quais os camponeses não estavam preparados e ensinou aos militantes: “…não se pode ficar à retaguarda do movimento, já que retardar-se significa afastar-se das massas, mas tampouco deve-se adiantar, já que isto significa perder os laços com as massas” (J. Stálin, Problemas do Leninismo).

Com base nos resultados alcançados, o informe dado por Stálin no XVI Congresso (1930) afirmou: “nosso país entrou no período do socialismo”. O congresso aprovou o primeiro plano qüinqüenal, cuja meta era a reconstrução de todos os ramos da economia com base na técnica moderna. Eis o balanço apresentado por Stálin no XVII Congresso (1934): “…Triunfou a política de industrialização, da coletivização total da agricultura, da liquidação dos Kulaks, triunfou a possibilidade de construção do socialismo num só país”. É lançado o segundo plano qüinqüenal, que prevê realizações em todos os ramos da economia e nos campos da cultura, das ciências, da educação pública e da luta ideológica.
Em quatro anos e três meses, o plano estava cumprido. Afigurava-se agora a necessidade de uma revolução cultural no sentido de capacitar quadros oriundos do proletariado para que dominassem a técnica e assumissem funções de direção no governo soviético. A partir do apelo de Stálin, surge o movimento stakanovista “ iniciado na bacia do Donets, na indústria do carvão, se espalhou por todo o país. Dezenas e centenas de milhares de heróis do trabalho deram exemplo de como se devia assimilar a técnica e conseguir aumentar a produtividade socialista do trabalho na indústria, na agricultura e no transporte”. (Stalin, Instituto Mel).

Em 1936, o XVIII Congresso dos sovietes aprovou a nova constituição da URSS, a constituição do socialismo, garantindo não apenas liberdades formais como as constituições burguesas, mas “amplíssimos direitos e liberdades aos trabalhadores, material e economicamente, assegurados por todo o sistema da economia socialista que não conhece as crises, a anarquia nem o desemprego”.

O XVIII Congresso ocorreu em 1939. Enquanto os soviéticos comemoravam êxitos, os países capitalistas viviam profunda crise e Hitler já ocupava as nações vizinhas da Alemanha. Em relação à política externa, o congresso aprovou a orientação de Stálin no sentido de se continuar aplicando a política de paz e de fortalecimento das relações com todos os países, não permitindo que a URSS seja arrastada a conflitos por provocadores.

Em nível interno, a tarefa lançada foi a de ultrapassar nos 10 ou 15 anos seguintes os países capitalistas no terreno econômico. No seu informe ao XVIII Congresso, Stálin concluía que “É possível construir o comunismo em nosso país, mesmo no caso de se manter o cerco capitalista”.

Comandando a guerra contra Hitler e o nazifascismo

O ano de 1940 registrou um aumento sem precedentes da produção na URSS e em 1941, quando o povo soviético se preparava para comemorar novas vitórias, Hitler rompeu o pacto e invadiu o território socialista. Para centralizar a defesa e coordenar a luta de libertação nacional, o Conselho de Comissários do Povo criou o Comitê de Defesa do Estado, nomeando Stálin seu presidente. O povo respondeu com toda disposição e os invasores, que acreditavam dominar a URSS em dois meses, fracassaram.  Em 1944, se retiravam humilhados.
 
“Para Berlim!”, bradou Stálin, e o Exército Comunista foi libertando do jugo capitalista os países da Europa Oriental, até erguer a Bandeira Vermelha na capital alemã no dia 9 de maio de 1945.

A URSS foi o país que mais sofreu com a agressão nazista, tanto em perdas econômicas quanto em humanas, mas, poucos anos depois, já se recuperava e alcançava os níveis anteriores de produção na indústria e na agricultura, apesar da guerra fria (corrida armamentista, boicote econômico) lançada pelas potências capitalistas, especialmente os EUA, rompendo o acordo assinado na conferência de Ialta que resultara na criação da ONU.

No dia 5 de março de 1953, morreu Stálin, deixando uma lacuna jamais preenchida na URSS e enlutando também o movimento comunista em todo o mundo. Em toda a União Soviética, os operários fizeram cinco minutos de silêncio e  em Moscou, 4 milhões e meio de pessoas acompanharam o enterro do seu herói e líder. Também, em vários países os operários pararam para se despedir de Stálin.

Sobre uma infinidade de acusações lançadas sobre Stálin pela burguesia mundial e pelos dirigentes russos após o XX Congresso do PCUS, fala o genial arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer: “Foi tudo invenção capitalista”.

Retirado do Jornal A Verdade, nº 51

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

By Latuff


Beth Carvalho: "A CIA quer acabar com o samba"


Cantora lança CD e, em entrevista ao iG, acusa a Agência Central de Inteligência dos EUA.

Ao abrir o elevador, ainda no hall de entrada do apartamento, um quadro com a foto de Che Guevara. Não há dúvidas. Ali é o andar de Beth Carvalho. Ela surge na sala, amparada por duas muletas, que logo deixa de lado para posar para as fotos. “Nunca vi coisa para cair mais do que muletas. Estas meninas caem toda hora”, diz, bem-humorada.

Ainda se recuperando de uma fissura no sacro (osso do final da coluna), aos 65 anos, Beth anda com dificuldades. Ficou dois anos sem pôr os pés no chão. “Estou ótima, salva! Os médicos comentaram com minha filha que eu poderia não andar mais. Mas não me abati. Foi um processo menos doloroso por perceber a prova de amor dos amigos e da família”, relata.

Após quinze anos, a sambista lança o CD de inéditas “Nosso samba tá na rua”, dedicado a dona Ivone Lara, com canções sobre a negritude, o amor e o feminismo. Uma das letras, “Arrasta a sandália”, é de autoria de sua filha, Luana Carvalho. Cercada de quadros de Cartola e Nelson Cavaquinho, entre almofadas verdes e rosas (cores de sua escola de samba Mangueira), perante uma estante com dezenas de troféus e outra com bonecos de Che, Fidel Castro e orixás, Beth concede a entrevista a seguir ao iG.

No fundo da janela, o mar de São Conrado, bairro vizinho à favela da Rocinha. “A CIA quer acabar com o samba. É uma luta contra a cultura brasileira. Os Estados Unidos querem dominar o mundo através da cultura”, diz a cantora, presidente de honra do PDT. Entre os fartos risos, também não faltaram palavras ríspidas para defender seu ponto de vista.

iG: Qual foi a sensação ao voltar a andar?
BETH CARVALHO: A pior da minha vida. Quando pus os pés pela primeira vez no chão, achei que nunca ia andar de novo. Parecia que não tinha mais pernas, sem força muscular. Depois, com a fisioterapia, a recuperação foi rápida. Precisei colocar dois parafusos de 15 cm cada um, só isso me fez voltar a andar. Agora sou interplanetária e biônica (risos).

iG: Em seu novo CD, a letra “Chega” é visivelmente feminista. Por que é raro o samba dar voz a mulheres?
BETH CARVALHO: O mundo, não só o samba, é machista. Melhorou bastante devido à luta das mulheres, mas a cada cinco minutos uma mulher apanha no Brasil. É um absurdo. Parece que está tudo bem, mas não é bem assim. Sempre fui ligada a movimentos libertários.

iG: De que forma o samba é machista?
BETH CARVALHO: A maioria dos sambistas é homem. Depois de mim, Clara Nunes e Alcione, as coisas melhoraram. O samba é machista, mas o papel da mulher é forte. O samba é matriarcal, na medida que dona Vicentina, dona Neuma, dona Zica comandam os bastidores da história. Eu, por exemplo, sou madrinha de muitos homens (risos).
“Não desanimo nunca. Minha esperança é a última que morre”

iG: A senhora é vizinha da favela da Rocinha. Como vê o processo de pacificação?
BETH CARVALHO: Faltou, por muitos anos, a força do estado nestas comunidades. Agora estão fazendo isso de maneira brutal e, de certa forma, necessária. Mas se não tiver o lado social junto, dando a posse de terreno para quem mora lá há tanto tempo, as pessoas vão continuar inseguras. E os morros virarão uma especulação imobiliária.

iG: Alguns culpam o governo Leonel Brizola (1983-1987/1991-1994) pelo fortalecimento do tráfico nos morros. A senhora, que era amiga do ex-governador, concorda?
BETH CARVALHO: Isso é muito injusto. É absurdo (diz em tom áspero). Se tivessem respeitado os Cieps, a atual geração não seria de viciados em crack, mas de pessoas bem informadas. Brizola discutia por que não metem o pé na porta nos condomínios da Avenida Viera Souto (em Ipanema) como metem nos barracos. Ele não podia fazer milagre.

iG: Defende a permanência de Carlos Lupi no Ministério do Trabalho?
BETH CARVALHO: Olha, sou presidente de honra do PDT porque é um título carinhoso que Brizola me deu, mas não sou filiada ao PDT. Não tenho uma opinião formada sobre isso, porque não sei detalhes. Existe uma grande rigidez a partidos de esquerda. Fizeram isso com o PC do B do Orlando Silva, e agora fazem com o PDT. O que conheço do Lupi é uma pessoa muito correta. Eles deveriam ser menos perseguidos pela mídia.

iG: Aqui na sua casa há várias imagens de Che Guevara e de Fidel Castro. Acredita no modelo socialista?
BETH CARVALHO: Eu só acredito no modelo socialista, é o único que pode salvar a humanidade. Não tem outro (fala de forma enfática). Cuba diz ‘me deixem em paz’. Os Estados Unidos, com o bloqueio econômico, fazem sacanagem com um país pobre que só tem cana de açúcar e tabaco.

iG: Mas e a falta de liberdade de expressão em Cuba?
BETH CARVALHO: Eu não me sinto com liberdade de expressão no Brasil.

iG: Por quê?
BETH CARVALHO: Porque existe uma ditadura civil no Brasil. Você não pode falar mal de muita coisa.

iG: Como quais?
BETH CARVALHO: Não falo. Tem uma mídia aí que acaba com você. Existe uma censura. Não tem quase nenhum programa de TV ao vivo que nos permita ir lá falar o que pensamos. São todos gravados. Você não sabe que vai sair o que você falou, tudo tem edição. A censura está no ar.

iG: Mas em países como Cuba a censura é institucionalizada, não?
BETH CARVALHO: Não existe isso que você está falando, para começo de conversa. Cuba não precisa ter mais que um partido. É um partido contra todo o imperialismo dos Estados Unidos. Aqui a gente está acostumada a ter vários partidos e acha que isso é democracia.
“Só acredito no modelo socialista, é o único que pode salvar a humanidade”

iG: Este não seria um pensamento ultrapassado?
BETH CARVALHO: Meu Deus do céu! Estados Unidos têm ódio mortal da derrota para oito homens, incluindo Fidel e Che, que expulsaram os americanos usando apenas o idealismo cubano. Os americanos dormem e acordam pensando o dia inteiro em como acabar com Cuba. É muito difícil ter outro Fidel, outro Brizola, outro Lula. A cada cem anos você tem um Pixinguinha, um Cartola, um Vinicius de Moraes… A mesma coisa na liderança política. Não é questão de ditadura, é dificuldade de encontrar outro melhor para ocupar o cargo. É difícil encontrar outro Hugo Chávez.

iG: Chávez é acusado por muitos de ter acabado com a democracia na Venezuela.
BETH CARVALHO: Acabou com o quê? Com o quê? (indaga com voz alta)

iG: Com a democracia…
BETH CARVALHO: Chávez é um grande líder, é uma maravilha aquele homem. Ele acabou com a exploração dos Estados Unidos. Onde tem petróleo estão os Estados Unidos. Chávez acabou com o analfabetismo na Venezuela, que é o foco dos Estados Unidos porque surgiu um líder eleito pelo povo. Houve uma tentativa de golpe dos americanos apoiada por uma rede de TV.

iG: A emissora que fazia oposição ao governo e que foi tirada do ar por Chávez…
BETH CARVALHO: Não tirou do ar (fala em tom áspero). Não deu mais a concessão. É diferente. Aqui no Brasil o governo pode fazer a mesma coisa, televisão aberta é concessão pública. Por que vou dar concessão a quem deu um golpe sujo em mim? Tem todo direito de não dar.

iG: A senhora defende que o governo brasileiro deveria cassar TV que faz oposição?
BETH CARVALHO: Acho que se estiver devendo, deve cassar sim. Tem que ser o bonzinho eternamente? Isso não é liberdade de expressão, é falta de respeito com o presidente da República. Quem cassava direitos era a ditadura militar, é de direito não dar concessão. Isso eu apoio.
Che e Fidel enfeitam a estante de Beth Carvalho 
iG: Por ser oriundo dos morros, o samba foi conivente com o poder paralelo dos traficantes?
BETH CARVALHO: Não, o samba teve prejuízo enorme. Hoje dificilmente se consegue senhoras para a ala das baianas nas escolas de samba. Elas estão nas igrejas evangélicas, proibidas de sambar. Não se vê mais garoto com tamborim na mão, vê com fuzil. O samba perdeu espaço para o funk.

iG: Quem é o culpado?
BETH CARVALHO: Isso tem tudo a ver com a CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA), que quer acabar com o samba. É uma luta contra a cultura brasileira. Os Estados Unidos querem dominar o mundo através da cultura. Estas armas dos morros vêm de onde? Vem tudo de fora. Os Estados Unidos colocam armas aqui dentro para acabar com a cultura dos morros, nos fazendo achar que é paranoia da esquerda. Mas não é, não.

iG: O samba vai resistir a esta “guerra” que a senhora diz existir?
BETH CARVALHO: Samba é resistência. Meu disco é uma resistência, não deixa de ser uma passeata: “Nosso samba tá na rua”.

Fonte: iG
Fotos: George Magaraia

sábado, 10 de dezembro de 2011

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Mineradoras e agronegócio querem divisão do Pará

Do Jornal A Verdade

No próximo dia 11 de dezembro a população do Estado do Pará decidirá sobre a proposta de criação de mais dois Estados – Carajás e Tapajós – e a consequente diminuição da área territorial do Estado. Os debates já estão ocorrendo, e o clima é acalorado. Para grande parte da população paraense, os interesses que movem a proposta de divisão não aparecem. Os defensores da criação dos dois novos Estados alegam que o governo e a administração central concentrada em Belém são o fator principal dos graves e inúmeros problemas vividos pela população que reside nas regiões Sul e Oeste, e que a distribuição das riquezas produzidas no Estado beneficiam a população que reside nas cidades próximas à capital.

Na verdade, a proposta de divisão é movida por interesses de grandes mineradoras, madeireiras, latifundiários e de oligarquias políticas locais, cujo objetivo é a exploração dos minérios no rico subsolo paraense, do desmatamento das florestas, do cultivo em larga escala de soja e criação de gado e da implantação de empresas do agronegócio na região.

Atualmente o Pará é o segundo maior Estado da Federação, com 1,2 milhão de quilômetros quadrados e uma população de 7,5 milhões de habitantes. Esse contraste entre a extensão física e a população que o ocupa também é uma das alegações utilizadas para defender a partilha do Estado, já que, segundo os defensores da divisão, esta situação vem dificultando o aproveitamento das riquezas naturais da Amazônia e a maior integração econômica da região com o desenvolvimento do restante do país.

O território do Pará abriga em seu subsolo extensas jazidas minerais: é o maior exportador mundial de minério de ferro, o 3º maior produtor internacional de bauxita, significativo produtor de caulim (o de melhor qualidade do mercado para papéis especiais) e de alumínio, e possui crescente participação em cobre e níquel, além de ouro. Com a exploração desses recursos, o Pará se tornou o 2º Estado que mais fornece divisas ao Brasil, transformou-se no 5º maior produtor de energia (e o 3º maior exportador de energia bruta) do Brasil, o 2º maior minerador nacional e no 5º maior exportador geral do pais. De cada 10 dólares recolhidos pelo Banco Central, 70 centavos são provenientes do Pará.

Em compensação, essa riqueza não tem sido revertida para a melhoria das condições de vida de sua população, pois o estado é o 16º em desenvolvimento humano e o 21º em PIB/per capita, amargando o título de um dos mais pobres da federação. Em outras palavras, as riquezas produzidas pelo povo paraense beneficiam somente as mineradoras, o agronegócio, os latifundiários e os políticos corruptos, enquanto sua população sofre de doenças graves, de miséria e pobreza extremas, além de ser uma das regiões mais violentas do mundo. Essa situação não é vivida apenas por quem mora nas regiões Oeste e Sul do Estado, mas se apresenta nos grandes bolsões de miséria da Região Metropolitana de Belém e das cidades que têm na sua atividade principal a exploração de minérios, como Marabá e outras localizadas na região Sul do Estado.

Divisão pode aumentar devastação da Amazônia

Do ponto de vista ambiental os impactos poderão ser ainda maiores. A criação de um possível Estado do Tapajós acarretaria o fim da lei que determina a existência de unidades de conservação nas áreas de florestas virgens milenares, lei que atualmente vigora no Pará, proibindo as derrubadas e o desmatamento da floresta, garantindo a preservação da fauna e da flora, o equilíbrio e a diversidade da Amazônia.

O surgimento do novo Estado do Tapajós traria junto a discussão de promover o “desenvolvimento” numa região com pouca densidade demográfica e extensa área de florestas nativas. No lugar da floresta, plantação de soja e gado: essa seria a atividade econômica a ser desenvolvida no novo Estado. Além disso, Tapajós ficaria com a produção de energia, já que na região Oeste estão localizados extensos rios. Pela proposta de divisão do Pará, o Tapajós teria como sua principal base econômica o setor energético –  que inclui a Usina de Belo Monte e o complexo hidrelétrico Tapajós.

Para derrotar o projeto de divisão, milhares de pessoas estão se mobilizando e se preparando para a campanha eleitoral. Os segmentos políticos da burguesia vêm promovendo uma campanha despolitizada, colocando como centro do debate o regionalismo e suas variantes. Até o momento, essas questões econômicas e os interesses das mineradoras, dos latifundiários e do agronegócio não entraram na pauta; cabe aos movimentos sociais e populares  levantar esses temas e organizar mobilizações para defender um Pará com justiça social, em favor dos trabalhadores e contra a espoliação de mineradoras e latifundiários.

Fernando Alves, Redação

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Adeus, Sócrates!


Do DCE/UFRPE

O povo Brasileiro e os estudantes estão de luto pelo falecimento de Sócrates (médico formado na USP e ex-jogador da seleção Brasileira) durante a madrugada deste domingo 04 de Dezembro, após ser vítima de choque séptico. Sua vida foi marcada pela construção da democracia Corinthiana e na luta pelas "Diretas já". Avançado politicamente, e grande jogador que foi, deixou ao povo brasileiro suas últimas opiniões sobre a copa do mundo, o esporte amador e a necessidade de uma sociedade mais justa.


Confira abaixo sua última entrevista, concedida orgulhosamente ao DCE-UFRPE, no dia 16 de Novembro de 2011, feita por Yuri Pires (1ºVice-Presidente da UNE), e que está no jornal do DCE-UFRPE deste mês:

YP - Na sua opinião, porque há tanto investimento para a construção de estádios para a Copa 2014, e quase nenhum para o desporto amador no Brasil?

Sócrates - Construir é onde se pode manipular mais recursos. Por isso se levantam tantos equipamentos esportivos. Investir em educação ninguém quer.

YP - Recentemente o Deputado Federal Romário fez um discurso denunciando a questão das desapropriações de famílias pobres para a construção das obras da copa. Qual sua opinião sobre o tema?

Sócrates - Tudo o que está sendo e será feito passa ao largo da cidadania.

YP - Talvez a experiência mais coletiva do futebol brasileiro tenha sido a democracia Corinthiana. O futebol é um esporte coletivo. Porque hoje vivemos um individualismo cada vez maior no futebol, chegando às vezes ao cúmulo de se criarem panelinhas para queimar tal ou qual jogador?

Sócrates - O individualismo está presente em toda a nossa sociedade. Poucos se preocupam com o bem estar coletivo e isso só favorece a manutenção do atual status social.

YP - Sobre a meia entrada nos jogos da Copa do Mundo 2014, a FIFA é contra, mas nos estados onde se realizarão os jogos, existem leis que obrigam os empresários do setor a conceder meia entrada para estudantes. Qual a sua opinião?

Sócrates - Quando assumimos a realização da Copa também assinamos uma série de quesitos que provavelmente não foram lidos. Uma das questões é essa e agora deve ser resolvida sem que percamos nossa autonomia. Não deveríamos estar discutindo isso, mas também sendo um evento privado não deveria utilizar recursos públicos ao contrário do que está acontecendo. Está tudo errado assim como os mais lúcidos esperavam. Só não sabia quem não queria ver o que ocorreria.

Doutor Sócrates, 57 anos, médico, ex-jogador da seleção brasileira e líder da democracia corintiana. Faleceu neste dia 04 de Dezembro de 2011, e é com grande pesar o Diretório Central dos Estudantes Odijas Carvalho de Souza (DCE-UFRPE) noticia seu falecimento. Gostaríamos de agradecê-lo pela entrevista concedida e pelo seu exemplo de crítica social e desejamos aos seus familiares saudações de apoio pela perda desse grande cidadão, jogar e médico Brasileiro.

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“Quanto ao Fidel Castro, símbolo da Revolução Cubana, como Che Guevara, as pessoas estão mal informadas. No nosso país se conhece muito pouco o que acontece fora daqui e mesmo aqui dentro. A estrutura política cubana é extremamente democrática. Eu queria que meu filho nascesse lá, eu queria ser um cubano. Nós estivemos lá agora, nós fomos passear! Peguei minha mulher e fui lá, passear, curtir lampejos de humanidade. Um povo como aquele, numa ilhota, que há mais de 60 anos briga contra um império, só pode ser muito forte, e ditadura alguma faz um povo tão forte. Ditadura não é tempo de serviço, necessariamente é qualidade de serviço. Em Cuba, o povo participa de tudo, em cada quarteirão. E aqui? Pra quem você reclama? Você vota e não tem pra quem reclamar.”

Doutor Sócrates, 57 anos, médico, ex-jogador da seleção brasileira e líder da democracia corintiana na Folha de S. Paulo em 27/08/2011.

sábado, 3 de dezembro de 2011

EU LAGO, SOU


                                             De medo, não sei notícia,
Vaidade, não faz meu jeito,
Erro, sim, mas sem malícia
Que nasceu morto o perfeito
Só uma vaidade eu aceito:
Dar certo medo à polícia.
Mas no dito não se veja
Orgulho certo ou pretenso.
Não medo do homem que eu seja,
E, sim, daquilo que penso.

No horizonte finquei seta
E pra este norte caminho
Nem sempre é uma linha reta
Nem sempre há vez pra carinho
Quem escolhe estrada de espinho
Não tem caminhada quieta.
Só vivo pra uma verdade,
Da qual me orgulho sem pejo:
Nunca trocar por vaidade
O que pretendo ou desejo.

Não tenho orgulho de berço
Nem local de nascimento.
Meu céu é onde converso
Meu chão é onde me sento.
Busco, sim, entendimento
Em samba, fuzil ou terço.
Pra mim, o tempo não acaba
Nem a recusa me ofende.
Palavra puxa palavra...
Um dia, a gente se entende.

Santo, não sou, nem pensando,
Santidade é castração
Se a vida vive se dando
Não sou eu que digo não
Mas minha será a opção
Quanto ao onde, como e quando.
Penso assim e não assado
Quero assado e não assim
E o rumo, uma vez traçado,
Vai nesse rumo até o fim.

Muito deixei do vivido
Muito perdi sem ter ganho
Mas sem chorar de sentido
De achar injusto ou estranho
Pois o mundo é sem tamanho
Pra quem dá passo escolhido.
Ao afastar me habituo
Mas gente me acusa e pensa
Que a tristeza do recuo
É orgulho de indiferença

Jamais escolho o que digo
Se é pros do peito que falo
Eu, por mim, só escuto amigo
No que é alegria ou regalo
Se falam mal, não me abalo
De irmão não me vem castigo
Amigo, já diz o velho ditado
É aquele diante de quem
Se dorme sem ter cuidado.

Da vida escolho o que presta
Se erro na escolha, paciência,
Não mudo em luto uma festa
Por um erro em sã consciência.
Nada me amarga a existência
Que é o pouco mais que me resta
Se a erva-doce era amarga,
Mas por doce foi tomada,
O coração ponho à larga,
E me rio da mancada.

Não é o mundo que eu queria
Nem a vida que sonhei.
Vida de paz e alegria
Num mundo de uma só lei.
Mas me ensinaram, e guardei,
Que após um dia, há outro dia.
E rindo como poeta
Que o riso é minha saúde
Fiz da alegria, meta
Fiz da esperança, virtude.

Mário Lago

Homenagem do verbaLIRAndo ao centenário de Mário Lago 

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Dia nacional do Samba

No dia nacional do Samba presto uma homenagem ao grande sambista Donga (Ernesto dos Santos) que foi responsável pelo primeiro samba a ser gravado no Brasil, nos tempos idos de 1917.

"Pelo telefone" é o nome do samba.


O Chefe da polícia
Pelo telefone manda me avisar
Que na carioca tem uma roleta para se jogar
O Chefe da polícia
Pelo telefone manda me avisar
Que na carioca tem uma roleta para se jogar
Ai, ai, ai
Deixe as mágoas pra trás, ó rapaz
Ai, ai, ai
Fica triste se és capaz e verás
Ai, ai, ai
Deixe as mágoas pra trás, ó rapaz
Ai, ai, ai
Fica triste se és capaz e verás

Tomara que tu apanhes
Pra nunca mais fazer isso
Roubar amores dos outros
E depois fazer feitiço
Olha a rolinha, Sinhô, Sinhô
Se embaraçou, Sinhô, Sinhô
Caiu no lago, Sinhô, Sinhô
Do nosso amor, Sinhô, Sinhô
Porque este samba, Sinhô, Sinhô
É de arrepiar, Sinhô, Sinhô
Põe perna bamba, Sinhô, Sinhô
Mas faz gozar, Sinhô, Sinhô

E pra quem quiser ouví-la disponibilizo o link onde Beth Carvalho em comemoração de seus 40 anos de carreira canta esta pérola com a viúva de Donga, a vó Maria. Pelo telefone

E pra quem mora em João Pessoa poderá comemorar esta logo mais às 20 horas na Feirinha de Tambaú onde o grupo Pura Raiz irá se apresentar. Uma boa opção!

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Máquinas humanas

Chega um dia em que a gente
Vai aos poucos percebendo
Somos máquinas humanas
Estamos sempre correndo

O motor logicamante
É o nosso coração
A estrada é o tempo
O passado é contramão
Vivo estacionado
Na garagem, solidão
Meu motor é tão sensível
Não funciona sem você
Seu amor meu combustível
Venha me abastecer
São seus olhos que clareiam
Minha estrada no escuro
Se você demora eu juro:
Nessa estrada eu vou me perder
Por favor, venha me socorrer.

O beijo e o estupro

MIGUEZIM DE PRINCESA

Se é considerado estupro

Numa boca se beijar

Recomendo a Marcelinho

Quando for comemorar

Que fique quieto numa boa

Só olhando pra coroa

Ou vá beijar noutro lugar.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

CHEVRON TENTOU ROUBAR PETRÓLEO DO PRÉ-SAL BRASILEIRO

Por Carta Capital 19/11/2011 às 10:13

A petroleira norte-americana Chevron, responsável pelo vazamento de óleo que já dura dez dias na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, é suspeita de tentar alcançar a camada de pré-sal no Campo do Frade. Se a suspeita for confirmada, o episódio se revelará num dos mais emblemáticos casos de agressão à soberania nacional promovida por uma empresa estrangeira. A possibilidade é admitida por técnicos da Agência Nacional do Petróleo, de acordo com reportagem publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo. 
A Polícia Federal, que investiga o caso, desconfia inclusive que o acidente possa ter ocorrido justamente devido à possível perfuração de poços além dos limites permitidos. 

Segundo a reportagem, a sonda usada pela Chevron tem capacidade para perfurar até 7,6 mil metros, mais que o dobro do necessário para a perfuração dos quatro poços autorizados no Campo do Frade (de até 1.276 metros de profundidade). A ANP quer saber ainda se houve falhas inclusive na construção do poço e se foi utilizado material inadequado. Também não se sabe se foram feitos os testes de segurança antes do início da perfuração. 


Responsável pelo inquérito, o delegado Fábio Scliar, titular da Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da PF, disse na reportagem que já existem indícios de que estrangeiros estejam trabalhando ilegalmente no litoral brasileiro. É algo sério. Se isso for comprovado e esses estrangeiros em situação irregular estiverem recebendo salários no exterior, por exemplo, já se configura crime de sonegação fiscal e de sonegação previdenciária, disse o delegado ao Estado de S.Paulo. A empresa nega a irregularidade. 

Embora nem mesmo a Chevron saiba dizer quantos litros vazaram da plataforma (as estimativas da ANP indicam que a vazão média de óleo derramado estaria entre 200 e 330 barris/dia no período de 8 a 15 de novembro), o episódio pode acelerar a discussão sobre a segurança nacional em torno de sua principal riqueza. Na internet, começam a surgir manifestações para que a empresa estrangeira seja expulsa do País. 

O episódio deixou clara também a situação de vulnerabilidade da exploração de petróleo em alto mar, área onde os órgãos fiscalizadores, como o Ibama, não conseguem monitorar de modo eficiente se as empresas cumprem ou não as normas de segurança, conforme reportagem publicada na sexta-feira no site de CartaCapital. 

A preocupação se tornou ainda maior depois da notícia de que a empresa Transocean, que faz os trabalhos de perfuração para a Chevron no Campo de Frade, é a mesma que operava a plataforma da British Petroleum, que explodiu no Golfo do México, causando um dos maiores desastres ambientais da história recente. 

Apesar do retrospecto da Transocean, o presidente da concessionária brasileira da Chevron, George Buck, disse que confia na empresa e que continuará a operar com ela no Brasil. 

A plataforma da Transocean explodiu e afundou em abril de 2010, no Golfo do México, deixando 11 mortos e causando grandes prejuízos. Cerca de 4,9 milhões de barris de petróleo foram derramados no mar e o vazamento durou 87 dias. 

Se esta hipótese se confirmar não só a Chevron e seus dirigentes terão que pagar caro. Todos os políticos brasileiros ligados à ela terão que ser julgados pelo tribunal da opinião pública e eventualmente pelos Tribunais brasileiros, inclusive e principalmente o senhor José Chevron Serra. NÃO TEM PERDÃO, NEM EXCEÇÃO. Ladrão internacional e agressor à soberania merece cadeia, mas traidor merece algo bem pior.


domingo, 20 de novembro de 2011

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Sindjor-PB denuncia abusos dos Diários Associados e realiza Ato Público

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Paraíba (Sindjor-PB) vem à público informar à sociedade sobre a situação caótica em que se encontra a empresa Diários Associados na Paraíba. Desde as mudanças ocorridas na administração, que em 2009 passou a ser gerenciada pelos Diários Associados em Pernambuco, a empresa tem mostrado total descaso com os profissionais paraibanos.

Além de pagar o pior salário do estado, a empresa se nega a fechar o acordo salarial que fixou reajuste em 8% nos demais veículos da Paraíba. Após muitas tentativas de diálogo, os Diários Associados apresentou uma contraproposta absurda de apenas 7% e pagando o retroativo (uma vez que a data base da categoria é o mês de abril) em 12 parcelas, o que é considerado um desrespeito pelo Sindjor-PB aos profissionais que trabalham em suas empresas.

É importante frisar que a luta não se resume apenas ao pagamento justo de uma remuneração, mas ao tratamento que a empresa concede aos seus funcionários. Além de não encaminhar nenhuma informação sobre a questão salarial, os Diários Associados da Paraíba abusam da autoridade impondo aos profissionais a realização de atividades para as quais não foram contratados.

Isso tudo é resultado de uma Redação cada vez mais esvaziada pelos constantes pedidos de demissão entregues por alguns profissionais que não aguentam a desorganização e o descaso da empresa. Com isso, os que ficam são obrigados a acumular funções e trabalhar cada vez mais exaustados. A falta de estrutura também é outro problema que afeta o dia a dia do trabalhador e coloca em risco a sua saúde. Durante anos, os funcionários foram obrigados a trabalhar em carros velhos sem manutenção, usam computadores ultrapassados instalados em um prédio que carece de reforma urgente.

O prédio onde funciona O Norte, aliás, está indo a leilão na Justiça paraibana como uma forma de garantir que a empresa honre com suas dívidas trabalhistas. Como se não bastasse todos os problemas, os Diários Associados da Paraíba ainda tentaram impedir, no dia 14 de novembro, que o Sindicato dos Jornalistas falasse aos profissionais durante uma visita que realizou em todas as Redações das empresas em João Pessoa, ameaçando, inclusive, chamar a polícia, como se os sindicalistas estivessem realizando alguma contravenção.
     
Contravenção é não realizar o pagamento devido de horas extras, não reconhecer um aumento justo em um salário tão defasado, não depositar o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e não tratar seus funcionários de forma igual. O Sindjor-PB não vai se calar diante de tantas contravenções e continuará lutando pelos jornalistas que, de forma muito guerreira, sustentam sozinhos uma empresa falida.    

O Sindicato dos Jornalistas da Paraíba não se curva aos desmandos desta empresa e irá continuar cobrando que os direitos dos profissionais sejam respeitados. Nesta sexta-feira, 18 de novembro, às 14h, a entidade estará realizando um Ato Público em frente ao jornal O Norte, com a finalidade de cobrar o fechamento do Acordo Salarial já assinado por todos os grandes veículos de comunicação da Paraíba. Além disso, irá denunciar para toda a sociedade a precariedade nas relações de trabalho e a falta de respeito com os jornalistas.  

Profissionais de comunicação, estudantes e sindicatos estão convidados a participar deste ato e aumentar a pressão sobre esses péssimos empresários de comunicação.

Sindjor-PB

Obs: O ato entretanto foi adiado após o DA apresentar nova proposta que está sendo avaliada pelo sindicato!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Eu Queria Dizer Que Te Amo Numa Canção

Fernando Mendes

Esse amor que eu trago em mim
Eu não sei se é certo
Encontrei o meu jardim
Em pleno deserto

(Refrão)
Toda vez que tento te falar
Não contenho minha emoção
Eu queria dizer que te amo
Numa canção

Já não posso controlar
Este sentimento
Cada dia aumenta mais
O meu sofrimento

(Repete Refrão)

Teu amor não vai ser meu
Mesmo assim te amo
Não sei como isso aconteceu
Mas eu não reclamo

(Repete Refrão)

Quero gritar o teu nome
Abrir todo meu coração
Quero mostrar como é grande
A minha paixão

Já não sei mais o que faço
Pra chamar a sua atenção
Eu queria dizer que te amo
Numa canção

By Latuff


quarta-feira, 9 de novembro de 2011

OS COTURNOS DO SENHOR REITOR

por Carlos Latuff

Dignas dos tempos do coronel Erasmo Dias, foram as lamentáveis cenas exibidas nos telejornais de ontem, quando 70 estudantes que ocupavam a reitoria da USP foram desalojados por um contingente de 400 policiais, incluíndo tropa de choque e cavalaria, e mais o apoio de um helicóptero. As cenas fortes nos fazem lembrar de operações da PM no interior de presídios, quando os presos, enfileirados e sentados, esperam pela revista nas celas.

Os alunos estavam acampados no prédio da reitoria em protesto pela decisão do reitor João Grandino Rodas em firmar um "convênio" que prevê o aumento da presença de policiais militares no campus do Butantã, afim de reprimir assaltos, estupros e mesmo assassinatos que vem sendo cometidos alí.

Para quem não está familiarizado com as práticas do reitor Rodas, pode-se imaginar que o "convênio" com a PM seja uma medida legítima de alguém realmente preocupado com a segurança dos USPianos. Na verdade, a polícia nunca deixou de estar presente no campus quando crimes foram cometidos. O tal "convênio" parece estar mais relacionado com o fetiche pela repressão que o magnífico reitor vem demonstrando ao longo do tempo, por exemplo, quando autorizou o uso da tropa de choque por pelo menos duas vezes (2007 e 2009) contra militantes de movimentos sociais e estudantes.

Os recentes incidentes começaram depois que PMs prenderam jovens fumando maconha no campus. Em protesto, estudantes ocuparam as dependências da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e, posteriormente, a reitoria. As palavras "maconha" e "maconheiro" foram as pedras de toque de conservadores que utilizam o notório argumento da repressão ao uso de drogas para justificar a militarização de um espaço universitário. Foram termos empregados tanto por moralistas da direita quanto da "esquerda", antes, durante e depois da ocupação, ad nauseam, como uma espécie de cortina de fumaça, desviando a atenção e mesmo impedindo qualquer possibilidade de um debate pertinente.

Some-se a isso o papel da imprensa, notadamente as emissoras de TV e jornais, que não economizaram na adjetivação dos manifestantes, que frequentemente eram chamados de "baderneiros" e "invasores", expressões também utilizadas pela mídia com referência ao Movimento dos Sem-Terra.

Esse apreço pelas forças policiais, no entanto, não coloca o reitor Rodas como defensor da lei. O Ministério Público de São Paulo abriu esse ano investigação para apurar, entre outras coisas, improbidade administrativa e lesão aos cofres públicos cometidas durante a gestão de Rodas que, curiosamente, já foi diretor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco.

Vale lembrar que a PM que Rodas deseja impôr a comunidade universitária, sob o argumento da segurança no campus, é a mesma que dispara balas de borracha e gás lacrimogêneo contra estudantes que lutam pelo passe livre nos ônibus. Sem esquecer também da longa lista de violações de direitos humanos, como o massacre no antigo presidio do Carandiru em 1992 e a matança promovida durante os ataques do PCC em 2006, do envolvimento de policiais em grupos de extermínio, tráfico de drogas e armas, cotidianamente divulgado pela imprensa.

Dado o histórico autoritário do atual reitor da USP, não é dificil perceber que o real interesse de Rodas está longe de ser a segurança no campus e sim a instalação de um aparato de repressão para não só impor as políticas do governador Geraldo Alckmin, como também reprimir movimentos sociais, nesse caso em particular, a organização de estudantes, professores e funcionários da universidade.

Cabe as diversas correntes do movimento estudantil deixar de lado as diferenças no presente momento, e unir forças para defender a autonomia universitária na USP contra o modelo feudal imposto por Rodas. É isso o que realmente está em jogo. Nem mais, nem menos.

Carlos Latuff é cartunista.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Alckmin dá “aula de democracia” na USP

Por Altamiro Borges

Perguntado sobre a truculenta invasão da tropa de choque da PM ao campus da USP, o governador Geraldo Alckmin deu a seguinte resposta à imprensa agora à tarde: “Eu entendo que os estudantes precisam ter aula de democracia... Eles precisam ter aula de respeito à ordem judicial. É lamentável que tenha que chegar ao ponto da polícia ter que ir lá para cumprir uma decisão judicial”.

O tucano não é propriamente um entendido em democracia. Ele se projetou politicamente durante a ditadura militar, inclusive com apoio de notórios golpistas da sua tradicional família. Com o passar do tempo, Alckmin se tornou um simpatizante do Opus Dei, uma seita de direita com origem na ditadura franquista da Espanha. Usou até o Palácio dos Bandeirantes para as pregações do grupo.

Imagens lembram tempos sombrios

No caso da invasão da USP nesta madrugada, no qual foram utilizados mais de 400 soldados, armas pesadas e até helicópteros, também não é aconselhável falar em “aula de democracia”. As imagens lembram o período sombrio do regime militar, lembram a invasão da PUC-SP em 1977, comandada pelo falecido coronel Erasmo Dias, um ex-aliado do atual governador tucano.

Segundo relatos de deputados que acompanharam os 73 estudantes da USP presos hoje, eles foram tratados como “marginais”. Eles ficaram o dia todo trancados em ônibus em frente à 91ª Delegacia de Polícia, na zona oeste da capital. “Estamos num Estado democrático de direito. Não dá para tratar os jovens como se estivéssemos na ditadura”, criticou o deputado Adriano Diogo (PT).

Ação e punições desproporcionais

Para o parlamentar, a ação da tropa de choque e as punições aos estudantes – como a exigência de fiança de um salário mínimo – são desproporcionais. “Parece que o único objetivo do governo estadual é punir. Estão todos trancados dentro de um ônibus o dia todo, sem alimentação adequada. Prenderam até mesmo a mãe de um aluno que estava nervosa com a situação”.

“Houve inabilidade da reitoria ao lidar com os estudantes e a policia está agindo como na época da ditadura militar, procurando os ‘cabeças do movimento’. O reitor da USP deveria ser o primeiro a tentar soltar os garotos e não criminalizá-los. O número de artigos que eles foram incluídos é absurdo”, completa o deputado. Os estudantes podem pegar pena de até três anos prisão.

Excitação dos “indigentes mimados”

Baita “aula de democracia” do governador Geraldo Alckmin. E ele até disputou uma eleição presidencial e ainda não desistiu desta ambição. O Brasil que se cuide. A democracia do tucano é bem truculenta e rancorosa. Não é para menos que agrada tanto alguns histéricos da direita nativa e certos “indigentes mimados” da mídia corporativa - como Gilberto Dimenstein, Josias de Souza e o pitbull da Veja. 
 
Artigo retirado do Blog do Miro

By Latuff


quinta-feira, 3 de novembro de 2011

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O papel genocida da OTAN (quinta parte)


EM 9 de março deste ano, sob o título "A OTAN, a guerra, a mentira e os negócios" eu publiquei uma nova Reflexão, acerca do papel dessa organização bélica.

Escolho os parágrafos fundamentais daquela Reflexão.

"Como alguns de vocês já conhecem, em setembro de 1969, Muamar Kadafi, um militar árabe beduíno, de caráter peculiar e inspirado nas ideias do líder egípcio Gamal Abdel Nasser promoveu, no seio das Forças Armadas, um movimento que derrubou o rei Idris I da Líbia, um país desértico quase na sua totalidade e de população escassa, situado no norte da África, entre a Tunísia e o Egito."
 
"Nascido no seio de uma família da tribo dos beduínos, de pastores nômades do deserto, na região de Trípoli, Kadafi era profundamente anticolonialista."

"... os adversários de Kadafi, inclusive, asseguram que ele se destacou por sua inteligência como estudante. Foi expulso da escola por suas atividades antimonarquistas. Conseguiu entrar em outra escola e depois se formou em Direito, na Universidade de Benghazi, aos 21 anos. Mais tarde, entrou no Colégio Militar de Benghazi, onde criou o que foi chamado de Movimento Secreto Unionista de Oficiais Livres, concluindo depois os estudos em uma academia militar britânica."
 
"Havia iniciado sua vida política com fatos inquestionavelmente revolucionários.
 
"Em março de 1970, após grandes manifestações nacionalistas, conseguiu a evacuação dos soldados britânicos do país e, em junho, os Estados Unidos abandonaram a grande base aérea que possuíam perto de Trípoli, entregando-a a instrutores militares egípcios, país aliado da Líbia.
 
"Em 1970, várias empresas petroleiras ocidentais e sociedades financeiras, com envolvimento de capitais estrangeiros, foram afetadas pela Revolução. No final de 1971, a famosa British Petroleum teve a mesma sorte. No setor agropecuário, todos os bens italianos foram confiscados, os colonos e seus descendentes expulsos da Líbia."
 
"O líder líbio mergulhou então em teorias extremistas, que se opunham, tanto ao comunismo quanto ao capitalismo. Foi uma etapa na qual Kadafi se dedicou à teorização, que não faz sentido incluir nesta análise, embora seja necessário assinalar que, no primeiro artigo da Proclamação Constitucional de 1969, se estabelecia o caráter ‘socialista’ da Jamahiriya Popular Árabe Líbia.
 
"O que eu desejo enfatizar é que os Estados Unidos e seus aliados da OTAN nunca se interessaram pelos direitos humanos.
 
"A grande confusão que se espalhou no Conselho de Segurança, na reunião do Conselho dos Direitos Humanos, com sede em Genebra, e na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, foi puro teatro."
 
"O império pretende agora (...) intervir militarmente na Líbia e golpear a onda revolucionária desatada no mundo árabe."
 
"Promovida a latente rebeldia líbia pelos órgãos de inteligência ianques, ou por erros do próprio Kadafi, é importante que os povos não se deixem enganar, já que a opinião mundial terá, muito em breve, elementos suficientes para saber a que se ater."
 
"A Líbia, da mesma forma que muitos países do Terceiro Mundo, é membro do Movimento dos Países Não-Alinhados, do Grupo dos 77 e outras organizações internacionais, por meio das quais são estabelecidas relações, independentemente do sistema econômico e social de cada Estado.
 
"Sem entrar em pormenores: a Revolução Cubana, inspirada em princípios marxistas-leninistas e martianos, havia triunfado em 1959, a escassas 90 milhas dos Estados Unidos, que nos impuseram a Emenda Platt e eram donos da economia de nosso país.

"Quase de imediato, o império promoveu contra nosso povo a guerra suja, os bandos contrarrevolucionários, o criminoso bloqueio econômico, a invasão mercenária pela Baía dos Porcos, apoiada por um porta-aviões e os fuzileiros navais, prontos para desembarcarem, caso a força mercenária obtivesse determinados objetivos."
 
"Todos os países latino-americanos, à exceção do México, participaram do bloqueio criminoso que ainda hoje perdura, sem que nosso país jamais se rendesse."
 
"Em janeiro de 1986, esgrimindo a ideia de que a Líbia estava por trás do chamado "terrorismo revolucionário", Ronald Reagan ordenou cortar as relações econômicas e comerciais com o país.
 
"Em março de 1986, uma força naval com porta-aviões entrou no Golfo de Sirte, em águas consideradas territoriais da Líbia, desatando ataques que destruíram várias unidades navais que portavam lança-mísseis e sistemas de radares que o país havia adquirido na União Soviética.

"Em 5 de abril, em uma discoteca de Berlim Ocidental, frequentada por soldados dos Estados Unidos, houve uma explosão, produzida por explosivos plásticos. Três pessoas morreram, duas delas militares norte-americanos, e muitas outras ficaram feridas.
 
"Reagan acusou Kadafi e ordenou à Força Aérea que desferisse uma resposta. Três esquadrões descolaram dos porta-aviões da 6ª Frota e de bases do Reino Unido, atacando com mísseis e bombas sete objetivos militares em Trípoli e Bengazi. Cerca de 40 pessoas morreram, 15 delas civis (...) quando um míssil explodiu diretamente na residência (do líder líbio) sua filha Hanna morreu e outros filhos foram feridos.

O ataque recebeu amplo repúdio. A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma resolução de condenação, por violação da Carta da ONU e do Direito Internacional. Em termos enérgicos, da mesma forma, agiram o Movimento dos Países Não-Alinhados, a Liga Árabe e a Organização da Unidade Africana (OUA).
 
"Em 21 de dezembro de 1988, um Boeing 747 da empresa aérea PanAm, que viajava de Londres a Nova York, se desintegrou em pleno voo, por causa da explosão de uma bomba..."
 
"As perícias, segundo os ianques, envolviam e acusavam dois agentes da inteligência líbia."

"Uma tenebrosa lenda foi fabricada contra Kadafi, com a participação de Ronald Reagan e George Bush pai."

"O Conselho de Segurança havia imposto sanções à Líbia, que começaram a ser eliminadas quando Kadafi aceitou submeter a julgamento, em determinadas condições, os dois acusados pelo avião que explodiu sobre a Escócia.

"Delegações líbias começaram a ser convidadas para reuniões intereuropeias. Em julho de 1999, Londres reatou as relações diplomáticas plenas com a Líbia, depois de algumas concessões adicionais."
 
"Em 2 de dezembro, Massimo D’Alema, primeiro-ministro da Itália, fez a primeira visita de um chefe de governo europeu à Líbia.
 
"Desaparecida a União Soviética e o campo socialista na Europa, Kadafi decidiu aceitar as exigências dos Estados Unidos e da OTAN."

"No início de 2002, o Departamento de Estado informou que estavam em curso 
conversações diplomáticas entre os Estados Unidos e a Líbia."

"No início do ano de 2003, por causa do acordo econômico sobre indenizações, assinado entre a Líbia e os países reclamantes, Reino Unido e a França, o Conselho de Segurança da ONU retirou as sanções em vigor, desde 1992, contra o país africano.

"Antes de findar o ano 2003, George W. Bush e Tony Blair informaram sobre um novo acordo com a Líbia, que havia entregado a especialistas de inteligência dos Estados Unidos e do Reino Unido documentos dos programas de armas não convencionais, assim como mísseis balísticos, com um alcance superior a 300 quilômetros. (...) Era o fruto de muitos meses de conversações entre Trípoli e Washington, como revelou o próprio Bush.

"Kadafi cumpriu suas promessas de desarmamento. Em poucos meses, a Líbia entregou as cinco unidades de mísseis Scud-C, com alcance de 800 quilômetros, e as centenas de Scud-B, cujo alcance ultrapassa 300 quilômetros em mísseis defensivos de curto alcance.
 
"A partir de outubro de 2002, foi iniciada a maratona de visitas a Trípoli: Silvio Berlusconi, em outubro de 2002; José María Aznar, em setembro de 2003; Berlusconi de novo, em fevereiro, agosto e outubro de 2004; Tony Blair, em março de 2004; o alemão Schröder, em outubro daquele ano; Jacques Chirac, em novembro de 2004."
 
"Kadafi percorreu triunfalmente a Europa. Foi recebido em Bruxelas, em abril de 2004, pelo presidente da Comissão Europeia, Romano Prodi; em agosto daquele ano, o líder líbio convidou Bush visitar seu país; as empresas Exxon Mobil, Chevron Texaco e Conoco Philips faziam os últimos ajustes do processo de extração de petróleo, por meio de joint ventures.

"Em maio de 2006, os Estados Unidos anunciaram que a Líbia tinha sido retirada da lista de países terroristas e o estabelecimento de relações diplomáticas plenas.
 
"Em 2006 e 2007, França e Estados Unidos assinaram acordos de cooperação nuclear com fins pacíficos; em maio de 2007, Tony Blair voltou a visitar Kadafi em Sirte. A British Petroleum assinou um contrato "muito importante", segundo declarou, para a exploração de jazidas de gás.

"Em dezembro de 2007, Kadafi fez duas visita à França e assinou contratos de equipamentos militares e civis, no valor de 10 bilhões de euros; esteve também na Espanha, onde conversou com o presidente do governo, José Luis Rodríguez Zapatero. Contratos milionários foram assinados com países importantes da OTAN.

"O que aconteceu, agora, que se produziu uma retirada precipitada das embaixadas dos Estados Unidos e demais membros da OTAN?
 
"Tudo resulta muito estranho.

"George W. Bush, o pai da estúpida guerra antiterrorista, declarou, em 20 de setembro de 2001, aos cadetes da academia de West Point, "Nossa segurança vai precisar [...] da força militar que vocês vão dirigir, uma força que deve estar pronta para atacar imediatamente em qualquer escuro recanto do mundo. E nossa segurança vai precisar que estejamos prontos para o ataque preventivo, quando seja necessário defender nossa liberdade...’"

"Devemos descobrir células terroristas em 60 países ou mais [...] Junto a nossos amigos e aliados, devemos nos opor à proliferação e confrontar os regimes que patrocinam o terrorismo, segundo cada caso requerer".

Devo acrescentar, hoje, que o Afeganistão, um país tradicionalmente rebelde, foi invadido; as tribos nacionalistas, outrora aliadas dos Estados Unidos na luta contra a URSS, foram bombardeadas e massacradas. A guerra suja alastrou-se pelo mundo. O Iraque foi invadido com pretextos que resultaram falsos, seus abundantes recursos petroleiros passaram às mãos de empresas ianques, milhões de pessoas perderam o emprego e foram obrigadas a se deslocarem dentro ou para fora do país, seus museus foram saqueados e incontáveis cidadãos morreram ou foram massacrados pelos invasores.

Voltando à Reflexão, assinalei:

"Uma informação da AFP, procedente de Cabul, (...) revela que "O ano passado foi o mais letal para os civis, após nove anos de guerra entre os talibãs e as forças internacionais no Afeganistão, com quase 2.800 mortos, cerca de 15% mais que em 2009, indicou, quarta-feira, um relatório da ONU, que sublinha o custo humano do conflito para a população".

"Sendo exatamente 2.777, o número de civis mortos, em 2010, aumentou em 15%, em relação a 2009, indica o relatório anual conjunto da Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão..."

"O presidente Barack Obama expressou, em 3 de março, seu 'profundo pesar' ao povo afegão pelas nove crianças mortas, sendo seguido também pelo general estadunidense David Petraeus, comandante-chefe da ISAF, e pelo secretário da Defesa, Robert Gates."

"... o relatório da Unama destaca que o número de civis mortos, em 2010, é quatro vezes superior ao dos soldados das forças internacionais, mortos em combate, nesse mesmo ano".

No que se refere à Líbia, assinalei:

"Durante dez dias, em Genebra e nas Nações Unidas, se pronunciaram mais de 150 discursos sobre violações dos direitos humanos, que foram repetidos milhões de vezes pela televisão, rádio, Internet e a imprensa.
 
"O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, em sua intervenção de 1º de março, ante os ministros das Relações Exteriores reunidos em Genebra, afirmou: "A consciência humana repudia a morte de pessoas inocentes em qualquer circunstância e lugar. Cuba compartilha plenamente a preocupação mundial pelas perdas de vidas civis na Líbia e deseja que seu povo alcance uma solução pacífica e soberana à guerra civil que ocorre ali, sem nenhuma ingerência estrangeira, e que garanta a integridade dessa nação".

"Se o direito humano essencial é o direito à vida, o Conselho estará pronto para suspender a filiação daqueles Estados que iniciarem uma guerra?"

"Serão suspensos os Estados que financiam a fornecem ajuda militar, empregada pelo Estado receptor para cometer violações em massa, flagrantes e sistemáticas dos direitos humanos e ataques contra a população civil, como as que ocorrem na Palestina?"

"Será que o Conselho aplicará essa medida contra países poderosos que realizarem execuções extrajudiciais no território de outros Estados, com o emprego de alta tecnologia, como munições inteligentes ou aviões não tripulados?"

"Que acontecerá com os Estados que aceitarem em seus territórios a existência de prisões ilegais secretas, que facilitarem o trânsito de voos secretos com pessoas sequestradas ou participarem de atos de tortura?"

Somos contra a guerra interna na Líbia, a favor da paz imediata e o respeito pleno à vida e aos direitos de todos os cidadãos, sem intervenções estrangeiras, que serviriam somente ao prolongamento do conflito e aos interesses da OTAN."

Ontem, 31 de outubro teve lugar um fato que, como tantos outros, testemunha a falta total de ética na política ianque.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), acabava de adotar uma decisão valente: outorgar ao povo heróico da Palestina o direito de participar como membro ativo da Unesco; 107 Estados votaram a favor, 14 contra, 52 se abstiveram. Todos nós conhecemos perfeitamente por que.

A representante dos Estados Unidos nessa instituição, seguindo as instruções do prêmio Nobel da Paz, declarou logo que, a partir desse instante, seu país suspendia toda ajuda econômica à organização, destinada pela ONU à educação, a ciência e a cultura.

O acento dramático com que a dama anunciou a decisão era totalmente desnecessário. Ninguém ficou surpreendido diante dessa decisão esperada e cínica.

Mas, se fosse pouco, bastaria a informação da AFP, datada em Washington, na tarde de hoje, às 16h05:

"Após a Cúpula do G20 (...) o presidente (Obama) e o presidente Sarkozy participarão de uma cerimônia em Cannes para festejar a aliança entre os Estados Unidos e a França’, indicou a presidência estadunidense, precisando que os líderes ainda terão um encontro com ‘soldados estadunidenses e franceses que participaram juntos na operação’ na Líbia."

Continuará em breve.