sexta-feira, 29 de abril de 2011

Veja o que Ariano Suassuna acha do famigerado Forró de Plástico

Ariano Suassuna

'Tem rapariga aí? Se tem, levante a mão!'. A maioria, as moças, levanta a mão. Diante de uma platéia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, e todas bandas do gênero). As outras são 'gaia', 'cabaré', e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.
Pra uma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá: Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do forró), Mulher roleira (Saia Rodada), Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde do Forró), Banho de língua (Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal), Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas

Porém o culpado desta 'desculhambação' não é culpa exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando-se. Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de 'forró', parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde. Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado. Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo estético. Pior, o glamour, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.

Aqui o que se autodenomina 'forró estilizado' continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem 'rapariga na platéia', alguma coisa está fora de ordem. Quando canta uma canção (canção?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é 'É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!', alguma coisa está muito doente. Sem esqu ecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

O Forró Vivo


Alceu Valença


Vejo com muito bons olhos – olhos atentos de quem há décadas observa os movimentos da cultura em nosso país – a iniciativa do Secretário de Cultura do Estado da Paraíba, Chico César, de “investir conceitualmente nos festejos juninos”, segundo comunicado oficial divulgado esta semana. Além de brilhante cantor e compositor, Chico tem se mostrado um grande amigo da arte também como um dos maiores gestores da cultura desse país.

A maneira mais fácil de dominar um povo – e a mais sórdida também – é despi-lo de sua cultura natural, daquilo que o identifica enquanto um grupamento social homogêneo, com linguagens e referências próprias. Festas como o São João e o carnaval, que no Brasil adquiriram status extraordinariamente significativo, tem sido vilipendiadas com a adesão de pretensos agentes culturais alienígenas mancomunados com políticas públicas mercantilistas sem o menor compromisso com a identidade de nosso povo, de nossas festas, e por que não, de nossas melhores tradições, no sentido mais progressista da palavra.

Sempre digo que precisamos valorizar os conceitos, para que a arte não se dilua em enganosas jogadas de marketing. No que se refere ao papel de uma secretaria ou qualquer órgão público, entendo que seu objetivo primordial seja o de fomentar, preservar e difundir a cultura de seu estado, muito mais do que simplesmente promover eventos de entretenimento fácil com recursos públicos. É preciso compreender esta diferença quando se fala de gestão de cultura em nosso país.

Defendo democraticamente qualquer manifestação artística, mas entendo que o calendário anual seja largo o suficiente para comportar shows de todos os estilos, nacionais ou internacionais. Por isso apóio a iniciativa de Chico em evitar que interesses mercadológicos enfiem pelo gargalo atrações que nada tem a ver com os elementos que fizeram das festas juninas uma das celebrações brasileiras mais reconhecidas em todo o mundo.

Lembro-me que da última vez que encontrei o mestre Luiz Gonzaga, num leito de hospital, este me pedia aos prantos: “não deixe meu forrozinho morrer”. Graças a exemplos como o de Chico César, o velho Lua pode descansar mais tranquilo. O forró de sua linhagem há de permanecer vivo e fortalecido sempre que houver uma fogueira queimando em homenagem a São João.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

"Eu queria estar na festa, pá"


Com a música "E depois do Adeus" de Paulo de Carvalho tocada exatamente às 22h e 55min do dia 25 de abril de 1974 pelos Emissores Associados de Lisboa era dada a senha ao grupo de militares que colocavam em prática um golpe de estado que derrubava a ditadura Salazarista de 39 anos de existência em Portugal.

O grupo havia se reunido pela primeira vez em meados de agosto de 73 tendo aprovado o primeiro documento lançando o Movimento das Forças Armadas em março de 74 propondo uma solução política para as revoltas separatistas nas colônias e não uma solução militar como o regime ditadorial colocava em ação.

Um dia antes do golpe os militares do MFA instalavam o posto de comando golpista no quartel da Pontinha em Lisboa.

Às 0h e 29min com a música "Grândola Vila Morena" era iniciado as operações que confirmava o golpe.

Com o amanhecer as pessoas começaram a encher as ruas em apoio ao militares revoltosos. Um saldo de 4 mortes apenas do lado dos rebelados que pelas ruas andavam carregando na ponta de suas espingardas belos cravos vermelhos.

A revolução dos cravos garantiu em suas primeiras ações o fim da polícia política e da censura além da garantia de existência dos sindicatos livres e legalizou os partidos. Os presos políticos foram libertados e os vários exilados puderam voltar ao seu país em clima de festa e alegria. Assim, o dia 25 de abril ficou marcado em Portugal como o dia da liberdade e comemorado como feriado nacional.

Aos portugueses que acessam este blog a minha homenagem a este momento que era visto daqui do Brasil num clima de bastante tensão por conta da Ditadura fascista que endurecia cada vez mais.

E mais do que justo exponho a belíssima música de Chico Buarque que retrata este sentimento de quem via daqui esta verdadeira festa vivida pelos portugueses há 37 anos.

Minha sincera homenagem e meu profundo desejo de que este povo possa avançar a luta sendo consequente com o dia da liberdade, comemorada no dia de hoje, rompendo com o imperialismo capitalista que afoga Portugal e todo o mundo numa crise interminável.

No mais, é ouvir e se deleitar com "tanto mar" de Chico Buarque.

*Tanto mar
Chico Buarque

Sei que estás em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim

Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor do teu jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar

Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim

*Letra original,vetada pela censura; gravação editada apenas em Portugal, em 1975.

By Lattuf

MONOGAMIA E PROPRIEDADE PRIVADA


Um homem inteligente falando das mulheres

Luiz Fernando Veríssimo

O desrespeito à natureza tem afetado a sobrevivência de vários seres e entre os mais ameaçados está a fêmea da espécie humana.
Tenho apenas um exemplar em casa,que mantenho com muito zelo e dedicação, mas na verdade acredito que é ela quem me mantém. Portanto, por uma questão de auto-sobrevivência, lanço a campanha 'Salvem as Mulheres!'
Tomem aqui os meus poucos conhecimentos em fisiologia da feminilidade a fim de que preservemos os raros e preciosos exemplares que ainda restam:

1. Habitat
Mulher não pode ser mantida em cativeiro. Se for engaiolada, fugirá ou morrerá por dentro. Não há corrente que as prenda e as que se submetem à jaula perdem o seu DNA. Você jamais terá a posse de uma mulher, o que vai prendê-la a você é uma linha frágil que precisa ser reforçada diariamente.

2. Alimentação correta
Ninguém vive de vento. Mulher vive de carinho. Dê-lhe em abundância. É coisa de homem, sim, e se ela não receber de você vai pegar de outro. Beijos matinais e um 'eu te amo’ no café da manhã as mantém viçosas e perfumadas durante todo o dia. Um abraço diário é como a água para as samambaias. Não a deixe desidratar. Pelo menos uma vez por mês é necessário, senão obrigatório, servir um prato especial.

3. Flores
Também fazem parte de seu cardápio – mulher que não recebe flores murcha rapidamente e adquire traços masculinos como rispidez e brutalidade.

4. Respeite a natureza
Você não suporta TPM? Case-se com um homem. Mulheres menstruam, choram por nada, gostam de falar do próprio dia, discutir a relação? Se quiser viver com uma mulher, prepare-se para isso.

5. Não tolha a sua vaidade
É da mulher hidratar as mechas, pintar as unhas, passar batom, gastar o dia inteiro no salão de beleza, colecionar brincos, comprar muitos sapatos, ficar horas escolhendo roupas no shopping. Entenda tudo isso e apoie.

6. Cérebro feminino não é um mito
Por insegurança, a maioria dos homens prefere não acreditar na existência do cérebro feminino. Por isso, procuram aquelas que fingem não possuí-lo (e algumas realmente o aposentaram!). Então, aguente mais essa: mulher sem cérebro não é mulher, mas um mero objeto de decoração. Se você se cansou de colecionar bibelôs, tente se relacionar com uma mulher. Algumas vão lhe mostrar que têm mais massa cinzenta do que você. Não fuja dessas, aprenda com elas e cresça. E não se preocupe, ao contrário do que ocorre com os homens, a inteligência não funciona como repelente para as mulheres.

Não faça sombra sobre ela
Se você quiser ser um grande homem tenha uma mulher ao seu lado, nunca atrás. Assim, quando ela brilhar, você vai pegar um bronzeado. Porém, se ela estiver atrás, você vai levar um pé-na-bunda.

Aceite: mulheres também têm luz própria e não dependem de nós para brilhar. O homem sábio alimenta os potenciais da parceira e os utiliza para motivar os próprios. Ele sabe que, preservando e cultivando a mulher, ele estará salvando a si mesmo.

E meu amigo, se você acha que mulher é caro demais, vire GAY.

Só tem mulher, quem pode!

Um grande abraço,

Envie a todas as mulheres e aos homens que são inteligentes e "têm" uma mulher ou querem "ter".

sábado, 23 de abril de 2011

O encontro



A definição da imagem ficou ruim para se ler com clareza mas aqui vai o diálogo contido nos balões:

Veneziano:

- Governador, quando não passo cebo de bode no meu cabelo ele fica mucho que nem esse arbusto. Por isso não tenho tempo de fazer merda nenhuma por Campina se não pedir dinheiro.

Ricardo diz em seus pensamentos:

- cabelo feio da porra... se eu der 1 milhão de reais pra Campina esse cabeludo desvia do São João pra comprar Laquê...

A imagem foi retirada do Blog do Tião Lucena

Cliente por não conseguir comprar uma garrafa de vinho espanca filho de proprietário do supermercado

O fato aconteceu na sexta-feira santa no Sertão do Estado. O comércio estava fechado, mas o cliente insistia em comprar vinho para ¨celebrar¨

Wellington dos Santos Lima, 40 anos, residente na cidade de Sousa agrediu fisicamente nessa sexta-feira santa (22), o jovem Tarso Pereira Roseno, de 22 anos, que é filho de um proprietário de supermercado no município.

A agressão foi motivada porque Wellington queria comprar vinho para celebrar a “Paixão de Cristo”, mas o mercadinho estava fechado.

De acordo com informações da polícia, Tarso explicou para o cliente que não abriria o estabelecimento, pois se tratava da “Semana Santa” e Wellington reagiu agressivamente e jogou um copo de vidro no rosto do rapaz e passou a espancá-lo.

A polícia foi acionada e levou o acusado para a delegacia.

DIÁRIO DO SERTÃO

quinta-feira, 21 de abril de 2011

terça-feira, 19 de abril de 2011

Chico César responde a polêmica sobre o "forró de plástico"

Chico César esclarece em nota a polêmica acerca da sua declaração de que o Estado não bancaria eventos com bandas de "forró de plástico".

Abaixo segue na íntegra a nota do secretário

“Tem sido destorcida a minha declaração, como secretário de Cultura, de que o Estado não vai contratar nem pagar grupos musicais e artistas cujos estilos nada têm a ver com a herança da tradição musical nordestina, cujo ápice se dá no período junino. Não vai mesmo. Mas nunca nos passou pela cabeça proibir ou sugerir a proibição de quaisquer tendências. Quem quiser tê-los que os pague, apenas isso. O Estado encontra-se falto de recursos e já terá inegáveis dificuldades para pactuar inclusive com aqueles municípios que buscarem o resgate desta tradição.

São muitas as distorções, admitamos. Não faz muito tempo vaiaram Sivuca em festa junina paga com dinheiro público aqui na Paraíba porque ele, já velhinho, tocava sanfona em vez de teclado e não tinha moças seminuas dançando em seu palco. Vaias também recebeu Geraldo Azevedo porque ele cantava Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro em festa junina financiada pelo governo aqui na Paraíba, enquanto o público, esperando a dupla sertaneja, gritava "Zezé cadê você? Eu vim aqui só pra te ver".

Intolerância é excluir da programação do rádio paraibano (concessão pública) durante o ano inteiro, artistas como Parrá, Baixinho do Pandeiro, Cátia de França, Zabé da Loca, Escurinho, Beto Brito, Dejinha de Monteiro, Livardo Alves, Pinto do Acordeon, Mestre Fuba, Vital Farias, Biliu de Campina, Fuba de Taperoá, Sandra Belê e excluí-los de novo na hora em que se deve celebrar a música regional e a cultura popular”.

Chico César está a frente da secretaria de cultura do Estado da Paraíba

domingo, 17 de abril de 2011

Basta de cinismo!

De Agassiz Almeida
Ao ministro da Defesa Nelson Jobim

O que carrega esta mensagem dirigida a V. Excia? Indignação e vergonha.

No mês passado, na ocasião em que visitava a Universidade Complutense de Madri, tomei conhecimento da noticia, com ampla repercussão na Europa, que o Brasil fora condenado pela ONU e a OEA - Organização dos Estados Americanos, como país conivente com crimes de lesa-humanidade praticados durante a Ditadura Militar (1964-1985).
Parece que aqueles ontens de 1987, quando juntos estivemos nos proscênios da Assembleia Nacional Constituinte, chegam aos dias de hoje e nos interrogam: Senhor ministro, qual é o seu papel na cena atual à frente do Ministério da Defesa?

O que assistimos? Um falastrão a desandar num enorme contrassenso.

Enquanto V. Excia procura aparelhar as Forças Armadas com alta tecnologia, queda-se atrelado a uma retrógada e superada mentalidade necrosada nas décadas de 50 e 60 do século passado.

Dispa-se, senhor ministro, da pavonice em se vestir de general em combate e empreenda a verdadeira e autêntica guerra: abra os arquivos da repressão à História para que o povo brasileiro se orgulhe daqueles que resistiram à tirania militar.

Queremos reencontrar os passos das gerações de 60 e 70 do século passado, cuja inquietude e arrebatado fervor as fizeram intimoratas nas porfias.

Oh, gerações de sonhadores! Elas mergulhavam em todos os abismos, tanto nos que arrastavam ao bem como aqueles que levavam ao ignoto.

Oferecemos na nossa juventude a paixão pelas grandes causas e pagamos às forças ditatoriais o tributo de graves adversidades. Na tarde crepuscular de nossas vidas, não nos movem propósitos subalternos e inconfessáveis.

Como retratar Nelson Jobim a quem dirijo esta mensagem?

O constituinte de 1988, com quem convivi como sub-relator na Assembleia Nacional Constituinte, ou o atual ministro da Defesa de 2011? Vulto camaleônico de todas as situações. Altamente inteligente, com um forte poder de persuasão. Sabe joguetear com os homens e os fatos, evitando sempre afrontar interesses de forças poderosas. Um Fouché dos novos tempos.

Que exímio prestidigitador!

Quando apresentei, juntamente com outros constituintes, emenda à Assembleia Nacional Constituinte criando o ministério da Defesa, V. Excia, após ouvir o general Leônidas Pires, negaceou a constituição deste ministério. Quando encaminhei emenda tipificando a tortura como crime de lesa-humanidade, hoje texto constitucional, imprescritível e não passível de anistia ou indulto, qual a sua posição àquela época e hoje? Postura de atrelamento a um grupo de militares, cuja visão petrificou-se nas primeiras décadas do século XX, sob os passos ideológicos da escola militar alemã.

As forças vivas da Nação, as novas gerações, os jovens comandantes militares não podem ser condenados a esta mordaça com a qual se pretende vedar o processo dialético do país.

O que falam os retardatários da história? Que a Comissão Nacional da Verdade, projeto que tramita no Congresso Nacional, é um revanchismo.

Basta de ressuscitar este falso maniqueísmo. O homem do século XXI globalizou a sua visão. Só os animalizados a carregar viseiras quedam-se ultrapassados por sentimentos doentios. Heróis e valentes de suas proezas. Infortunados Sanchos Panças, vivem a procura do primeiro Dom Quixote.

Numa interface, ponhamos os olhares nas gerações de 60 e 70 do século passado.

Juvenis personagens, eles se moviam num quadro utópico de sonhos...

Oh, gerações de arrebatadores ideais!

Contra uma juventude inteligente a ditadura dos porões desencadeou sinistra perseguição e monstruosos crimes.

Onde estava e quem carregava aquele imenso sonho? Estava na ofensiva vietnamita do TED contra as poderosas forças do império norte-americano; estava na rebelião dos negros nos EUA; sonhava na insurgência estudantil no maio francês; estava nas Ligas Camponesas do Nordeste do Brasil; estava, afinal, – e aí ela foi magnânima porque se imolou contra uma feroz ditadura militar - no Araguaia. Oh, juventude! Como construístes com sangue o direito da humanidade caminhar e não ser escrava de tiranos. Que epopeia de heroísmo escrevestes!

Há um quê de martirológico na resistência do Araguaia.

Assombra-me a imperiosa construção de coragem daquele templo de luta erguido em plena selva amazônica.

Desconhecem os tipos abjetos da história que a mocidade tem por fanal o infinito. Há uma truculência atrevida e medíocre que tenta deter o caminhar das gerações. Ela rosna no seu passado oprobrioso e teme os clarões da verdade e da justiça.

Estão aí os sonâmbulos da ditadura militar a berrar em ecos vindos dos porões da tortura: Não! Não! A Comissão da Verdade é um revanchismo!

O mundo está carregado desses vultos. Eles renegam o heroísmo, a virtude e as grandezas: A Sócrates impuseram a cicuta; a Cristo a crucificação no madeiro; a César apunhalaram no Senado; Dante amargou o pó salinoso do desterro; Bonaparte a solidão melancólica em Santa Helena; Carlos Lamarca a execução covarde nos confins da Bahia; Pedro Fazendeiro o seqüestro e desaparecimento do seu corpo; João Pedro Teixeira “cabra marcado para morrer;” à juventude heróica do Araguaia, a tortura e o desaparecimento infame dos seus corpos.

Basta de cinismo! Rompa-se este embuste que engolfa o povo brasileiro. Abram-se os arquivos trevosos da tirania militar, para que não se desate na vida da nação um abismo sobre o qual paire um silêncio eterno.

Despeço-me de V. Excia e, ao mesmo tempo, dirijo-lhe este apelo: Fuja do autorretrato de se fazer um Francisco Campos redivivo, este infeliz jurista subserviente à ditadura Vargas.

Saudações históricas do povo brasileiro.

Agassiz Almeida,
deputado constituinte de 1988. Um dos autores de emendas à Assembleia Nacional Constituinte que criou o Ministério de Defesa e tipificou a tortura como crime imprescritível e não passível de anistia ou indulto. Escritor do grupo Editorial Record. Autor destes clássicos da literatura brasileira: A República das elites e A Ditadura dos generais. Promotor de Justiça aposentado.

sábado, 16 de abril de 2011

Cidadão Boilesen, um personagem da ditadura

De Luiz Zanin

Bastante explosivo o conteúdo de Cidadão Boilesen, de Chaim Litewski, que está no É Tudo Verdade deste ano. Fui vê-lo na sessão de imprensa e recomendo, em especial a quem se interessa pelo período da ditadura militar brasileira.

O filme aborda um tema-tabu do período: a participação de empresários paulistas na repressão aos grupos de esquerda. Henning Albert Boilensen foi uma figura exemplar desse tipo de colaboração. Dinamarquês, imigrou para o Brasil e aqui fez fortuna. Tornou-se presidente do grupo Ultragás, no auge da carreira. Anticomunista ferrenho, organizou e participou ativamente na “caixinha” dos empresários para arrecadar fundos para a Oban – a famigerada Operação Bandeirantes.

Amigo pessoal do delegado Fleury, Boilesen ficou famoso por acompanhar pessoalmente as sessões de tortura. Dizem que sentia imenso prazer em ver presos pendurados no pau de arara, apanhando e tomando choques elétricos. Em 1971, Boilesen foi executado por um grupo de esquerda, por estranha coincidência na mesma Alameda Casa Branca onde havia morrido Carlos Marighella dois anos antes.

O filme traz depoimentos importantes de ex-guerrilheiros, historiadores do período, políticos como Fernando Henrique Cardoso e religiosos como Dom Paulo Evaristo Arns, policiais e até de um dos filhos do empresário. Quem o conheceu, diz que Boilesen era boa gente, afável, alegre e mulherengo. Mas houve também quem tivesse testemunhado seu lado obscuro e este nada tinha de agradável.

Enfim, um personagem-símbolo de um período triste, ainda por ser devidamente esclarecido. Com frequência se fala em golpe militar mas se esquece de que houve participação de setores civis tanto no golpe como na manutenção do regime, inclusive financiando a repressão e o desrespeito aos direitos humanos. O filme fala de duas notáveis exceções, a serem registradas: Antonio Ermírio de Morais e José Mindlin foram dois empresários que se recusaram a contribuir para a “caixinha da tortura”. Engrandeceram suas biografias.

De Cristóvão Tadeu

sexta-feira, 15 de abril de 2011

EU APOIO A TRANSMISSÃO DA NOVELA "AMOR E REVOLUÇÃO" NA EMISSORA SBT!

"A memória histórica do país é patrimônio inalienável do povo brasileiro!"

A novela "Amor e Revolução" vêm rendendo na internet, apesar da audiência ainda estar aquém do esperado na TV. Desta vez, um portal militar resolveu fazer um abaixo-assinado contra a novela de Tiago Santiago, que aborda o período da ditadura militar no Brasil. Os donos do site querem que a trama seja proibida de ir ao ar no SBT.
Será que nunca deixamos a ditadura? Será que esses vinte e seis anos, dito de volta à democracia, foi uma farsa e que sempre os militares ditaram os rumos do nosso país? Será que sempre eles disseram o que deve ser passado na televisão, no Brasil?

O que esses militares estão tentando fazer e o que já fizeram, criando o tal abaixo-assinado, é um ato de censura e que não cabe em um país que se diz democrático. O tempo da ditadura militar já passou e já passou bem tarde e as conseqüências de tal período foram muitos mortos, muitas pessoas com seqüelas terríveis, tanto físicas quanto mentais; e famílias que ainda choram seus parentes desaparecidos e assassinados. Nada disso é uma coisa pequena. Os militares vivem se metendo em assuntos que envolvem a ditadura militar, pois não querem que suas ações no período sejam reveladas e que fiquem impunes para sempre.

Como não pode-se abrir nem ter acesso a muitos documentos da época, façamos o que estiver ao nosso alcance para que os militares não cometam mais esse absurdo de censurar uma novela que está se mostrando imparcial e não está citando nomes de terceiros de nenhum dos lados - apenas fatos -, e ainda apresenta, no final de cada capítulo, depoimentos de ambos os lados. Chega dos militares quererem mandar, dá opinião em tudo que toque a eles! Chega do dedo militar nos programas televisivos, apontando o que deve e o que não deve ser passado na tv brasileira! Portanto assine esse abaixo-assinado para dizer que você apóia a transmissão da novela "AMOR E REVOLUÇÃO" na emissora SBT.

Os signatários

ASSINE O ABAIXO-ASSINADO NESTE LINK: http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=P2011N8794

O massacre de Realengo, depois do minuto de silêncio

Julio Groppa Aquino

Professor da Faculdade de Educação da USP. O presente artigo foi publicado no Jornal Folha de São Paulo

Dizem que se trata de um marco sinistro na história do país. Especialistas se manifestam; políticos se consternam; religiosos pregam; opinião pública se solidariza. E a venda dos jornais aumenta. Sim, a notícia tem destaque no "New York Times".

Mas em poucas semanas só restará uma lembrança tensa no ar, acompanhada de um temor difuso de que aquilo volte a acontecer a qualquer momento, em qualquer lugar.

Dizem que se trata da crônica de uma tragédia sem precedentes, mas há muito anunciada. Quando escola e violência se associam no imaginário social, o resultado é uma explosão coletiva de indignação e protestos contra um alvo impreciso (quem são os culpados?) e dirigida a um destinatário indefinido (quem poderá nos salvar?).

Abandonados à própria ignorância, levantamos as mãos para o além, clamando pelas explicações que, afinal, não convencem ninguém.

Dizem, não sem pressa, que aprendemos a lição dos americanos; que nos rendemos de vez à banalização da violência a la Hollywood; que o espetáculo da vida, emoldurado numa singela manhã escolar, foi trocado pela espetacularização atroz da morte.

E dizem que o tempo vindouro será sombrio; que será preciso suspeitar e se proteger dos concidadãos, principalmente dos jovens e, no limite, das próprias crianças.

Dizem, não sem cinismo, que tudo se resumia, afinal, a uma fórmula infalível: "pobreza mais educação precária é igual a violência". Mais uma razão para estigmatizarmos as escolas públicas como locais inócuos, insalubres e, muito pior, periculosos.

Dizem que os professores, aquelas almas em purgação, terão, de agora em diante, de se acautelarem contra não só seus alunos, mas também aqueles que já o foram.

E todos clamam por mais segurança (eufemismo para aumento do policiamento) não apenas no entorno escolar, mas agora no seu interior. Dizem, dizem, dizem. Dizem ao léu. Não há explicação alguma para o que lá se passou.

terça-feira, 12 de abril de 2011

#PareBeloMonte

Caros amigos,

A OEA, respeitada organização inter-governamental pediu ao Brasil para interromper a construção de Belo Monte – uma hidrelétrica maciça que iria destruir delicados ecossistemas da Amazônia – e a Presidente Dilma tem quatro dias para responder. Com essa pressão internacional sem precedentes, nós temos a chance de finalmente parar Belo Monte.

A Organização dos Estados Americanos respondeu ao apelo direto das comunidades amazônicas afetadas, com um pedido oficial para o governo brasileiro interromper a construção de Belo Monte. A OEA alerta que o Brasil pode estar violando tratados inter-americanos se prosseguir com esta barragem desastrosa.

O prazo final para o Brasil responder a OEA é esta sexta feira. Nós temos apenas alguns dias para dizer à Presidente Dilma, ao Ministério das Relações Exteriores e à Secretaria de Direitos Humanos que nós estamos do lado da OEA e dos povos amazônicos. Envie uma mensagem agora exigindo que o Brasil honre o seu compromisso internacional com os direitos humanos e pare Belo Monte imediatamente.

httphttp://www.blogger.com/img/blank.gif://www.avaaz.org/po/belo_monte/97.php

As comunidades amazônicas foram forçados a recorrer à OEA depois que a Presidente Dilma ignorou seus apelos, colocando grandes interesses financeiros de empreiteiras acima da preservação ambiental. Belo Monte vai custar 30 bilhões de reais e a maioria desse dinheiro vai para grandes empreiteiros que foram os maiores doadores da campanha presidencial da Dilma. Mas se nós investirmos uma fração do que será gasto em Belo Monte em energia renovável, poderemos suprir as demandas do Brasil por energia, apoiando o desenvolvimento sustentável sem comprometer centenas de hectares da floresta mais preciosa do mundo.

Este ano, mais de 600.000 brasileiros pediram para a Presidente Dilma parar Belo Monte. A petição contra Belo Monte foi entregue pessoalmente aos seus principais assessores em Brasília, em uma marcha emocionante de povos indígenas que chamou a atenção da mídia no Brasil e no mundo. Mas mesmo assim, o governo ignorou o nosso chamado.

Agora países de todas as Américas estão se juntando à luta. Vamos agir neste momento crucial e mostrar que os brasileiros apóiam a solicitação da OEA. Envie uma mensagem para Presidente Dilma, Ministério das Relações Exteriores e a Secretaria de Direitos Humanos dizendo que os brasileiros estão junto com a OEA e as comunidades amazônicas para pedir um fim a Belo Monte:

http:/http://www.blogger.com/img/blank.gif/www.avaaz.org/po/belo_monte/97.php

Belo Monte não é o que queremos para o futuro do Brasil. Enquanto nos preparamos para a Rio+20, a maior conferência ambiental do planeta, essa é a chance de o Brasil ser uma liderança mundial como um exemplo de desenvolvimento aliado à sustentabilidade. A declaração da OEA oferece uma nova oportunidade de mudança, trazendo aliados internacionais para a luta contra Belo Monte. Vamos aumentar a pressão sobre o governo, agindo e divulgando esta campanha.

LEIA MAIS:
Comissão da OEA pede que Brasil suspenda construção da represa de Belo Monte
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5ghObml-y57D7oM6HTkI6fbmnNbpg?docId=CNG.b784413f83000616dda24915663acf14.4e1

Sexo mortal: Mulher coloca Veneno na Vagina para matar marido

O homem sentiu um ¨cheiro¨ diferente e não quis saber de experimentar

Uma ocorrência incomum foi registrada no 4º Distrito Policial de Rio Preto, na última semana. Trata-se de “averiguação de tentativa de homicídio”. O inusitado da história é o teor da denúncia: um homem procurou a polícia e contou que após uma briga a mulher passou uma substância tóxica (veneno) da vagina e o convidou para sexo oral.

Esperto, o maridão deu uma cheiradinha no produto antes de saborear o veneno e desconfiou da intenção perversa da mulher. A ocorrência foi registrada pelo delegado Walter Colacino Júnior, que diante da versão inusitada, determinou a apuração dos detalhes do caso antes de adotar qualquer providência.


Fonte:FTA

Mal-agradecida, Folha ataca novela do SBT

Reproduzo artigo de Eduardo Guimarães, publicado no Blog da Cidadania

A Folha de São Paulo ficou enfurecida com o relato real de torturado que a novela Amor e Revolução levou ao ar ao fim do seu capítulo da última quinta-feira. Foi por isso que o jornal pôs, neste domingo, seu colunista-bombril, Fernando de Barros e Silva, para atacar a produção do SBT.

O relato que enfureceu o jornal paulista foi o de Rose Nogueira, que, sorvendo uma doce vingança, citou a Folha da Tarde ao descrever as sevícias que sofreu nas mãos da ditadura. Quem é Rose Nogueira? Ah, ela tem uma história com o Grupo Folha…

Antes de tratar do disparo que a Folha fez no que viu e que errou, porque pegou no que não viu, relembremos quem é Rose. Ela foi presa em São Paulo em 1969 e solta em 1970. Era jornalista da Folha da Tarde – jornal antecessor da Folha de São Paulo, também de propriedade da família Frias – e foi militante da Ação Libertadora Nacional (ALN).

Antes de prosseguir, peço que o leitor assista, abaixo, ao depoimento que Rose deu ao SBT para ser exibido em sua novela. Atente para o fato de que ela põe ênfase no nome da Folha da Tarde, citando-a duas vezes. Em seguida, continuo.

Se o prezado leitor já se recuperou do choque que relato tão duro causa, vejamos por que Rose cita a Folha. E será melhor usar as próprias palavras da depoente para explicar o que tem o seu antigo empregador que ver com o que ela passou na ditadura:

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Ao buscar, agora, nos arquivos da Folha de S. Paulo a minha ficha funcional, descubro que, em 9 de dezembro de 1969, quando estava presa no DEOPS, incomunicável, “abandonei” meu emprego de repórter do jornal. Escrito à mão, no alto: ABANDONO. E uma observação oficial: Dispensada de acordo com o artigo 482 – letra ‘i’ da CLT – abandono de emprego”.

Por que essa data, 9 de dezembro? Ela coincide exatamente com esse período mais negro, já que eles me “esqueceram” por um mês na cela.

Como é que eu poderia abandonar o emprego, mesmo que quisesse? Todos sabiam que eu estava lá, a alguns quarteirões, no prédio vermelho da praça General Osório. Isso era e continua sendo ilegal em relação às leis trabalhistas e a qualquer outra lei, mesmo na ditadura dos decretos secretos. Além do mais, nesse período, caso estivesse trabalhando, eu estaria em licença-maternidade.

Não sabíamos disso. Nem eu nem Cláudio Abramo, que tentou interferir para me reconduzir ao trabalho na saída da prisão, sem sucesso. Imagino que ninguém da empresa, atualmente, deva saber ou se interessar por esse assunto. A culpa não é deles. Não sei se isso mudou a minha história, a minha vida. Estou viva.

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Pois é… Duro, não?

Enfim, mas a questão é que a Folha não gostou. Apesar de, durante as comemorações dos seus 90 anos, o jornal da ditadura ter reconhecido a parte legal de sua atuação pró regime militar, há partes que os Frias não aceitam discutir porque depõem contra a memória do patriarca da família, hoje na terra dos pés juntos.

Vamos, pois, ao ataque do poodle mais feroz do Otavinho à novela do zangado Senor Abravanel, que não gostou nada, nada de a mídia tê-lo exposto no caso do Banco Panamericano com o Fundo Garantidor. E, em seguida, o que penso do que escreveu.

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FOLHA DE SÃO PAULO

10 de abril de 2011

Aposta do SBT não vale como ficção nem como documento

Enredo confunde dados históricos e direção remete a dramalhão mexicano

NA NOVELA COM INTENÇÕES EDIFICANTES, ADULAR A PRESIDENTE PARECE MAIS IMPORTANTE QUE ESCLARECER AS MASSAS

FERNANDO DE BARROS E SILVA
COLUNISTA DA FOLHA

Líder estudantil delicada e idealista, filha de pais comunistas, Maria Paixão (Graziela Schmitt) é a heroína da trama. Seu par romântico é José Guerra (Claudio Lins), jovem major fiel aos ideais democráticos, filho do general Lobo Guerra, da linha dura do Exército. “Maria” e “José”, “Paixão” e “Guerra” -isto é “Amor e Revolução”, novela sobre a luta armada que estreou na terça, no SBT.

Mais do que maniqueísta, tudo é muito primário. O principal vilão, supostamente inspirado na figura de Sérgio Paranhos Fleury, o chefe torturador do Dops (a polícia política da ditadura), se chama Delegado Aranha (Jayme Periard). Seu assistente no porão da tortura é o inspetor Fritz (Enando Tiago).

O assunto é sério, o SBT criou enorme expectativa em torno da novela, mas o resultado é uma piada.

As novelas da Globo, que nos servem de referência, também são ruins. Em “Passione”, para citar um exemplo recente, havia uma mixórdia de gêneros - o pastelão farsesco, a trama policialesca, o drama social, o folhetim romântico - convivendo num mesmo enredo, obviamente desprovido de qualquer unidade dramatúrgica.

Esse Frankenstein estilístico é uma aspiração deliberada da novela global, uma fórmula com que a emissora busca atender às demandas de um público heterogêneo, que ela trata de massificar diante da tela.

“Amor e Revolução” é ruim em outro sentido. O SBT quis fazer um banquete, mas não domina a receita do suflê. Tudo é tecnicamente precário, mas não exatamente “pobre”. Temos uma superprodução “trash” - ou, talvez, uma “supertrash” produção.

A direção de atores nos remete àqueles dramalhões mexicanos. Os diálogos são postiços, ginasianos e involuntariamente cômicos - uma mistura de CPC (os centros culturais do catecismo socialista dos anos 60) com “A Praça É Nossa”.

Eis um exemplo: um casal de guerrilheiros veteranos está num sítio idílico, à beira da cachoeira. Jandira (Lúcia Veríssimo) se vira para Batistelli (Licurgo Spinola) e pergunta: “Você me trouxe aqui para fazer amor ou fazer a revolução?”. E ele: “Os dois. O amor cria tudo, a revolução muda tudo”. Os dois então se amam nas águas, na mesma toada da novela “Pantanal”.

Não é só. Falta a “Amor e Revolução” aquele mínimo de verossimilhança que a ficção com pretensões históricas deveria ter. A novela começa com uma chacina de estudantes que articulavam a guerrilha numa chácara. Os assassinos são Lobo, Aranha e sua turma. Mas tudo isso se passa antes do golpe de 31 de março de 1964.

Não havia, então, guerrilha no Brasil. A tortura contra adversários da ditadura só seria adotada pelo regime de modo sistemático depois do AI-5, em 1968. “Amor e Revolução” mistura tudo no liquidificador. Não presta como obra de ficção nem tem valia como documento histórico.

Restam, além das cenas abundantes de tortura, os depoimentos de personagens reais ao final de cada capítulo, como costuma fazer Manuel Carlos. É bom que o povo que gosta do programa do Ratinho conheça os horrores de que foi capaz a ditadura.

Na novela com intenções edificantes do SBT, porém, adular a atual presidente parece mais importante do que esclarecer as massas.

NA TV

Amor e Revolução

Novela de Tiago Santiago no SBT

QUANDO de seg. a sex., às 22h15

CLASSIFICAÇÃO 14 anos

AVALIAÇÃO ruim

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Há que rir, primeiro, é da “avaliação ruim” ao pé da matéria. Como se fosse possível que um jornal que ajudou a implantar a ditadura, e que foi seu instrumento, pudesse gostar de alguma maneira de uma novela denunciando essa mesma ditadura. Só podia avaliá-la como ruim, ora.

Barros e Silva, que em 1964 nem nascido era, confunde tudo. Acha que a extrema-direita só começou a atacar e torturar comunistas depois do AI-5. Por má fé ou ignorância, confunde a cena inicial da novela, em que um grupo de jovens se reúne em um sítio para sonhar com o socialismo, com a guerrilha de resistência à ditadura.

Dá vontade de rir quando o colunista chama de “maniqueísmo” mostrar o nível de criminalidade que envolvia os autores do golpe de 1964. Queria que o SBT apresentasse uma história em que os bandidos não fossem apresentados como tal, no mínimo.

E a parte da resenha que o totó do Otarinho faz sobre a novela que afirma que esta se destina a adular Dilma Rousseff, isso pertence à Coleção Folha de Fantasias, que tem “Best-Sellers” como Ficha Falsa da Dilma e Menino do MEP. Só esses palhaços acreditam – ou dizem que acreditam – que Dilma favoreceria Silvio Santos (de que maneira?) por conta de uma novela.

Todavia, a Folha atirou no que viu e acertou no que não viu. De fato há uma grave incongruência histórica na novela Amor e Revolução: a imprensa golpista, que teve papel crucial na instalação da ditadura e na tortura e assassinato de presos políticos, sumiu da trama.

Essa Folha… Quanta ingratidão. Deveria agradecer a Silvio Santos por esconder os crimes da imprensa golpista. Em vez disso, ataca o benfeitor com críticas que presumem que o leitor é tão idiota quanto o seu improvisado crítico-pistoleiro de plantão.

A emoção foi grande!

Depois de quatro horas de casada jovem morre em lua de mel no Vale do Piancó;

A jovem Eliane faleceu nesse final de semana, quatro horas após seu casamento, no Hotel do Vale, que fica localizado no centro da cidade de Conceição, onde estava com o esposo, Luiz Carlos. Na Igreja Matriz conceiçoense foi celebrada a missa de corpo presente da jovem, mesma igreja que havia se casado, um dia antes do seu falecimento. “Em menos de 24 horas foram duas realidades distintas: em um dia, ela entrou viva e feliz na igreja para o casamento e, no outro, foi trazida à igreja para a última bênção antes do sepultamento”, lamentou o padre José Alves, que celebrou as missas.

Um momento de alegria para as famílias e amigos dos recém-casados deu lugar a uma tragédia inesperada. Depois do casamento, marido e mulher foram passar a noite no hotel, hospedagem patrocinada por um empresário amigo do casal, e o que era para ser um instante de comemoração foi transformada em tragédia.

Conforme o delegado Joáis Marques, que ouviu o marido da vítima, Luiz Carlos, o casal encontrava-se normalmente dentro do quarto, quando a moça começou a sangrar expressivamente, o que foi seguido por um desmaio. Desesperado, o marido correu para a recepção do hotel e pediu socorro. Por falta de ambulância, a Polícia Militar foi acionada para levar a jovem ao hospital, mas quando os policiais chegaram ao quarto do hotel constataram que a mulher já estava morta.

O corpo foi levado para o hospital de Conceição, onde a médica plantonista constatou que se tratava de uma morte natural, mas não soube especificar a causa. “A médica me informou que suspeita que ela pode ter morrido por causa de um aneurisma ou problema cardíaco, e explicou que o sangue era proveniente da menstruação”, disse o delegado.

Marques disse também que o esposo da vítima trabalha em Goiânia e chegou na última quinta-feira (07), a cidade de Conceição e depois do casamento retornaria com a mulher para Goiás, mas os seus planos foram frustrados pela morte súbita de Eliane, que era do sítio Simão, município conceiçoense. Viúvo quatro horas depois do casamento, Luiz Carlos ficou transtornado e teve que ser levado ao hospital.

DIÁRIO DO SERTÃO com o Folha do Vale

domingo, 10 de abril de 2011

Stálin - o mito e a realidade

Hoje quase todo mundo que se auto-denomina Marxista-Leninista reconhece que, em seus últimos anos, o Partido Comunista da URSS estava dominado pelos revisionistas – isso é, por pessoas que se proclamavam marxista-leninistas mas que tinham na realidade distorcido o Marxismo-Leninismo para servir aos interesses de uma embrionária classe capitalista.

Mas há uma questão, no entanto, em que ainda há divergências: quando começou a dominação dos revisionistas sobre o PCUS?

Atualmente a maioria das pessoas apontam a data do 20º Congresso do PCUS, em 1956, quando Kruschev retirou a sua máscara de Marxista-Leninista.

Entretanto, há boas razões para acreditar que já muitos anos antes da morte de Stálin, em 1953, a maioria da liderança soviética era de revisionistas latentes ou camuflados.

Por que, por exemplo, Stálin, que desempenhou um papel ativo no movimento comunista internacional na década de 1920, cessou de fazê-lo depois de 1926?

Por que a publicação das obras de Stálin, programadas para 16 volumes, parou no volume 13 em 1949, quatro anos antes de sua morte?

Por que não foi pedido a Stálin que entregasse o relatório do Comitê Central no 19º Congresso em 1952?

Por que os últimos escritos de Stálin foram confinados a assuntos como linguística e à crítica de um livro de economia – assuntos que poderiam ser considerados inofensivos para revisionistas camuflados caso Stálin não os tivesse transformado em ataques às idéias revisionistas?

Por que o governo soviético surpeendeu a opinião pública mundial em 1947 ao de repente reverter sua política internacional para endossar a proposta estadunidense pela partição da Palestina que provou ser tão desastrosa para as nações do Oriente Médio?

Tudo isso faz sentido se – e eu acredito que somente se – aceitarmos o fato de que por alguns anos antes de sua morte, Stálin e seus companheiros Marxista-Leninistas eram uma minoria na liderança da União Soviética.

A existência de uma maioria revisionista na liderança do PCUS foi efetivamente camuflada por um “culto à personalidade” que foi construído ao redor de Stálin.

O próprio Stálin criticou e ridicularizou este “culto” em inúmeras ocasiões. E mesmo assim ele continou.

Disso se segue que Stálin era ou um ultra-hipócrita ou que ele era incapaz de dar um basta neste “culto”.

Quem começou este “culto à personalidade” ao redor de Stálin foi, de fato, Karl Radek, que se confessou culpado por traição em seu julgamento público em 1937.

Um exemplo típico deste “culto” é a seguinte citação de 1936:

“Miseráveis pigmeus! Eles levantaram suas mãos contra o maior de todos os homens, nosso sábio líder, camarada Stálin. Nós lhe garantimos, camarada Stálin, que iremos reforçar nossa vigilância stalinista ainda mais e cerraremos nossas fileiras ao redor do Comitê Central Stalinista e do grande Stálin.”


O autor dessas palavras era um tal Nikita Kruschev, que em 1956 denunciou o “culto” como uma indicação da “vaidade” e do “poder pessoal” de Stálin.
Foi Kruschev também que introduziu o termo “vozhd” para Stálin – um termo significando “líder” e equivalente do termo nazista Führer.

Por que os revisionistas construíram este “culto à personalidade” ao redor de Stálin?

Foi, na minha opinião, porque isso disfarçava o fato de que não era Stálin e os Marxista-Leninistas, mas eles – oponentes camuflados do socialismo – que tinham uma maioria na liderança. Isso os possibilitou tomar atitudes – como a prisão de várias pessoas inocentes entre 1934 e 1938 (quando eles controlavam as forças de segurança) e subsequentemente jogar sobre Stálin a culpa das “distorções da legalidade socialista”.

O próprio Stálin em um registro diz ao autor alemão Lion Feuchtwanger em 1936 que o “culto à sua personalidade” estava sendo construído por seus oponentes políticos:

“... com o objetivo de me desacreditar em uma data posterior.”

Claramente, a “suspeita paranóica” de Stálin em relação a alguns de seus colegas, da qual Kruschev reclamou tão amargamente em seu pronunciamento secreto no 20º Congresso, não era nada paranóica na verdade!

Em um ponto tanto Stálin quanto os revisionistas estão de acordo – que na época de Stálin alguns erros judiciais ocorreram nos quais pessoas inocentes foram judicialmente assassinadas.

Os revisionistas, é claro, sustentam que Stálin foi responsável por esses erros judiciais.

Mas há uma contradição aqui.

O próprio Kruschev disse em seu pronunciamento secreto de 1956:

“A questão aqui é complicada pelo fato de que tudo isso foi feito por Stálin estar convencido de que isso era necessário para a defesa dos interesses da classe trabalhadora contra a conspiração de inimigos. Ele via isso do ponto de vista dos interesses da classe trabalhadora, do interesse da vitória do socialismo.”


Mas apenas uma pessoa completamente insana poderia imaginar que a prisão de pessoas inocentes poderia servir à causa do socialismo. E todas as evidências mostram que Stálin manteve suas faculdades mentais até a sua morte.

Entretanto, a contradição se resolve se estes assassinatos judiciais tiverem sido perpetrados não sob o comando de Stálin, mas sob as ordens dos revisionistas oponentes do socialismo.

Em seu julgamento público em 1938, o antigo Comissário do Povo para Assuntos Internos, Genrikh Yagoda, se confessou culpado por ter arranjado o assassinato de seu predecessor, Vyacheslav Menzhinsky, para assegurar sua própria promoção para um posto que lhe daria controle sobre os serviços de segurança soviética. Ele então, de acordo com sua própria confissão, se utilizou dessa posição para proteger terroristas responsáveis pelo assassinato de proeminentes Marxista-Leninistas próximos a Stálin – incluindo o Secretário do Partido de Leningrado, Sergei Kirov, e o famoso escritor Maksim Gorky.

E para que os serviços de segurança não dessem a impressão de estarem ociosos, Yagoda providenciou a prisão de várias pessoas que não era conspiradoras, mas que tinham apenas sido “indiscretas”.

Depois da prisão de Yagoda, os conspiradores tiveram sucesso ao lhe suceder com um outro conspirador, Nikolai Yezhov, que continou e intensificou este processo.

Foi por causa da suspeita de Stálin e dos Marxista-Leninistas de que os serviços de segurança estavam agindo erroneamente – estavam protegendo os culpados e punindo os inocentes – que eles começaram a usar o secretariado pessoal de Stálin, chefiado por Aleksandr Poskrebyshev, como sua agência particular de detetives.

E foi sobre a base da evidência descoberta pelo seu secretariado e enviada diretamente ao Partido que os revisionistas camuflados, para manter seu disfarce, foram obrigados a apoiar a prisão de genuínos conspiradores, incluindo Yagoda e Yezhov.

E foi por iniciativa pessoal de Stálin que em 1938, seu amigo, o Marxista-Leninista Lavrenty Beria, foi trazido para Moscou desde o Cáucaso para tomar conta dos serviços de segurança.

Sob Beria, prisioneiros políticos que haviam sido presos por Yagoda e Yezhov tiveram seus casos revistos e, conforme os correspondentes da imprensa ocidental relataram naquela época, milhares de pessoas injustamente sentenciadas foram soltas e reabilitadas.

Os Marxista-Leninistas da Inglaterra, em particular, não deveriam ter nenhuma dificuldade em visualizar o quadro de uma minoria Marxista-Leninista no PCUS.

Quantos membros do Partido Comunista da Grã-Bretanha fizeram oposição ao revisionista “Caminho Britânico para o Socialismo”, que pregava o absurdo do “caminho parlamentar para o socialismo” quando estava sendo adotado em 1951? Eu sei de apenas quatro.

A questão surge, então:

Se os revisionistas tinham uma maioria na liderança do PCUS a partir de 1930, por que eles não fizeram nada para desmantelar o socialismo até 1956, depois da morte de Stálin?

A resposta é que eles tentaram mas não conseguiram.

No início dos anos 1940, os economistas Eugen Varga e Nikolai Voznsensky publicaram livros expondo abertamente programas revisionistas, mas ambos foram rapidamente refutados pelos Marxista-Leninistas.

Claro, é importante não exagerar a extensão desses erros judiciais.
Nos anos 1960, a propaganda anti-soviética originalmente publicada na Alemanha Nazista foi republicada por um ex-agente secreto britânico chamado Robert Conquest sob o respeitável disfarce da Universidade de Harvard. No seu livro “O grande terror”, de 1969, Conquest aponta o número de “vítimas de Stálin” entre “5 e 6 milhões”.

Mas nos anos 1980 Conquest alegava que em 1939 havia um total entre 25 e 30 milhões de prisioneiros na União Soviética, e que em 1950 havia 12 milhões de prisioneiros políticos.

Mas quando, sob Gorbachev, os arquivos do Comitê Central do PCUS foram abertos aos pesquisadores, descobriu-se que o número de prisioneiros políticos em 1939 havia sido de 454.000, e não os milhões que pretendia Conquest.

Se adicionarmos a estes os presos por crimes não políticos, chegamos à soma de 2,5 milhões, ou seja, 2,4% da população adulta.

Em contraste, havia nos Estados Unidos em 1996, de acordo com os números oficiais, 5,5 milhões de pessoas na prisão, o que corresponde a 2,8% da população adulta.

Ou seja, o número de prisioneiros nos EUA nesta data estava 3 milhões acima do maior número que já houve na União Soviética.

Em janeiro de 1953, menos que dois meses antes da morte de Stálin, nove médicos trabalhando no Kremlin foram presos acusados de assassinar certos líderes soviéticos – incluindo Andrei Zhdanov em 1948, aplicando-lhes deliberadamente tratamento médico incorreto.

As acusações surgiram a partir de investigações baseadas nas alegações de uma médica, Lydia Timashuk. Os médicos suspeitos foram formalmente acusados por conspiração por assassinato juntamente com a organização americana zionista “JOINT”.

Correspondentes da imprensa ocidental em Moscou insistiam que alguns dos mais proeminentes líderes soviéticos estavam sob investigação em conexão com o caso.

Mas antes que o caso viesse a julgamento, Stálin convenientemente morreu.

O albanês Marxista-Leninista Enver Hoxha, um incansável oponente do revisionismo e não dado a fofocas infundadas, insiste que os líderes revisionistas soviéticos admitiram – ou melhor, que se vangloriaram – de que o haviam matado. E sabemos que o próprio filho de Stálin foi preso por ter declarado que seu pai havia sido morto como parte de um complô.

Seja como for, os doutores que haviam sido presos foram imediatamente soltos e oficialmente “reabilitados”.

Então Lavrenti Beria – um caçador de revisionistas que ficava atrás apenas de Stálin – foi preso em um golpe militar, julgado em segredo e executado.

O caminho foi aberto aos conspiradores revisionistas para tirarem suas máscaras, expulsar os remanescentes Marxista-Leninistas das posições de direção do Partido e dar os primeiros passos rumo à restauração do capitalismo.


CONCLUSÃO

Este é o retrato de Stálin que surge de um exame objetivo dos fatos.
É o retrato de um grande Marxista-Leninista que lutou toda a sua vida pela causa do socialismo e pela classe trabalhadora.

É o retrato de um grande Marxista-Leninista que, apesar de cercado por traidores revisionistas, conseguiu evitar durante toda sua vida que essa maioria revisionista traísse a classe trabalhadora que ele amava e que restaurasse o sistema capitalista que ele odiava.

Nós que tomamos como tarefa a reconstrução do movimento comunista internacional devemos ver a defesa de Stálin como parte da defesa do Marxismo-Leninismo.

Não pode haver honra maior a qualquer um que aspira ser um Marxista-Leninista do que ser chamado de Stalinista.



Este esboço seria originalmente apresentado por Bill Bland na conferência “Luta Internacional: Marxista-Leninista” em outubro de 1999, em Paris.

Esta fala nunca foi pronunciada, pois o camarada Bland não pôde comparecer. Ela é no entanto oferecida como a essência de várias décadas de pensamento e de sólidas, concretas e factuais pesquisas marxista-leninistas. Esta fala se originou de uma outra que o camarada Bland proferiu à juventude da Liga Comunista em 1975 em um curso de férias. Ela foi amplamente distribuída e influenciou profundamente o movimento marxista-leninista.

Tradução de Glauber Ataide

Charges na rua

De salto alto contra a violência às mulheres


Homens marcham no Alaska usando salto alto em protesto a violência sexual contra as mulheres.

Piada que manipula

A TV paraibana nunca foi tão ridicularizada. As mortes transmitidas das 12 às 13h, que já eram prato principal dos almoços de muitos paraibanos "vidrados" no correio verdade agora estão do jeito que o jornalismo imprudente sempre sonhou: as pessoas riem da desgraça alheia e a bandidagem ainda vira melô, hit musical...
Pois é, as novas celebridades do jornalismo local não são reconhecidos por seu trabalho sério e competente em informar...não são visto pelo Brasil como repórteres que elevam a Paraíba...são reconhecidos em toda a parte, mas, como o próprio Portal Correio anunciou em 2010, " Agora, toda a Paraíba vai ver e conhecer a força, a alegria e a irreverência de Samuca Duarte e Emerson Machado." É mesmo uma pena que estivessem falando de um programa policial...

Sucesso no you tube, orkut e afins, a "dança do mofi" é unanimidade: agrada tanto aos cidadãos de bens quanto aos bandidos. As crianças, incentivadas até mesmo pelos pais, colocam a camisa na cabeça e com os braços para trás dançam e aumentam a popularidade do jornalismo que todas as tardes ri da falta de consciência de uma população que já acostumada com a impunidade, resolveu aceitar que ela virasse piada.Tratados como "amigos" (já que são a audiencia), os criminosos até gostam das brincadeiras, afinal de contas, nem é assim tão grave o que eles fazem...

Para mim, parecia que já tinham usado e abusado de todas as armas do sensacionalismo, mas mostraram que não: no dia 31 de março o telejornal foi transmitido em pleno Mercado Público de Mangabeira, e é claro, com direito a palco e plateia. A cada notícia de mais uma entrada no Hospital de Emergência e Trauma ou de uma briga em bar que acabava em morte, uma música era tocada pela banda que estava participando do Caravana da Verdade. Lágrimas, perdas e outras tristezas que merecem respeito (seja por quem for), viraram show. Um show desejado e aclamado por muitos telespectadores. Ah, a ideia contraditória e doentia da contratação da banda foi anunciada no prórpio Portal Correio, com as seguintes palavras:" A Banda Identidade Baiana realizará um show para animar ainda mais o evento, das 11h às 14h."

Samuka Duarte, Emerson Machado ( Mô- fi), Marcos Antonio (O Àguia), Josenildo Gonçalves (O Cancão da Madrugada) e toda a equipe de edição do Correio Verdade conseguem, dia após dia, tornar animadas as refeições de paraibanos que não se importam em almoçar frente às cenas de corpos perfurados e poças de sangue humano. Creio que não conseguem, com a mesma eficácia, tornar menos dolorosa a sina de uma mãe que sente a dor de ter um filho que agora é presidiário, de parentes de uma criança que morreu acidentalmente ou de um pai, que vê seu filho destruído pelas drogas, morto e servindo de audiência para um programa de humor chamado Correio Verdade.

Não sou jornalista. Sou nutricionista, mas antes disso, cidadã. Incomodada com o desprezo explícito à vida humana senti a obrigação de pedir a todos os meus contatos que repensem seus valores de respeito e dignidade à vida sempre que pensem em assistir esse e outros programas que indiquem sinais tão fortes de insulto a nós, telespectadores. Insulto a nossa capacidade e direito de exigir jornalismo de qualidade em palavras e atitudes.
Se concorda, repasse o email. Quanto mais as pessoas se conscientizarem dos "pequenos" males que nos envolvem com graça e alguns risos com gosto de sangue, mais chance teremos de exercer e usufruir daquilo que chamamos de cidadania. Merecemos mais respeito.

Texto de:
Elaine Oliveira
Nutricionista e Personal Diet

sábado, 9 de abril de 2011

terça-feira, 5 de abril de 2011

CORRENTE

Tenho andado
Sentindo-me refugiado
Amedrontado
Com ânsia de ter errado...

Minh’alma está assustada
Encontro-me cercada
Acorrentada
Prestes a ser ancorada...


Sou o navegante

E eu a acompanhante


Confinados nesse horizonte
Do temido constante
Inferno de Dante.



Rafaela Ismael'
@RafaelaIsmael
confiram no http://similarnaoigual.blogspot.com/

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Dos 15 representantes da Paraíba na Câmara dos Deputados e no Senado, 14 têm parentes políticos

Pai senador, filho deputado. Mãe deputada, filho senador. Essas são algumas das curiosidades da bancada paraibana

Mais que um bom nome, é preciso ter um bom sobrenome para chegar ao Congresso pela Paraíba. Dos 12 parlamentares que representam o estado na Câmara, apenas um – o deputado Luiz Couto (PT-PB) – não tem parente na política. No Senado, os três representantes paraibanos também têm familiares na vida pública. São filhos, pais, netos, sobrinhos, tios, primos e cônjuges de ex-governadores, prefeitos, vereadores, deputados e senadores.

Uma tradição que vem desde os tempos da chamada República Velha (1889-1930) e se reproduz na figura dos dois mais jovens deputados da atual legislatura, os paraibanos Hugo Motta (PMDB) e Wilson Filho (PMDB), ambos de 21 anos e filhos de políticos.

É por isso que a bancada da Paraíba foi escolhida pelo Congresso em Foco para abrir uma série que investigará como e por que a política no Brasil vem se tornando uma atividade familiar. Ao longo desta semana, você verá outros exemplos da força das oligarquias políticas brasileiros, e como o parentesco entre os políticos cresceu no Congresso como resultado das eleições do ano passado.

Para analistas políticos ouvidos pelo Congresso em Foco, a concentração de poder nas mãos de um grupo restrito de famílias é resquício do coronelismo e do poderio das oligarquias que se revezaram no comando do estado no século passado. Uma prática que, segundo eles, está longe de acabar (leia mais).

Parlamentares que conseguiram o mandato no embalo de parentes políticos reconhecem que o sobrenome foi importante para a primeira eleição, mas minimizam a importância do parentesco na continuidade da vida pública. Eles argumentam que sobrevivem na política porque têm projetos próprios (leia mais).

O revezamento de famílias no comando da política está longe de ser uma exclusividade da Paraíba, como mostrará a série de reportagens que o Congresso em Foco começa a publicar hoje sobre as relações de parentesco dos parlamentares brasileiros. Num país em que o interesse pela política é limitado, a atividade tem a imagem desgastada por sucessivos escândalos e as campanhas eleitorais estão cada vez mais caras, o berço político acaba abrindo muitas portas.

De pai para filho

Nascido um ano após a promulgação da Constituição de 1988, Wilson Filho chegou ao Congresso pelas mãos do pai, o senador Wilson Santiago (PMDB-PB), ex-líder do PMDB na Câmara. Ele é apenas um mês mais velho que Hugo Motta, o mais jovem congressista brasileiro. Hugo é filho do atual prefeito de Patos (PB), Nabor Wanderley Filho, e neto do ex-prefeito da cidade Nabor Wanderley. Pelo lado materno, é neto do ex-deputado Edvaldo Motta, já falecido, e da deputada estadual Francisca Motta (PMDB).

Assim como Wilson Filho, que tem a companhia do pai, quem também não pode se queixar de solidão no Congresso é o senador Vital do Rego Filho (PMDB-PB). Herdeiro do ex-deputado Vital do Rego (PMDB-PB), que morreu no ano passado, o senador é filho da deputada Nilda Gondim (PMDB-PB). O pai de Nilda, Pedro Gondim, governou a Paraíba duas vezes. O poderio da família se estende pela segunda cidade mais populosa do estado, Campina Grande, administrada atualmente por Veneziano Vital do Rego (PMDB), filho da deputada e irmão do senador.

Cunha Lima x Maranhão

Principais adversários na política paraibana na atualidade, as famílias Cunha Lima e Maranhão também têm representantes no Congresso. De volta à Câmara, após quatro anos sem mandato, o deputado Benjamin Maranhão (PMDB-PB) é sobrinho do ex-senador José Maranhão (PMDB-PB), último governador da Paraíba. O também deputado Romero Rodrigues (PSDB-PB) é primo do antecessor de Maranhão no governo da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).

Candidato mais votado no estado para o Senado em 2010, Cássio Cunha Lima foi barrado pela Lei da Ficha, cuja validade foi adiada para 2012 pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-governador se prepara para assumir a vaga do senador Wilson Santiago, terceiro colocado na disputa. A candidatura do tucano havia sido indeferida porque ele foi cassado por abuso de poder político e econômico e uso indevido dos meios de comunicação para tentar influir na eleição de 2006.

No Senado, Cássio vai ocupar uma cadeira que já foi do pai, Ronaldo Cunha Lima (PSDB-PB), e também do tio Ivandro Cunha Lima. Ronaldo Cunha Lima renunciou ao mandato de deputado federal em 2007 para escapar do julgamento do processo a que respondia por tentativa de homicídio, por ter atirado no ex-governador Tarcísio Burity em novembro de 1993.

Cássio terá como companheiro de bancada partidária e estadual o senador Cícero Lucena (PSDB-PB). No meio do mandato no Senado, o ex-prefeito de João Pessoa é casado com a ex-vice-governadora Lauremília Lucena. Ele é tio do deputado estadual Fabiano Lucena, de 31 anos, e primo do ex-presidente do Senado Humberto Lucena. Fabiano é colega na Assembleia Legislativa de Caio Roberto, filho do deputado Wellington Roberto (PR-PB).

Em nome da família

A bancada paraibana na Câmara também traz representante de quem não conseguiu se reeleger no Senado. Em seu segundo mandato na Câmara, o deputado Efraim Filho (DEM-PB) dá continuidade ao trabalho iniciado pelo pai, o ex-senador Efraim Morais (DEM-PB). Atual secretário estadual de Infraestrutura, Efraim ficou na quarta colocação na corrida ao Senado em outubro.

Efraim Filho tem outros parentes na política: é sobrinho do ex-secretário estadual de Saúde Joácio Morais, primo do prefeito de Santa Luzia (PB), Ademir Morais, e do vice-prefeito de São Mamede (PB), Neto Morais. O deputado é neto, por parte de mãe, do ex-deputado estadual João Feitosa e, por parte de pai, do ex-deputado estadual Inácio Bento de Morais.

Outro parente de ex-senador é o novato Ruy Carneiro (PSDB-PB). O deputado é sobrinho-neto do ex-senador Ruy Carneiro, que permaneceu no Senado por 28 anos e governou a Paraíba entre 1940 e 1945, e do ex-deputado Janduhy Carneiro.

Também estreante no Congresso, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) ocupa hoje uma cadeira que já foi preenchida pelo pai, o ex-deputado Enivaldo Ribeiro. Aguinaldo também é filho da prefeita de Pilar (PB), Virgínia Velloso, e irmão da deputada estadual Daniela Ribeiro.

O deputado Manoel Junior (PMDB-PB) é o primeiro da família a alcançar uma vaga na Câmara. Manoel é sobrinho do ex-prefeito de Itambé (PE) Renato Ribeiro da Costa e da prefeita de Pedras de Fogo (PB), Maria Clarice Ribeiro Borba. Outro que ocupa um posto inédito para sua família é Damião Feliciano (PDT-PB).

O pedetista tem como herdeiro político o filho Renato Feliciano, que foi vereador em Campina Grande. Renato é o atual secretário estadual de Turismo e Desenvolvimento Econômico da Paraíba. A mulher do deputado, Lígia Feliciano, tentou entrar para a política duas vezes. Foi candidata a senadora em 1998 e a vice-prefeita de Campina Grande na chapa encabeçada por Rômulo Gouveia (PSDB), atual vice-governador, em 2008. Nas duas vezes, porém, ela não conseguiu se eleger.

RETIRADO DO POLITICAPB

domingo, 3 de abril de 2011

"João Pedro Teixeira morreu, mas o seu sonho ficou" (Agassis de Almeida)


“No dia 2 de abril de 1962 um tiro ecoou nos canaviais e um homem caiu morto. João Pedro Teixeira morreu, mas o seu sonho ficou e se perpetuou pela história, não somente da Paraíba, mas de todo o País”. “O latifúndio venenoso e cruel arrancou vidas, mas não matou o sonho e a coragem dos homens que lutaram e continuam lutando por justiça social”. (Agassis de Almeida*)

Há 49 anos João Pedro Teixeira era assassinado covardemente numa emboscada quando se encaminhava para sua casa. Carregava em suas mãos alguns cadernos, o único armamento que possuía, que entregaria aos seus filhos.

Como forma de homenageá-lo disponibilizo o discurso feito pelo tribuno Raimundo Ásfora no dia 3 de abril de 1962 na ocasião de comício público realizado no Ponto de Cem Réis em João Pessoa no dia seguinte a sua morte.

"Um tiro franziu o azul da tarde e ensangüentou o peito de um camponês. Foi assim que João Pedro morreu. Eu o vi morto no hospital de Sapé. Peguei na alça do seu caixão e, ao lado de outros companheiros e milhares de camponeses, levei-o ao cemitério. Estava com os olhos abertos. A morte não conseguiu fechar os olhos de João Pedro. Brilhavam numa expressão misteriosa e estranha, como se tivessem sido tocados por um clarão de eternidade. Os seus olhos, os olhos de João Pedro, estavam escancarados para a tarde. E, dentro deles, eu vi – juro que eu vi – havia uma réstia verde que bem poderia ser saudade dos campos ou o fogo da esperança que não se apagara. Tinha sido avisado de que o perseguiam. Assistira, certa vez, ao lado da esposa, a uma ronda sinistra em torno do seu lar. Talvez soubesse tudo, mas aprendera, na poesia revolucionária do mundo, que é melhor morrer sabendo do que viver enganado.

Por que mataram João Pedro? Por que o trucidaram? E de emboscada? Mataram João Pedro porque ele havia sonhado com um mundo melhor para si e para os seus irmãos. Idealista puro, ele não compreendia nunca, na sua inteligência ágil e no seu raciocínio acertado, como todas as terras da Várzea do Paraíba pertenciam apenas a proprietários que poderia ser contados nos dedos de uma mão. E tantos homens sem terra e tantos homens aflitos e tantos homens com fome! Sonhara com a reforma agrária. Mas, não pensava na revisão dos estatutos das glebas empunhando uma foice ou um bacamarte, na atitude dos desesperados. Apelava, apenas, para a organização da opinião campesina, da opinião dos campos, porque organizada a opinião do povo, tudo mais ficaria organizado.

Nunca me deparei, paraibanos, com uma população rural tão penetrada e compenetrada de consciência de classe, do valor da disciplina e da coesão como os lavadores de Sapé. Foi João Pedro quem os convenceu, mobilizando-os, ardentemente, em cada feira e em cada roçado. Argumentando sempre, com uma fé inquebrantável, sobre a necessidade da formação do seu sindicato. De um sindicato igual aos vossos, trabalhadores de João Pessoa, respeitado pelos patrões, protegido e protetor. Por que os latifundiários não querem respeitar as ligas camponesas? Por quê? Não se organizam eles nas cidades? Nas associações comerciais, nas federações das indústrias, não freqüentam eles o Clube Cabo Branco, o Clube Astréa, os clubes do Recife e do Rio? Por que os camponeses não têm direito de ter a sua Liga?

O campo se priva de tudo para nos promover de tudo. Sem a enxada, que fecunda o ventre da terra, para a gravidez da semeadura e o parto da colheita, nada chegará às nossas mesas. A vida vem dos campos. Sem o suor, sem a fadiga dos campônios, jamais alcançaremos a fartura do povo, e a pobreza será cada vez mais infeliz e desamparada.Os latifundiários, todavia, na sua ganância, fingem desconhecer essa verdade, e na sua cupidez e na sua egolatria, negam aos pobres até o direito de ter fome. Fecham as suas propriedades ao cultivo, trazem-nas avaramente estagnadas, mandando matar aqueles que desejam transformá-las num instrumento de produção e de felicidade social. São tão mesquinhos, no seu egoísmo, que, na expressão de um ironista, deixariam o universo às escuras, se fosse proprietários do sol.

Eu vi João Pedro morto. Os seus olhos ainda estavam abertos. Eles tinham visto muito. Tinham visto quase tudo à sombra do Sobrado, povoado de Sapé, ouvira, talvez, contar na varanda de sua casa tosca, a história dos pais e dos avós que cultivaram aquelas terras. Sempre sob o regime do cambão, da terça e do cambito. Desse miserável cambão, dessa hedionda terça, desse desumano cambito, que deve ser varrido de nossa paisagem rural, nem que seja a golpes, nem que se a impacto das multidões revolucionárias nas praças.

Ouvira contar que, certa vez, o pai fora enxotado cruelmente, pelo capataz do amo, pelo simples fato de terem discutido sobre uma cuia de feijão. Sofria, ele próprio, as angústias daquele servilismo, doendo, agora, sobre o corpo exausto, com o suor da agonia que lhe escorria pela alma, fermentando, então, no íntimo, a convicção de que a dignidade humana não poderia ser tão aviltada. Urgia uma reação e João Pedro, à sombra do Sobrado, meditava e sonhava com um mundo melhor para os seus filhos. Eles não haveriam de amargar a mesma servidão. Sonhou. Haveria de pagar pelo crime de ter sonhado. O seu sonho era uma visão perigosa de liberdade. Os latifundiários não podem compreender que os corações dos humildes possam aninhar tão elevados sonhos. Contrataram sicários, armaram pistoleiros, puseram-se na tocaia. João Pedro deveria ser eliminado.

Acuso, perante o governo e a Paraíba, que há um sindicato da morte implantado na Várzea para ceifar a vida dos homens do campo. Ninguém se iluda: aquilo não foi mandado de um homem só. Todos devem se levantar em favor da luta dos camponeses. Todos, principalmente vós, pessoense, depositários da vida indômita da raça tabajara, para que, em face da violência e da opressão, os camponeses não se sintam desamparados. Mataram João Pedro. Nunca mais poderei os seus olhos. Os olhos dos mortos não choram. Ele nos deixou, no transe derradeiro da vida, a dignidade final da sua morte. Sigamos o seu último exemplo. Ninguém derramará mais lágrimas. Os seus olhos queriam dizer que os camponeses, de tanto verterem suor, não têm, sequer pranto para derramar outras lágrimas.

Paraibanos, esta cruzada é diferente das demais porque é maior do que todas as outras. Não há um candidato, não há partido político, não há um interesse exclusivista a ser defendido. Esta insurreição é hoje na história da Paraíba o seu grande apostolado. Ou defendemos o homem do campo, numa onda de solidariedade pacífica e irreprimível, pressionando as elites dirigentes para uma revisão da estrutura jurídica vigente, que os depaupera e degrada, efetivando urgentemente a reforma das leis agrárias, ou o Brasil será a pátria traída pelo poder econômico que já nos vem atraiçoando nos governos da República e no parlamento nacional.

É inútil matar camponeses. Eles sempre viverão. Antes de morrer, João Pedro era apenas a silhueta de um homem no asfalto. Mas, agora, paraibanos, João Pedro virou zumbi, virou assombração. É uma sombra que se alonga pelos canaviais, que bate forte na porta das casas grandes e dos engenhos, que povoa a reunião dos poderosos, que grita na voz do vento dentro da noite, e pede justiça, e clama vingança. Que passeia pelas estradas de Sapé, que fala, pela boca de milhares de criaturas escravizadas, a mesma língua que, com a sua morte, não se perdeu porque a mensagem dos verdadeiros líderes não se esgota.

Pessoenses: meditemos profundamente na destruição de João Pedro, da tremenda cilada que armaram contra o inesquecível líder, na carga de ódio que caiu sobre si com o peso de um destino. Ele sofreu no próprio sangue a grave ameaça que existia contra todos nós. Que todos os patriotas dobrem o joelho diante do seu túmulo".

Raymundo Asfora

*Agassis de Almeida é escritor, advogado e ex-deputado Agassiz de Almeida (deputado constituinte de 1988), responsável, à época do assassinato de João Pedro, quando exercia o mandato de deputado estadual, pelo pedido de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar, identificar e apontar os responsáveis pelo crime.

Bom Dia, Tristeza

Composição : Vinicius de Moraes / Adoniran Barbosa

Bom dia, tristeza
Que tarde, tristeza
Você veio hoje me ver
Já estava ficando
Até meio triste
De estar tanto tempo
Longe de você

Se chegue, tristeza
Se sente comigo
Aqui, nesta mesa de bar
Beba do meu copo
Me dê o seu ombro
Que é para eu chorar
Chorar de tristeza
Tristeza de amar

Amor

Vamos brincar, amor? vamos jogar peteca
Vamos atrapalhar os outros, amor, vamos sair correndo
Vamos subir no elevador, vamos sofrer calmamente e sem precipitação?
Vamos sofrer, amor? males da alma, perigos
Dores de má fama íntimas como as chagas de Cristo
Vamos, amor? vamos tomar porre de absinto
Vamos tomar porre de coisa bem esquisita, vamos
Fingir que hoje é domingo, vamos ver
O afogado na praia, vamos correr atrás do batalhão?
Vamos, amor, tomar thé na Cavé com madame de Sevignée
Vamos roubar laranja, falar nome, vamos inventar
Vamos criar beijo novo, carinho novo, vamos visitar N. S. do Parto?
Vamos, amor? vamos nos persuadir imensamente dos acontecimentos
Vamos fazer neném dormir, botar ele no urinol
Vamos, amor?
Porque excessivamente grave é a Vida.

Vinicius de Moraes

5151

Uma boa idéia duas vezes. Enquanto eu tento relaxar em meus aposentos o verbalirando atinge a marca de 5.151 acessos. Muito obrigado a todos que diariamente, semanalmente ou até mesmo mensalmente dão uma olhada neste blog. Blog que só tem aumentado o ciclo de amigos e amigas que direta ou indiretamente contribuem com a permanência dele no ar.

E para aqueles que estão em melhores condições de saúde que eu, desejo um bom domingo e aproveitando a marca 5151 não precisa nem dizer o que seria uma boa pedida no dia de hoje.

Abraço a tod@s!

Charges na rua

sábado, 2 de abril de 2011

Vítimas da Casa da morte podem estar enterrados em Petrópolis

17 militantes presos pela Ditadura na década de 70 podem ter sido enterrados num cemtério em Petrópolis. Em matéria da Revista Época disponível neste link vemos histórias de alguns dos 17 militantes que foram barbaramente torturados pela ditadura na Casa da Morte. Entre eles encontramos o nome do paraibano Umberto Câmara Neto, militante estudantil que se destacou nas lutas da UFPE em particular no episódio em que o Reitor Murilo Guimarães (1968) foi mantido prisioneiro por uma massa de estudantes da UFPE que exigiam liberação de verbas para conclusão das obras do Hospital das Clínicas.

sexta-feira, 1 de abril de 2011