domingo, 31 de março de 2013

Aos heróis da longa noite dos generais

Arlete Guimarães

Heróis  dos  quais a história oficial não fala,
São muitos na verdadeira historia do Brasil!
Mas eles não mais estão  entre nós
Para que possamos homenageá-los
Em corpo presente!
Porque  desapareceram ou foram  assassinados
Por  seus ideais de justiça social
 
Eles enfrentaram  as torturas, as  balas
Mas não abdicaram de seu perfil
De guerreiros  humanos, cuja voz
Foi calada sem que pudéssemos escutá-los,
Em porões indecentes.
E  desapareceram ou foram assassinados
Por seus ideais de justiça social
 
Neste momento e neste espaço
Precisamos lembrar-nos do quanto vil
Foi cada ser  que ,em sanha feroz,
Conseguiu, fisicamente, destroçá-los,
Mas  seus pensamentos.
Não desapareceram e foram multiplicados,
Em nossas mentes, em  comum ideal.

Heróis  dos  quais a história oficial não fala,
São muitos na verdadeira historia do Brasil!
Mas eles não mais estão  entre nós
Para que possamos homenageá-los
Em corpo presente!
Porque  desapareceram ou foram  assassinados
Por  seus ideais de justiça social
 
Eles enfrentaram  as torturas, as  balas
Mas não abdicaram de seu perfil
De guerreiros  humanos, cuja voz
Foi calada sem que pudéssemos escutá-los,
Em porões indecentes.
E  desapareceram ou foram assassinados
Por seus ideais de justiça social
 
Neste momento e neste espaço
Precisamos lembrar-nos do quanto vil
Foi cada ser  que ,em sanha feroz,
Conseguiu, fisicamente, destroçá-los,
Mas  seus pensamentos.
Não desapareceram e foram multiplicados,
Em nossas mentes, em  comum ideal.


Heróis  dos  quais a história oficial não fala,
São muitos na verdadeira historia do Brasil!
Mas eles não mais estão  entre nós
Para que possamos homenageá-los
Em corpo presente!
Porque  desapareceram ou foram  assassinados
Por  seus ideais de justiça social
 
Eles enfrentaram  as torturas, as  balas
Mas não abdicaram de seu perfil
De guerreiros  humanos, cuja voz
Foi calada sem que pudéssemos escutá-los,
Em porões indecentes.
E  desapareceram ou foram assassinados
Por seus ideais de justiça social
 
Neste momento e neste espaço
Precisamos lembrar-nos do quanto vil
Foi cada ser  que ,em sanha feroz,
Conseguiu, fisicamente, destroçá-los,
Mas  seus pensamentos.
Não desapareceram e foram multiplicados,
Em nossas mentes, em  comum ideal.

sábado, 30 de março de 2013

Globo consegue o que a ditadura não conseguiu: calar a imprensa alternativa

por Luiz Carlos Azenha

Meu advogado, Cesar Kloury, me proíbe de discutir especificidades sobre a sentença da Justiça carioca que me condenou a pagar 30 mil reais ao diretor de Central Globo de Jornalismo, Ali Kamel, supostamente por mover contra ele uma “campanha difamatória” em 28 posts do Viomundo, todos ligados a críticas políticas que fiz a Kamel em circunstâncias diretamente relacionadas à campanha presidencial de 2006, quando eu era repórter da Globo.

Lembro: eu não era um qualquer, na Globo, então. Era recém-chegado de ser correspondente da emissora em Nova York. Fui o repórter destacado para cobrir o candidato tucano Geraldo Alckmin durante a campanha de 2006. Ouvi, na redação de São Paulo, diretamente do então editor de economia do Jornal Nacional, Marco Aurélio Mello, que tinha sido determinado desde o Rio que as reportagens de economia deveriam ser “esquecidas”– tirar o pé, foi a frase — porque supostamente poderiam beneficiar a reeleição de Lula.

Vi colegas, como Mariana Kotscho e Cecília Negrão, reclamando que a cobertura da emissora nas eleições presidenciais não era imparcial.

Um importante repórter da emissora ligava para o então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, dizendo que a Globo pretendia entregar a eleição para o tucano Geraldo Alckmin. Ouvi o telefonema. Mais tarde, instado pelo próprio ministro, confirmei o que era também minha impressão.

Pessoalmente, tive uma reportagem potencialmente danosa para o então candidato a governador de São Paulo, José Serra, censurada. A reportagem dava conta de que Serra, enquanto ministro, tinha autorizado a maior parte das doações irregulares de ambulâncias a prefeituras.

Quando uma produtora localizou no interior de Minas Gerais o ex-assessor do ministro da Saúde Serra, Platão Fischer-Puller, que poderia esclarecer aspectos obscuros sobre a gestão do ministro no governo FHC, ela foi desencorajada a perseguí-lo, enquanto todos os recursos da emissora foram destinados a denunciar o contador do PT Delúbio Soares e o ex-ministro da Saúde Humberto Costa, este posteriormente absolvido de todas as acusações.

Tive reportagem sobre Carlinhos Cachoeira — muito mais tarde revelado como fonte da revista Veja para escândalos do governo Lula — ‘deslocada’ de telejornal mais nobre da emissora para o Bom Dia Brasil, como pode atestar o então editor Marco Aurélio Mello.

Num episódio específico, fui perseguido na redação por um feitor munido de um rádio de comunicação com o qual falava diretamente com o Rio de Janeiro: tratava-se de obter minha assinatura para um abaixo-assinado em apoio a Ali Kamel sobre a cobertura das eleições de 2006.

Considero que isso caracteriza assédio moral, já que o beneficiado pelo abaixo-assinado era chefe e poderia promover ou prejudicar subordinados de acordo com a adesão.

Argumentei, então, que o comentarista de política da Globo, Arnaldo Jabor, havia dito em plena campanha eleitoral que Lula era comparável ao ditador da Coréia do Norte, Kim Il-Sung, e que não acreditava ser essa postura compatível com a suposta imparcialidade da emissora. Resposta do editor, que hoje ocupa importante cargo na hierarquia da Globo: Jabor era o “palhaço” da casa, não deveria ser levado a sério.

No dia do primeiro turno das eleições, alertado por colega, ouvi uma gravação entre o delegado da Polícia Federal Edmilson Bruno e um grupo de jornalistas, na qual eles combinavam como deveria ser feito o vazamento das fotos do dinheiro que teria sido usado pelo PT para comprar um dossiê contra o candidato Serra.

Achei o assunto relevante e reproduzi uma transcrição — confesso, defeituosa pela pressa – no Viomundo.

Fui advertido por telefone pelo atual chefão da Globo, Carlos Henrique Schroeder, de que não deveria ter revelado em meu blog pessoal, hospedado na Globo.com, informações levantadas durante meu trabalho como repórter da emissora.

Contestei: a gravação, em minha opinião, era jornalisticamente relevante para o entendimento de todo o contexto do vazamento, que se deu exatamente na véspera do primeiro turno.

Enojado com o que havia testemunhado ao longo de 2006, inclusive com a represália exercida contra colegas — dentre os quais Rodrigo Vianna, Marco Aurélio Mello e Carlos Dornelles — e interessado especialmente em conhecer o mundo da blogosfera — pedi antecipadamente a rescisão de meu contrato com a emissora, na qual ganhava salário de alto executivo, com mais de um ano de antecedência, assumindo o compromisso de não trabalhar para outra emissora antes do vencimento do contrato pelo qual já não recebia salário.

Ou seja, fiz isso apesar dos grandes danos para minha carreira profissional e meu sustento pessoal.
Apesar das mentiras, ilações e tentativas de assassinato de caráter, perpretradas pelo jornal O Globo* e colunistas associados de Veja, friso: sempre vivi de meu salário. Este site sempre foi mantido graças a meu próprio salário de jornalista-trabalhador.

O objetivo do Viomundo sempre foi o de defender o interesse público e os movimentos sociais, sub-representados na mídia corporativa. Declaramos oficialmente: não recebemos patrocínio de governos ou empresas públicas ou estatais, ao contrário da Folha, de O Globo ou do Estadão. Nem do governo federal, nem de governos estaduais ou municipais.

Porém, para tudo existe um limite. A ação que me foi movida pela TV Globo (nominalmente por Ali Kamel) me custou R$ 30 mil reais em honorários advocatícios.

Fora o que eventualmente terei de gastar para derrotá-la. Agora, pensem comigo: qual é o limite das Organizações Globo para gastar com advogados?

O objetivo da emissora, ainda que por vias tortas, é claro: intimidar e calar aqueles que são capazes de desvendar o que se passa nos bastidores dela, justamente por terem fontes e conhecimento das engrenagens globais.

Sou arrimo de família: sustento mãe, irmão, ajudo irmã, filhas e mantenho este site graças a dinheiro de meu próprio bolso e da valiosa colaboração gratuita de milhares de leitores.

Cheguei ao extremo de meu limite financeiro, o que obviamente não é o caso das Organizações Globo, que concentram pelo menos 50% de todas as verbas publicitárias do Brasil, com o equivalente poder político, midiático e lobístico.

Durante a ditadura militar, implantada com o apoio das Organizações Globo, da Folha e do Estadão — entre outros que teriam se beneficiado do regime de força — houve uma forte tentativa de sufocar os meios alternativos de informação, dentre os quais destaco os jornais Movimento e Pasquim.

Hoje, através da judicialização de debate político, de um confronto que leva para a Justiça uma disputa entre desiguais, estamos fadados ao sufoco lento e gradual.
E, por mais que isso me doa profundamente no coração e na alma, devo admitir que perdemos. Não no campo político, mas no financeiro. Perdi. Ali Kamel e a Globo venceram. Calaram, pelo bolso, o Viomundo.

Estou certo de que meus queridíssimos leitores e apoiadores encontrarão alternativas à altura. O certo é que as Organizações Globo, uma das maiores empresas de jornalismo do mundo, nominalmente representadas aqui por Ali Kamel, mais uma vez impuseram seu monopólio informativo ao Brasil.
Eu os vejo por aí.

PS do Viomundo: Vem aí um livro escrito por mim com Rodrigo Vianna, Marco Aurelio Mello e outras testemunhas — identificadas ou não — narrando os bastidores da cobertura da eleição presidencial de 2006 na Globo, além de retratar tudo o que vocês testemunharam pessoalmente em 2010 e 2012.

PS do Viomundo 2: *Descreverei detalhadamente, em breve, como O Globo e associados tentaram praticar comigo o tradicional assassinato de caráter da mídia corporativa brasileira.

Charge da semana


sexta-feira, 29 de março de 2013

quinta-feira, 28 de março de 2013

quarta-feira, 27 de março de 2013

386 anos do Ver-o-peso

Reproduzindo artigo sobre este verdadeiro patrimônio do povo paraense que no dia de hoje completa 386 anos de sua exstência. Para quem não conhece Belém é uma ótima oportunidade de visualizar a partir dessa leitura o encanto que é o famoso ver-o-peso.


Ver-o-Peso, onde pulsa o coração de Belém

Nelson Pantoja

Autêntica galeria de tipos inusitados, onde se encontra desde o vendedor de remédios caseiros com sua lábia enganadora prometendo milagres aos transeuntes até ao cantador de rua, com suas modinhas e boleros, cujos temas são em geral os mais apelativos possíveis, o tradicional Ver-o-Peso, é na acepção da palavra uma feira-livre. Nas suas barracas tem de tudo: legumes, frutas, cereais, peixe-frito, tacacá, caruru e como não poderia deixar de ser, defumação e os mais vaiados apetrechos umbandistas (colares e outros), para afastar o mau-olhado.

O cheiro penetrante da chicória contrastando com o odor desagradável das poças de lama; o empurra-empurra da verdadeira multidão de compradores e os gritos dos vendedores anunciando aos pulmões suas mercadorias "da melhor qualidade e bem baratinhas"; são vários aspectos da mais famosa feira-livre de toda a Amazônia, onde cruzam pessoas de todas as idades e das mais variadas camadas sociais. Devido seu intenso movimento diário, pode-se dizer, sem medo de errar, que o Ver-o-Peso funciona como uma espécie de órgão impulsionador das transações comerciais no centro de Belém.

O trabalho começa cedo

As canoas e vigilengas, abarrotadas de frutas e legumes, atracam na escadinha do Ver-o-Peso às primeiras horas da manhã. A partir daí os vendedores começam a arrumar suas barracas. Quando o grande número de compradores chega, isto por volta das 9 horas, período em que o movimento atinge seu ponto máximo, as frutas, os legumes, os cereais, a farinha, as ervas medicinais e os outros produtos, já estão todos devidamente distribuídos em suas respectivas barracas.

Os vendedores do Ver-o-Peso são oriundos das mais diversas localidades de nosso estado. No meio do grande número dos mais autênticos caboclos de nossa região, uma raça diferente: os nipônicos. Estes em sua maioria vendem legumes e frutas, sendo famosos entre os compradores por sua melancias. Os vendedores orientais, inobstante sua cultura totalmente diversa da nossa, devido talvez o contato do dia-a-dia, se identificam plenamente, com os demais feirantes, principalmente no tocante à indumentária onde não falta, como detalhe imprescindível, o chapéu de palha.
Brasileiros de outros lugares também fazem parte do quadro de feirantes do Ver-o-Peso. De todos se destacam os nordestinos, de uma maneira específica os cearenses, que arraigados às tradições de sua terra natal, tocam sanfona no meio da feira, chamando a atenção dos transeuntes que, atraídos por suas cantigas, formam imensas rodas em volta dos "arigós". A presença da gente do Nordeste é tão marcante em nossa mais famosa feira, que é fácil de se encontrar chapéus de cangaceiros sendo vendidos em várias barracas.

Os famosos fluidos

Para quem desconhece é bom saber que o padroeiro do Ver-o-Peso é São Benedito da Praia, que foi cantado na lírica de Bruno de Menezes, como sendo um preto bondoso que em qualquer hora de qualquer dia desce de onde se encontra para adocicar o espírito com umas doses de cana e em meio a mais poderosa das defumações. Como não poderia deixar de ser, já que assim preconiza a tradição, esta feira possui também várias casas especialistas em umbanda e quibanda.

Argumentando que é necessário ter conhecimento de causa para ficar à frente de uma casa especializada em produtos de umbanda, o vendedor Lourival Cavalcante, da Cabana do seu Zé Raimundo Baú, uma das mais movimentadas da feira, juntamente com A Milagrosa, disse que o "negócio é tão bom que estou estabelecido aqui há 4 anos e nem me passa pela cabeça abandonar este comércio". Entre os produtos vendidos nesta cabana, os mais procurados ontem de manhã, foram os banhos de cheiro Comigo ninguém pode, Limpa corpo, Atrai freguês e Amansa sogra.

Peixe-frito

Às proximidades da escadinha do Ver-o-Peso existe um acentuado número de barracas onde são preparados no fogão a carvão, o gostoso peixe frito, que sai diretamente das canoas para a frigideira. O atraente cheiro deste prato tipicamente ribeirinho exala por grandes distâncias e induz as pessoas por mais que achem anti-higiênico a provarem um pouquinho. O molho de pimenta e tucupi, segundo as cozinheiras, é indispensável para aumentar a "gostosura" do peixe frito na brasa.

"A gente trata com os maiores cuidados possíveis o peixe ante de pô-lo na frigideira. Dizem que falta higiêne, mas não falta não. As pessoas é que possuem esta idéia sem cabimento. Aqui em nossas barracas acontece de vez em quando de almoçarem pessoas que a gente vê que não é daqui do Pará. Os estrangeiros como gostam de nosso peixe frito. Quando eles comem pedem o molho de pimenta", disse uma cozinheira.

Tipos diversos

Em linhas gerais, o Ver-o-Peso é uma peculiar aquarela de tipos humanos. Entre suas barracas se encontra o vendedor de banana com camisa enrolada à altura do peito e pés descalços: o menino oferecendo sacos de papel; o talhador de peixe com seu boné característico; o caboclo tostado pelo sol carregando caixas cheias de piramutabas e os irritante — por vezes simpáticos — vendedores de loterias. Dentro deste catálogo de tipos, existem aqueles que por suas excentricidades podem ser classificados como inusitados. Um desses é o camelô.

"Venha conhecer o produto de perto para ver seu baixo preço e sua alta qualidade ou "compre aqui seu sapato porque não existe outro lugar onde se venda mais barato", são algumas das inúmeras frases usadas por estes tipos de vendedores para chamar a atenção dos transeuntes. Aliás, deve-se salientar que com seu fraseado sui generis e seus exagerados gestos, os camelôs são realmente exímios "vendedores".

Com óculos de aros de tartaruga e cabelos quase todos brancos, o ancião José Luz Machado Oliveira, cearense, 92 anos de idade, dos quais 14 dedicados à venda de remédios no Ver-o-Peso, é um tipo popular da feira. Lúcido ainda, ele aparenta uma serenidade que faz o freguês ter confiança em seus produtos, tal a convicção com que diz e enaltece suas qualidades medicinais. Entre os inúmeros produtos que vende está o sabão de cacau, vindo de Cametá especialmente para ele.

"Não tem coceiras que resista à sua ação. É passar o sabão e vê-las sumirem da pele. Aqui eu tenho remédios pra tudo. Se a pessoa tem reumatismo, nada melhor de que óleo de capivara. Se não quiser este, tenho ainda: óleo de anta, andiroba, óleo de jibóia. Prá tosse e doenças da garganta um bom chá de gengibre ou de alho-macho, é o melhor remédio, "asseverou o pseudo-químico cearense que disse ter "conhecido o cativeiro".

A doca do Ver-o-Peso

Conhecida nacional e internacionalmente como o cartão de visita de Belém do Pará, a doca do Ver-o-Peso, onde atracam as vigilengas, as canoas e outras embarcações típicas da Amazônia, na verdade em meio ao sortilégio de seu cotidiano, possui inúmeros fatores positivos mas não deixa de ter também seu lado negativo. Não resta dúvida que as embarcações que ali, com suas denominações religiosas (São Carlos, São Benedito, etc) e líricas (Minha Flor, Deusa de Minha Vida etc.), atracam, são uma atração turística. Seriam, entretanto, muito mais, se houvesse uma organização na venda dos peixes que é na realidade uma autêntica azáfama.

Na periferia do Mercado de Ferro existem os vendedores de paneiros, abanos, peneiras, tipiti e outros, todos feitos de palha da palmeira, salvo engano, conhecida por jupati. Ao lado disso, o comprador encontra uma variedade enorme de botes e fogãozinhos de argila, além de cuias para tacacá e mugunzá. As pessoas de fora, principalmente pelas peculiaridades dos produtos, compram em grande quantidade. Elas, contudo, não deixam de tecer comentários depreciativos a uma enorme poça de lama que existe ali perto.

O Trio Família

Uma roda de curiosos formou-se numa das calçadas que circundam a doca do Ver-o-Peso para assistir e ouvir os tocadores e o cantador do Trio Família, que a exemplo dos outros grupos de cantadores explora temas populares, dando aos mesmo o tom mais triste possível. A história do "cadáver da criança encontrada num bagageiro em Marabá" foi a modinha mais requisitada pelos transeuntes que para serem atendidos, tem que desembolsar um cruzeiro.

A história

Foi na vertente do rio Piry em meados do século XVII, que as canoas dos indígenas e as embarcações dos colonos carregadas de iguarias típicas da região começaram a atracar e serem desembarcadas por seus proprietários. Este processo natural, com o passar dos anos foi tomando vulto. As autoridades portuguesas cientes das transações comerciais que neste local estavam sendo efetuadas, construíram uma modesta repartição destinada a cobrar os impostos devidos à coroa. Estes eram todos destinados à manutenção da colônia. A fim de traçar um esquema compatível com a vida dos canoeiros, as autoridades portuguesas determinaram que os tributos a serem cobrados fossem estipulados pelo peso da mercadoria. A partir de então, na casa modesta construída na foz do Piry, exatamente à frente do começo da rua dos Mercadores depois rua da Cadeia e atual João Alfredo, os colonos e indígenas levavam suas mercadorias para participar do processo economicamente conhecido como do haver-do-peso. O tempo passou e o linguajar popular consagrou o local como sendo o "Ver-o-Peso", que desta maneira é importante para Belém por ser um marco histórico, paisagístico, tradicional, geográfico e econômico. Recentemente teve sua importância aumentada, porquanto foi reconhecido nacionalmente como um ponto turístico de Santa Maria de Belém do Grão Pará.

(Pantoja. Nelson. "Ver-o-Peso, onde pulsa o coração de Belém". A Província do Pará. Belém, 21 de agosto de 1976)

terça-feira, 26 de março de 2013

segunda-feira, 25 de março de 2013

Mansinho mansinho

O povo aqui do norte tem a visão do nordeste de ser uma terra de gente braba, bruta...falando em paraibano então! E a gente (o nordestino) é um povo tão tranquilo...fico sem entender às vezes.

Sábado passado mesmo passei por uma, que vou contar só pra vocês comprovarem o que estou dizendo.

Fui alugar um carro e a atendente ao ver meus documentos me perguntou de que cidade eu era da Paraiba...uma senhora que tava ao lado não deixou nem eu responder e já foi logo comentando: 

-Paraiba, terra de gente braba! Cabra macho!
 
Eu olhei pra ela com minha calma costumaz, usando um pequeno punhal pra limpar as unhas, e disse:  

- Que nada rapaz! A gente da Paraiba é mansinho mansinho!

A mulher num pulo saiu da locadora e esqueceu até a bolsa dela. Não sei porquê! Vôte! rsrsrs

domingo, 24 de março de 2013

Papa Francisco e a estratégia polonesa

Por Breno Altman, no sítio Opera Mundi:

A investidura do cardeal Jorge Bergoglio, como novo chefe da Igreja Católica, de alguma forma surpreendendo até os mais atentos analistas, pode ser interpretada através de paralelo histórico. A comparação possível remonta a 1978, quando os italianos perderam primazia sobre o Vaticano e o polonês Karol Wojtyla foi ungido como o papa João Paulo II.
 Apresentava-se de forma bastante clara o objetivo das correntes hegemônicas no colégio de cardeais, alinhadas com a geopolítica ocidental da guerra fria. Para enfrentar o campo socialista e decepar a influência dos valores de esquerda sobre o próprio catolicismo, fez-se necessário um cavalo de pau. Foi preciso inovar na origem do sucessor de Pedro para reduzir resistências contra o novo discurso ultramontano.

 A jogada tática revelou-se formidável para a consolidação do trio de ferro que lideraria a campanha pelo desmantelamento da União Soviética. Ao lado de Ronald Reagan e Margareth Thatcher, o papa polaco revigorou o reacionarismo clerical. Por sua nacionalidade, pôde operar no interior do território mais vulnerável e com maior população católica do mundo socialista. A partir dessa ofensiva, reuniu forças para dilacerar os grupos renovadores vinculados ao Concílio Vaticano II, particularmente os adeptos da Teologia da Libertação.

Os trinta e cinco anos de governo Wojtyla-Ratzinger, porém, levaram à exaustão determinada simbologia da direita católica, baseada na recuperação do caráter sagrado e aristocrático da igreja. O arsenal que fora útil para restaurar a hierarquia eclesiástica no período anterior, de batalha contra a dissidência teológica, acabou perdendo eficácia comparativa contra religiões de cunho mais popular, particularmente em países mais pobres.

A redução do número de fiéis e outros sinais de decadência provocaram fissuras e conflitos cada vez mais agudos na cúpula romana, dentro da qual se intensificaram tanto a disputa de opiniões quanto a guerra por mando e controle financeiro, para não falar de outras perversidades próprias do ambiente secreto e de impunidade que quase sempre vigorou no Vaticano.

Além do avanço evangélico em antigas fortalezas católicas, especialmente na América Latina, a igreja da região, devidamente domesticada por João Paulo II e Bento XVI, também passou a ver sua influência afrontada por nova onda de governos progressistas. Essas administrações, direta ou indiretamente, ademais de contrapor projetos terrenos de libertação ao espírito de compaixão passiva pelos pobres, ditado pelos últimos papas, abriram portas para temas laicos e modernizantes que apavoram fundamentalistas religiosos de distintas orientações.

Mudanças para legalizar casamento entre pessoas do mesmo sexo e o direito ao aborto, por exemplo, passaram a ocupar espaço relevante na agenda de nações do capitalismo periférico. Até mesmo o voto de castidade e outras regras corporativas voltaram ao debate, solapando uma silenciosa compreensão confessional do que seria o fim da história.

Nesse cenário de turbulências, apesar de visões antagônicas sobre vários assuntos, a esquerda e os evangélicos têm em comum certo apelo à simplicidade e ao diálogo com os desesperados. O conservadorismo católico que veste sapatos Prada e reassume hábitos medievais, na mão oposta, veio consolidando imagem de distância, opulência e arrogância.

A escolha do novo papa, portanto, naturalmente deveria acertar contas com essas variáveis, quais sejam: bloquear o crescimento dos pentecostais e barrar o avanço da esquerda na zona com a maior quantidade de católicos do planeta.

Entronizar um dos cardeais latino-americanos, nesta perspectiva, era opção previsível. Não apenas por nacionalidade, mas também para afastar a igreja do círculo putrefato no qual rondam seus líderes europeus e norte-americanos.

O axioma polonês foi útil na hora de decidir para qual país o pêndulo deveria se inclinar. A escolha pelo elo mais fraco parece nítida. A Argentina, diferentemente do Brasil, ainda é relativamente pouco afetada pela escalada evangélica e apresenta melhores condições para servir de plataforma às áreas hispânicas do subcontinente. Do ponto de vista político, entre todas as experiências latino-americanas, ali as forças progressistas enfrentam mais dificuldades e contradições, acossadas por uma classe média organizada e possante.

Por fim, entre os cardeais argentinos havia um homem que, como Wojtyla em seu momento, apresentava simultaneamente credenciais de conservadorismo e mudança. Há provas razoáveis que o cardeal Bergoglio, para além de posições reacionárias em direitos civis, comportou-se entre o silêncio obsequioso e a cumplicidade ativa perante a ditadura militar. Prestou-se, nos últimos tempos, ao papel de chefe moral da oposição direitista contra os Kirchners, de acordo com o próprio Departamento de Estado norte-americano. Mas seus hábitos são, ao menos aparentemente, os de um pastor humilde e próximo da gente comum, uma ruptura com o modelo púrpura de Roma.

A imagem do papa buono, que abriu a João XXIII o caminho para as reformas dos anos 60, agora é resgatada, em operação midiática de rara envergadura, para popularizar um príncipe da contra-reforma e reescrever sua contraditória biografia. Um conservador jesuíta que, como seus antepassados de ordem, foi escalado para dobrar a América Latina através do verbo e da catequese, abandonando o verticalismo doutrinário e oligárquico tão a gosto da Opus Dei e da igreja saxônica.

Essa alteração de método e perfil tem sido recebida por alguns setores como prenúncio de uma época de abertura no catolicismo. Não faltou quem classificasse de verdadeira encíclica o batismo de Bergoglio como o primeiro Francisco. Pode até ser, pois de onde nada se espera tudo pode vir, inclusive nada. Mas não foi a própria bíblia a alertar contra os lobos em pele de cordeiro?

sábado, 23 de março de 2013

quarta-feira, 13 de março de 2013

terça-feira, 12 de março de 2013

Jesus barrado no conclave dos Cardeais

Por Leonardo Boff, em seu blog:

Cardeais da Igreja Católica vieram de todas as partes do mundo, cada qual carregando as angústicas e as esperanças de seus povos, alguns martirizados pela Aids e outros atormentados pela fome e pela guerra. Mas todos mostravam certo constrangimento e até vergonha pois vieram à luz os escândalos, alguns até criminosos, ocorridos em muitas dioceses do mundo, com os padres pedófilos; outros implicados na lavagem de dinheiro de mafiosos e super-ricos italianos que para escapar dos duros ajustes financeiros do governo italiano, usavam o bom nome do Banco Vaticano para enviar milhões de Euros para a Alemanha e para os USA. E havia ainda escândalos sexuais no interior da Cúria bem como intrigas internas e disputas de poder.

Face à gravidade da situação, o Papa reinante sentiu que lhe faltavam forças para enfrentar tão pesada crise e constatando o colapso de sua própria teologia e o fracasso do modelo de Igreja, distanciado do Vaticano II, que, sem sucesso, tentou implementar na cristandade, acabou honestamente renunciando. Não era covardia de um pastor que abandona o rebanho mas a coragem de deixar o lugar para alguém mais apropriado para sanar o corpo ferido da Igreja-instituição.

Finalmente chegaram todos os Cardeais, alguns retardatários, à sede de São Pedro para elegerem um novo Papa. Fizeram várias reuniões prévias para ver como enfrentariam este fato inusitado da renúncia de um Papa e o que fariam com o volumoso relatório do estado degenerado da administração central da Igreja. Mas em fim decidiram que não podiam esperar mais e que em poucos dias deveriam realizar o Conclave.

Juntos rezaram e discutiram o estado da Terra e da Igreja, especialmente a crise moral e financeira que a todos preocupava e até escandalizava. Consideraram, à luz do Espírito de Deus, qual deles seria o mais apto para cumprir a dificil missão de “confirmar os irmãos e as irmãs na fé”, mandato que o Senhor conferira a Pedro e a seus sucessores e recuperar a moralidade perdida da instituição eclesiástica.

Enquanto lá estavam, fechados e isolados do mundo, eis que apareceu um senhor que pelo modo de vestir e pela cor de sua pele parecia ser um semita. Veio à porta da Capela Sistina e disse a um dos Cardeais retardatários: ”posso entrar com o Senhor, pois todos os Cardeais são meus representantes e preciso urgentemente falar com eles”.

O Cardeal, pensando tratar-se de um louco, fez um gesto de irritação e disse-lhe benevolamente: “resolva seu problema com a guarda suiça”. E bateu a porta. Então, este estranho senhor, calmamente se dirigiu ao guarda suiço e lhe disse:”posso entrar para falar com os Cardeais, meus representantes”?

O guarda o olhou de cima para baixo e não acreditando no que ouvira, pediu, perplexo, que repetisse o que dissera. E ele o fez. O guarda com certo desdém lhe disse: “aqui entram somente cardeais e ninguém mais”.

Mas esta figura enigmática insistiu: “eu até falei com um dos Cardeais e todos eles são meus representantes, por isso, me permito de estar com eles”.

O guarda, com razão, pensou estar diante de um paranóico destes que se apresentam como Cesar ou Napoleão. Chamou o chefe da guarda que tudo ouvira. Este o agarrou pelos ombros e lhe disse com voz alterada: ”Aqui não é um hospital psiquiátrico. Só um louco imagina que os Cardeais são seus representantes”.

Mandou que o entregassem ao chefe de polícia de Roma. Lá, no prédio central, repetiu o mesmo pedido: “preciso falar urgentemente com meus representantes, os Cardeais”. O chefe de polícia nem se deu ao trabalho de ouvir direito. Com um simples gesto determinou que fosse retirado. Dois fortes policiais o jogaram numa cela escura.

De lá de dentro continuava a gritar. Como ninguém o fizesse calar, deram-lhe murros na boca e muitos socos. Mas ele, sangrando, continuava a gritar:”preciso falar com meus representantes, os Cardeais”. Até que irrompeu cela adentro um soldado enorme que começou a golpeá-lo sem parar até que caisse desmaiado. Depois amarrou-lhe os braços com um pano e o dependurou em dois suportes que havia na parede. Parecia um crucificado. E não se ouviu mais gritar:”preciso falar com meus representantes, os Cardeais”.

Ocorre que este misterioso personagem não era cardeal, nem patriarca, nem metropolita, nem arcebispo, nem bispo, nem padre, nem batizado, nem cristão, nem católico. Era um simples homem, um judeu da Galiléia. Tinha uma mensagem que poderia salvar a Igreja e toda a humanidade. Mas ninguém quis ouvi-lo. Seu nome é Jeshua.

Qualquer semelhança com Jesus de Nazaré, de quem os Cardeais se dizem representantes, não é mera coincidência mas a pura verdade.

“Veio para os seus, e os seus não o receberam” observou mais tarde e tristemente um seu evangelista.

Ah impetigo brabo!

Uma amiga minha me surpreendeu hoje dizendo que está com impetigo.

Isso mesmo: impetigo! Você não sabe o que é impetigo? Nem eu!

Só sei de uma coisa; segundo ela, por conta do tal impetigo, ela não poderá ingerir bebida alcóolica durante um certo tempo.

Pense num impetigo brabo! Aí sim é impetigo! rsrsrsrs

domingo, 10 de março de 2013

sexta-feira, 8 de março de 2013

COISAS DO PARÁ I

Estava ontem na apuração da eleição do grêmio do IFPA e num momento de tensão um companheiro enraivecido com um integrante da chapa concorrente comentou comigo:

-Ele que se ligue que daqui a pouco eu dou um "pátchiaquieta" nele!

Olhei pra ele e disse: É o que homi?! pátchi o que?

-aí ele foi soletrando pra mim: PÁ TCHI AQUIETA!

Deu vontade de dizer um "vareite" bem grande pra ele mas me contive e pedi pra ele soletrar de novo.

Na verdade, a onda é a seguinte: é o PÁ representando um tabefe, murro ou algo do tipo, o "TI" que por aqui é cheio de chiado e aí se pronuncia "TCHI" e o "AQUIETA" que é pro cara se aquietar mesmo...

Coisas do Pará! Se liguem por aí e não arrumem confusão pra não receber um "pátchiaquieta"! ;) rsrsrsr

quinta-feira, 7 de março de 2013

sexta-feira, 1 de março de 2013