quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Máquinas humanas

Chega um dia em que a gente
Vai aos poucos percebendo
Somos máquinas humanas
Estamos sempre correndo

O motor logicamante
É o nosso coração
A estrada é o tempo
O passado é contramão
Vivo estacionado
Na garagem, solidão
Meu motor é tão sensível
Não funciona sem você
Seu amor meu combustível
Venha me abastecer
São seus olhos que clareiam
Minha estrada no escuro
Se você demora eu juro:
Nessa estrada eu vou me perder
Por favor, venha me socorrer.

O beijo e o estupro

MIGUEZIM DE PRINCESA

Se é considerado estupro

Numa boca se beijar

Recomendo a Marcelinho

Quando for comemorar

Que fique quieto numa boa

Só olhando pra coroa

Ou vá beijar noutro lugar.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

CHEVRON TENTOU ROUBAR PETRÓLEO DO PRÉ-SAL BRASILEIRO

Por Carta Capital 19/11/2011 às 10:13

A petroleira norte-americana Chevron, responsável pelo vazamento de óleo que já dura dez dias na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, é suspeita de tentar alcançar a camada de pré-sal no Campo do Frade. Se a suspeita for confirmada, o episódio se revelará num dos mais emblemáticos casos de agressão à soberania nacional promovida por uma empresa estrangeira. A possibilidade é admitida por técnicos da Agência Nacional do Petróleo, de acordo com reportagem publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo. 
A Polícia Federal, que investiga o caso, desconfia inclusive que o acidente possa ter ocorrido justamente devido à possível perfuração de poços além dos limites permitidos. 

Segundo a reportagem, a sonda usada pela Chevron tem capacidade para perfurar até 7,6 mil metros, mais que o dobro do necessário para a perfuração dos quatro poços autorizados no Campo do Frade (de até 1.276 metros de profundidade). A ANP quer saber ainda se houve falhas inclusive na construção do poço e se foi utilizado material inadequado. Também não se sabe se foram feitos os testes de segurança antes do início da perfuração. 


Responsável pelo inquérito, o delegado Fábio Scliar, titular da Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da PF, disse na reportagem que já existem indícios de que estrangeiros estejam trabalhando ilegalmente no litoral brasileiro. É algo sério. Se isso for comprovado e esses estrangeiros em situação irregular estiverem recebendo salários no exterior, por exemplo, já se configura crime de sonegação fiscal e de sonegação previdenciária, disse o delegado ao Estado de S.Paulo. A empresa nega a irregularidade. 

Embora nem mesmo a Chevron saiba dizer quantos litros vazaram da plataforma (as estimativas da ANP indicam que a vazão média de óleo derramado estaria entre 200 e 330 barris/dia no período de 8 a 15 de novembro), o episódio pode acelerar a discussão sobre a segurança nacional em torno de sua principal riqueza. Na internet, começam a surgir manifestações para que a empresa estrangeira seja expulsa do País. 

O episódio deixou clara também a situação de vulnerabilidade da exploração de petróleo em alto mar, área onde os órgãos fiscalizadores, como o Ibama, não conseguem monitorar de modo eficiente se as empresas cumprem ou não as normas de segurança, conforme reportagem publicada na sexta-feira no site de CartaCapital. 

A preocupação se tornou ainda maior depois da notícia de que a empresa Transocean, que faz os trabalhos de perfuração para a Chevron no Campo de Frade, é a mesma que operava a plataforma da British Petroleum, que explodiu no Golfo do México, causando um dos maiores desastres ambientais da história recente. 

Apesar do retrospecto da Transocean, o presidente da concessionária brasileira da Chevron, George Buck, disse que confia na empresa e que continuará a operar com ela no Brasil. 

A plataforma da Transocean explodiu e afundou em abril de 2010, no Golfo do México, deixando 11 mortos e causando grandes prejuízos. Cerca de 4,9 milhões de barris de petróleo foram derramados no mar e o vazamento durou 87 dias. 

Se esta hipótese se confirmar não só a Chevron e seus dirigentes terão que pagar caro. Todos os políticos brasileiros ligados à ela terão que ser julgados pelo tribunal da opinião pública e eventualmente pelos Tribunais brasileiros, inclusive e principalmente o senhor José Chevron Serra. NÃO TEM PERDÃO, NEM EXCEÇÃO. Ladrão internacional e agressor à soberania merece cadeia, mas traidor merece algo bem pior.


domingo, 20 de novembro de 2011

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Sindjor-PB denuncia abusos dos Diários Associados e realiza Ato Público

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Paraíba (Sindjor-PB) vem à público informar à sociedade sobre a situação caótica em que se encontra a empresa Diários Associados na Paraíba. Desde as mudanças ocorridas na administração, que em 2009 passou a ser gerenciada pelos Diários Associados em Pernambuco, a empresa tem mostrado total descaso com os profissionais paraibanos.

Além de pagar o pior salário do estado, a empresa se nega a fechar o acordo salarial que fixou reajuste em 8% nos demais veículos da Paraíba. Após muitas tentativas de diálogo, os Diários Associados apresentou uma contraproposta absurda de apenas 7% e pagando o retroativo (uma vez que a data base da categoria é o mês de abril) em 12 parcelas, o que é considerado um desrespeito pelo Sindjor-PB aos profissionais que trabalham em suas empresas.

É importante frisar que a luta não se resume apenas ao pagamento justo de uma remuneração, mas ao tratamento que a empresa concede aos seus funcionários. Além de não encaminhar nenhuma informação sobre a questão salarial, os Diários Associados da Paraíba abusam da autoridade impondo aos profissionais a realização de atividades para as quais não foram contratados.

Isso tudo é resultado de uma Redação cada vez mais esvaziada pelos constantes pedidos de demissão entregues por alguns profissionais que não aguentam a desorganização e o descaso da empresa. Com isso, os que ficam são obrigados a acumular funções e trabalhar cada vez mais exaustados. A falta de estrutura também é outro problema que afeta o dia a dia do trabalhador e coloca em risco a sua saúde. Durante anos, os funcionários foram obrigados a trabalhar em carros velhos sem manutenção, usam computadores ultrapassados instalados em um prédio que carece de reforma urgente.

O prédio onde funciona O Norte, aliás, está indo a leilão na Justiça paraibana como uma forma de garantir que a empresa honre com suas dívidas trabalhistas. Como se não bastasse todos os problemas, os Diários Associados da Paraíba ainda tentaram impedir, no dia 14 de novembro, que o Sindicato dos Jornalistas falasse aos profissionais durante uma visita que realizou em todas as Redações das empresas em João Pessoa, ameaçando, inclusive, chamar a polícia, como se os sindicalistas estivessem realizando alguma contravenção.
     
Contravenção é não realizar o pagamento devido de horas extras, não reconhecer um aumento justo em um salário tão defasado, não depositar o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e não tratar seus funcionários de forma igual. O Sindjor-PB não vai se calar diante de tantas contravenções e continuará lutando pelos jornalistas que, de forma muito guerreira, sustentam sozinhos uma empresa falida.    

O Sindicato dos Jornalistas da Paraíba não se curva aos desmandos desta empresa e irá continuar cobrando que os direitos dos profissionais sejam respeitados. Nesta sexta-feira, 18 de novembro, às 14h, a entidade estará realizando um Ato Público em frente ao jornal O Norte, com a finalidade de cobrar o fechamento do Acordo Salarial já assinado por todos os grandes veículos de comunicação da Paraíba. Além disso, irá denunciar para toda a sociedade a precariedade nas relações de trabalho e a falta de respeito com os jornalistas.  

Profissionais de comunicação, estudantes e sindicatos estão convidados a participar deste ato e aumentar a pressão sobre esses péssimos empresários de comunicação.

Sindjor-PB

Obs: O ato entretanto foi adiado após o DA apresentar nova proposta que está sendo avaliada pelo sindicato!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Eu Queria Dizer Que Te Amo Numa Canção

Fernando Mendes

Esse amor que eu trago em mim
Eu não sei se é certo
Encontrei o meu jardim
Em pleno deserto

(Refrão)
Toda vez que tento te falar
Não contenho minha emoção
Eu queria dizer que te amo
Numa canção

Já não posso controlar
Este sentimento
Cada dia aumenta mais
O meu sofrimento

(Repete Refrão)

Teu amor não vai ser meu
Mesmo assim te amo
Não sei como isso aconteceu
Mas eu não reclamo

(Repete Refrão)

Quero gritar o teu nome
Abrir todo meu coração
Quero mostrar como é grande
A minha paixão

Já não sei mais o que faço
Pra chamar a sua atenção
Eu queria dizer que te amo
Numa canção

By Latuff


quarta-feira, 9 de novembro de 2011

OS COTURNOS DO SENHOR REITOR

por Carlos Latuff

Dignas dos tempos do coronel Erasmo Dias, foram as lamentáveis cenas exibidas nos telejornais de ontem, quando 70 estudantes que ocupavam a reitoria da USP foram desalojados por um contingente de 400 policiais, incluíndo tropa de choque e cavalaria, e mais o apoio de um helicóptero. As cenas fortes nos fazem lembrar de operações da PM no interior de presídios, quando os presos, enfileirados e sentados, esperam pela revista nas celas.

Os alunos estavam acampados no prédio da reitoria em protesto pela decisão do reitor João Grandino Rodas em firmar um "convênio" que prevê o aumento da presença de policiais militares no campus do Butantã, afim de reprimir assaltos, estupros e mesmo assassinatos que vem sendo cometidos alí.

Para quem não está familiarizado com as práticas do reitor Rodas, pode-se imaginar que o "convênio" com a PM seja uma medida legítima de alguém realmente preocupado com a segurança dos USPianos. Na verdade, a polícia nunca deixou de estar presente no campus quando crimes foram cometidos. O tal "convênio" parece estar mais relacionado com o fetiche pela repressão que o magnífico reitor vem demonstrando ao longo do tempo, por exemplo, quando autorizou o uso da tropa de choque por pelo menos duas vezes (2007 e 2009) contra militantes de movimentos sociais e estudantes.

Os recentes incidentes começaram depois que PMs prenderam jovens fumando maconha no campus. Em protesto, estudantes ocuparam as dependências da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e, posteriormente, a reitoria. As palavras "maconha" e "maconheiro" foram as pedras de toque de conservadores que utilizam o notório argumento da repressão ao uso de drogas para justificar a militarização de um espaço universitário. Foram termos empregados tanto por moralistas da direita quanto da "esquerda", antes, durante e depois da ocupação, ad nauseam, como uma espécie de cortina de fumaça, desviando a atenção e mesmo impedindo qualquer possibilidade de um debate pertinente.

Some-se a isso o papel da imprensa, notadamente as emissoras de TV e jornais, que não economizaram na adjetivação dos manifestantes, que frequentemente eram chamados de "baderneiros" e "invasores", expressões também utilizadas pela mídia com referência ao Movimento dos Sem-Terra.

Esse apreço pelas forças policiais, no entanto, não coloca o reitor Rodas como defensor da lei. O Ministério Público de São Paulo abriu esse ano investigação para apurar, entre outras coisas, improbidade administrativa e lesão aos cofres públicos cometidas durante a gestão de Rodas que, curiosamente, já foi diretor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco.

Vale lembrar que a PM que Rodas deseja impôr a comunidade universitária, sob o argumento da segurança no campus, é a mesma que dispara balas de borracha e gás lacrimogêneo contra estudantes que lutam pelo passe livre nos ônibus. Sem esquecer também da longa lista de violações de direitos humanos, como o massacre no antigo presidio do Carandiru em 1992 e a matança promovida durante os ataques do PCC em 2006, do envolvimento de policiais em grupos de extermínio, tráfico de drogas e armas, cotidianamente divulgado pela imprensa.

Dado o histórico autoritário do atual reitor da USP, não é dificil perceber que o real interesse de Rodas está longe de ser a segurança no campus e sim a instalação de um aparato de repressão para não só impor as políticas do governador Geraldo Alckmin, como também reprimir movimentos sociais, nesse caso em particular, a organização de estudantes, professores e funcionários da universidade.

Cabe as diversas correntes do movimento estudantil deixar de lado as diferenças no presente momento, e unir forças para defender a autonomia universitária na USP contra o modelo feudal imposto por Rodas. É isso o que realmente está em jogo. Nem mais, nem menos.

Carlos Latuff é cartunista.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Alckmin dá “aula de democracia” na USP

Por Altamiro Borges

Perguntado sobre a truculenta invasão da tropa de choque da PM ao campus da USP, o governador Geraldo Alckmin deu a seguinte resposta à imprensa agora à tarde: “Eu entendo que os estudantes precisam ter aula de democracia... Eles precisam ter aula de respeito à ordem judicial. É lamentável que tenha que chegar ao ponto da polícia ter que ir lá para cumprir uma decisão judicial”.

O tucano não é propriamente um entendido em democracia. Ele se projetou politicamente durante a ditadura militar, inclusive com apoio de notórios golpistas da sua tradicional família. Com o passar do tempo, Alckmin se tornou um simpatizante do Opus Dei, uma seita de direita com origem na ditadura franquista da Espanha. Usou até o Palácio dos Bandeirantes para as pregações do grupo.

Imagens lembram tempos sombrios

No caso da invasão da USP nesta madrugada, no qual foram utilizados mais de 400 soldados, armas pesadas e até helicópteros, também não é aconselhável falar em “aula de democracia”. As imagens lembram o período sombrio do regime militar, lembram a invasão da PUC-SP em 1977, comandada pelo falecido coronel Erasmo Dias, um ex-aliado do atual governador tucano.

Segundo relatos de deputados que acompanharam os 73 estudantes da USP presos hoje, eles foram tratados como “marginais”. Eles ficaram o dia todo trancados em ônibus em frente à 91ª Delegacia de Polícia, na zona oeste da capital. “Estamos num Estado democrático de direito. Não dá para tratar os jovens como se estivéssemos na ditadura”, criticou o deputado Adriano Diogo (PT).

Ação e punições desproporcionais

Para o parlamentar, a ação da tropa de choque e as punições aos estudantes – como a exigência de fiança de um salário mínimo – são desproporcionais. “Parece que o único objetivo do governo estadual é punir. Estão todos trancados dentro de um ônibus o dia todo, sem alimentação adequada. Prenderam até mesmo a mãe de um aluno que estava nervosa com a situação”.

“Houve inabilidade da reitoria ao lidar com os estudantes e a policia está agindo como na época da ditadura militar, procurando os ‘cabeças do movimento’. O reitor da USP deveria ser o primeiro a tentar soltar os garotos e não criminalizá-los. O número de artigos que eles foram incluídos é absurdo”, completa o deputado. Os estudantes podem pegar pena de até três anos prisão.

Excitação dos “indigentes mimados”

Baita “aula de democracia” do governador Geraldo Alckmin. E ele até disputou uma eleição presidencial e ainda não desistiu desta ambição. O Brasil que se cuide. A democracia do tucano é bem truculenta e rancorosa. Não é para menos que agrada tanto alguns histéricos da direita nativa e certos “indigentes mimados” da mídia corporativa - como Gilberto Dimenstein, Josias de Souza e o pitbull da Veja. 
 
Artigo retirado do Blog do Miro

By Latuff


quinta-feira, 3 de novembro de 2011

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O papel genocida da OTAN (quinta parte)


EM 9 de março deste ano, sob o título "A OTAN, a guerra, a mentira e os negócios" eu publiquei uma nova Reflexão, acerca do papel dessa organização bélica.

Escolho os parágrafos fundamentais daquela Reflexão.

"Como alguns de vocês já conhecem, em setembro de 1969, Muamar Kadafi, um militar árabe beduíno, de caráter peculiar e inspirado nas ideias do líder egípcio Gamal Abdel Nasser promoveu, no seio das Forças Armadas, um movimento que derrubou o rei Idris I da Líbia, um país desértico quase na sua totalidade e de população escassa, situado no norte da África, entre a Tunísia e o Egito."
 
"Nascido no seio de uma família da tribo dos beduínos, de pastores nômades do deserto, na região de Trípoli, Kadafi era profundamente anticolonialista."

"... os adversários de Kadafi, inclusive, asseguram que ele se destacou por sua inteligência como estudante. Foi expulso da escola por suas atividades antimonarquistas. Conseguiu entrar em outra escola e depois se formou em Direito, na Universidade de Benghazi, aos 21 anos. Mais tarde, entrou no Colégio Militar de Benghazi, onde criou o que foi chamado de Movimento Secreto Unionista de Oficiais Livres, concluindo depois os estudos em uma academia militar britânica."
 
"Havia iniciado sua vida política com fatos inquestionavelmente revolucionários.
 
"Em março de 1970, após grandes manifestações nacionalistas, conseguiu a evacuação dos soldados britânicos do país e, em junho, os Estados Unidos abandonaram a grande base aérea que possuíam perto de Trípoli, entregando-a a instrutores militares egípcios, país aliado da Líbia.
 
"Em 1970, várias empresas petroleiras ocidentais e sociedades financeiras, com envolvimento de capitais estrangeiros, foram afetadas pela Revolução. No final de 1971, a famosa British Petroleum teve a mesma sorte. No setor agropecuário, todos os bens italianos foram confiscados, os colonos e seus descendentes expulsos da Líbia."
 
"O líder líbio mergulhou então em teorias extremistas, que se opunham, tanto ao comunismo quanto ao capitalismo. Foi uma etapa na qual Kadafi se dedicou à teorização, que não faz sentido incluir nesta análise, embora seja necessário assinalar que, no primeiro artigo da Proclamação Constitucional de 1969, se estabelecia o caráter ‘socialista’ da Jamahiriya Popular Árabe Líbia.
 
"O que eu desejo enfatizar é que os Estados Unidos e seus aliados da OTAN nunca se interessaram pelos direitos humanos.
 
"A grande confusão que se espalhou no Conselho de Segurança, na reunião do Conselho dos Direitos Humanos, com sede em Genebra, e na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, foi puro teatro."
 
"O império pretende agora (...) intervir militarmente na Líbia e golpear a onda revolucionária desatada no mundo árabe."
 
"Promovida a latente rebeldia líbia pelos órgãos de inteligência ianques, ou por erros do próprio Kadafi, é importante que os povos não se deixem enganar, já que a opinião mundial terá, muito em breve, elementos suficientes para saber a que se ater."
 
"A Líbia, da mesma forma que muitos países do Terceiro Mundo, é membro do Movimento dos Países Não-Alinhados, do Grupo dos 77 e outras organizações internacionais, por meio das quais são estabelecidas relações, independentemente do sistema econômico e social de cada Estado.
 
"Sem entrar em pormenores: a Revolução Cubana, inspirada em princípios marxistas-leninistas e martianos, havia triunfado em 1959, a escassas 90 milhas dos Estados Unidos, que nos impuseram a Emenda Platt e eram donos da economia de nosso país.

"Quase de imediato, o império promoveu contra nosso povo a guerra suja, os bandos contrarrevolucionários, o criminoso bloqueio econômico, a invasão mercenária pela Baía dos Porcos, apoiada por um porta-aviões e os fuzileiros navais, prontos para desembarcarem, caso a força mercenária obtivesse determinados objetivos."
 
"Todos os países latino-americanos, à exceção do México, participaram do bloqueio criminoso que ainda hoje perdura, sem que nosso país jamais se rendesse."
 
"Em janeiro de 1986, esgrimindo a ideia de que a Líbia estava por trás do chamado "terrorismo revolucionário", Ronald Reagan ordenou cortar as relações econômicas e comerciais com o país.
 
"Em março de 1986, uma força naval com porta-aviões entrou no Golfo de Sirte, em águas consideradas territoriais da Líbia, desatando ataques que destruíram várias unidades navais que portavam lança-mísseis e sistemas de radares que o país havia adquirido na União Soviética.

"Em 5 de abril, em uma discoteca de Berlim Ocidental, frequentada por soldados dos Estados Unidos, houve uma explosão, produzida por explosivos plásticos. Três pessoas morreram, duas delas militares norte-americanos, e muitas outras ficaram feridas.
 
"Reagan acusou Kadafi e ordenou à Força Aérea que desferisse uma resposta. Três esquadrões descolaram dos porta-aviões da 6ª Frota e de bases do Reino Unido, atacando com mísseis e bombas sete objetivos militares em Trípoli e Bengazi. Cerca de 40 pessoas morreram, 15 delas civis (...) quando um míssil explodiu diretamente na residência (do líder líbio) sua filha Hanna morreu e outros filhos foram feridos.

O ataque recebeu amplo repúdio. A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma resolução de condenação, por violação da Carta da ONU e do Direito Internacional. Em termos enérgicos, da mesma forma, agiram o Movimento dos Países Não-Alinhados, a Liga Árabe e a Organização da Unidade Africana (OUA).
 
"Em 21 de dezembro de 1988, um Boeing 747 da empresa aérea PanAm, que viajava de Londres a Nova York, se desintegrou em pleno voo, por causa da explosão de uma bomba..."
 
"As perícias, segundo os ianques, envolviam e acusavam dois agentes da inteligência líbia."

"Uma tenebrosa lenda foi fabricada contra Kadafi, com a participação de Ronald Reagan e George Bush pai."

"O Conselho de Segurança havia imposto sanções à Líbia, que começaram a ser eliminadas quando Kadafi aceitou submeter a julgamento, em determinadas condições, os dois acusados pelo avião que explodiu sobre a Escócia.

"Delegações líbias começaram a ser convidadas para reuniões intereuropeias. Em julho de 1999, Londres reatou as relações diplomáticas plenas com a Líbia, depois de algumas concessões adicionais."
 
"Em 2 de dezembro, Massimo D’Alema, primeiro-ministro da Itália, fez a primeira visita de um chefe de governo europeu à Líbia.
 
"Desaparecida a União Soviética e o campo socialista na Europa, Kadafi decidiu aceitar as exigências dos Estados Unidos e da OTAN."

"No início de 2002, o Departamento de Estado informou que estavam em curso 
conversações diplomáticas entre os Estados Unidos e a Líbia."

"No início do ano de 2003, por causa do acordo econômico sobre indenizações, assinado entre a Líbia e os países reclamantes, Reino Unido e a França, o Conselho de Segurança da ONU retirou as sanções em vigor, desde 1992, contra o país africano.

"Antes de findar o ano 2003, George W. Bush e Tony Blair informaram sobre um novo acordo com a Líbia, que havia entregado a especialistas de inteligência dos Estados Unidos e do Reino Unido documentos dos programas de armas não convencionais, assim como mísseis balísticos, com um alcance superior a 300 quilômetros. (...) Era o fruto de muitos meses de conversações entre Trípoli e Washington, como revelou o próprio Bush.

"Kadafi cumpriu suas promessas de desarmamento. Em poucos meses, a Líbia entregou as cinco unidades de mísseis Scud-C, com alcance de 800 quilômetros, e as centenas de Scud-B, cujo alcance ultrapassa 300 quilômetros em mísseis defensivos de curto alcance.
 
"A partir de outubro de 2002, foi iniciada a maratona de visitas a Trípoli: Silvio Berlusconi, em outubro de 2002; José María Aznar, em setembro de 2003; Berlusconi de novo, em fevereiro, agosto e outubro de 2004; Tony Blair, em março de 2004; o alemão Schröder, em outubro daquele ano; Jacques Chirac, em novembro de 2004."
 
"Kadafi percorreu triunfalmente a Europa. Foi recebido em Bruxelas, em abril de 2004, pelo presidente da Comissão Europeia, Romano Prodi; em agosto daquele ano, o líder líbio convidou Bush visitar seu país; as empresas Exxon Mobil, Chevron Texaco e Conoco Philips faziam os últimos ajustes do processo de extração de petróleo, por meio de joint ventures.

"Em maio de 2006, os Estados Unidos anunciaram que a Líbia tinha sido retirada da lista de países terroristas e o estabelecimento de relações diplomáticas plenas.
 
"Em 2006 e 2007, França e Estados Unidos assinaram acordos de cooperação nuclear com fins pacíficos; em maio de 2007, Tony Blair voltou a visitar Kadafi em Sirte. A British Petroleum assinou um contrato "muito importante", segundo declarou, para a exploração de jazidas de gás.

"Em dezembro de 2007, Kadafi fez duas visita à França e assinou contratos de equipamentos militares e civis, no valor de 10 bilhões de euros; esteve também na Espanha, onde conversou com o presidente do governo, José Luis Rodríguez Zapatero. Contratos milionários foram assinados com países importantes da OTAN.

"O que aconteceu, agora, que se produziu uma retirada precipitada das embaixadas dos Estados Unidos e demais membros da OTAN?
 
"Tudo resulta muito estranho.

"George W. Bush, o pai da estúpida guerra antiterrorista, declarou, em 20 de setembro de 2001, aos cadetes da academia de West Point, "Nossa segurança vai precisar [...] da força militar que vocês vão dirigir, uma força que deve estar pronta para atacar imediatamente em qualquer escuro recanto do mundo. E nossa segurança vai precisar que estejamos prontos para o ataque preventivo, quando seja necessário defender nossa liberdade...’"

"Devemos descobrir células terroristas em 60 países ou mais [...] Junto a nossos amigos e aliados, devemos nos opor à proliferação e confrontar os regimes que patrocinam o terrorismo, segundo cada caso requerer".

Devo acrescentar, hoje, que o Afeganistão, um país tradicionalmente rebelde, foi invadido; as tribos nacionalistas, outrora aliadas dos Estados Unidos na luta contra a URSS, foram bombardeadas e massacradas. A guerra suja alastrou-se pelo mundo. O Iraque foi invadido com pretextos que resultaram falsos, seus abundantes recursos petroleiros passaram às mãos de empresas ianques, milhões de pessoas perderam o emprego e foram obrigadas a se deslocarem dentro ou para fora do país, seus museus foram saqueados e incontáveis cidadãos morreram ou foram massacrados pelos invasores.

Voltando à Reflexão, assinalei:

"Uma informação da AFP, procedente de Cabul, (...) revela que "O ano passado foi o mais letal para os civis, após nove anos de guerra entre os talibãs e as forças internacionais no Afeganistão, com quase 2.800 mortos, cerca de 15% mais que em 2009, indicou, quarta-feira, um relatório da ONU, que sublinha o custo humano do conflito para a população".

"Sendo exatamente 2.777, o número de civis mortos, em 2010, aumentou em 15%, em relação a 2009, indica o relatório anual conjunto da Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão..."

"O presidente Barack Obama expressou, em 3 de março, seu 'profundo pesar' ao povo afegão pelas nove crianças mortas, sendo seguido também pelo general estadunidense David Petraeus, comandante-chefe da ISAF, e pelo secretário da Defesa, Robert Gates."

"... o relatório da Unama destaca que o número de civis mortos, em 2010, é quatro vezes superior ao dos soldados das forças internacionais, mortos em combate, nesse mesmo ano".

No que se refere à Líbia, assinalei:

"Durante dez dias, em Genebra e nas Nações Unidas, se pronunciaram mais de 150 discursos sobre violações dos direitos humanos, que foram repetidos milhões de vezes pela televisão, rádio, Internet e a imprensa.
 
"O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, em sua intervenção de 1º de março, ante os ministros das Relações Exteriores reunidos em Genebra, afirmou: "A consciência humana repudia a morte de pessoas inocentes em qualquer circunstância e lugar. Cuba compartilha plenamente a preocupação mundial pelas perdas de vidas civis na Líbia e deseja que seu povo alcance uma solução pacífica e soberana à guerra civil que ocorre ali, sem nenhuma ingerência estrangeira, e que garanta a integridade dessa nação".

"Se o direito humano essencial é o direito à vida, o Conselho estará pronto para suspender a filiação daqueles Estados que iniciarem uma guerra?"

"Serão suspensos os Estados que financiam a fornecem ajuda militar, empregada pelo Estado receptor para cometer violações em massa, flagrantes e sistemáticas dos direitos humanos e ataques contra a população civil, como as que ocorrem na Palestina?"

"Será que o Conselho aplicará essa medida contra países poderosos que realizarem execuções extrajudiciais no território de outros Estados, com o emprego de alta tecnologia, como munições inteligentes ou aviões não tripulados?"

"Que acontecerá com os Estados que aceitarem em seus territórios a existência de prisões ilegais secretas, que facilitarem o trânsito de voos secretos com pessoas sequestradas ou participarem de atos de tortura?"

Somos contra a guerra interna na Líbia, a favor da paz imediata e o respeito pleno à vida e aos direitos de todos os cidadãos, sem intervenções estrangeiras, que serviriam somente ao prolongamento do conflito e aos interesses da OTAN."

Ontem, 31 de outubro teve lugar um fato que, como tantos outros, testemunha a falta total de ética na política ianque.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), acabava de adotar uma decisão valente: outorgar ao povo heróico da Palestina o direito de participar como membro ativo da Unesco; 107 Estados votaram a favor, 14 contra, 52 se abstiveram. Todos nós conhecemos perfeitamente por que.

A representante dos Estados Unidos nessa instituição, seguindo as instruções do prêmio Nobel da Paz, declarou logo que, a partir desse instante, seu país suspendia toda ajuda econômica à organização, destinada pela ONU à educação, a ciência e a cultura.

O acento dramático com que a dama anunciou a decisão era totalmente desnecessário. Ninguém ficou surpreendido diante dessa decisão esperada e cínica.

Mas, se fosse pouco, bastaria a informação da AFP, datada em Washington, na tarde de hoje, às 16h05:

"Após a Cúpula do G20 (...) o presidente (Obama) e o presidente Sarkozy participarão de uma cerimônia em Cannes para festejar a aliança entre os Estados Unidos e a França’, indicou a presidência estadunidense, precisando que os líderes ainda terão um encontro com ‘soldados estadunidenses e franceses que participaram juntos na operação’ na Líbia."

Continuará em breve.