quinta-feira, 25 de setembro de 2014

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

A fome de Marina Silva

retirado do Diário do Centro do Mundo

O vídeo de um comício de Marina Silva em Fortaleza viralizou. O mote era sua defesa do Bolsa Família, programa que não será desativado em seu eventual governo.
Diz ela, emocionada:
”Eu sei o que é passar fome. Eu sei o que foi um sábado de aleluia em 1968. Tudo que minha mãe tinha, para oito filhos, era um ovo e um pouco de farinha e sal. Meu pai, minha mãe, minha avó, minha tia olhavam para aqueles oito irmãos. Eu me lembro de ter perguntado pro meu pai e minha mãe: ‘vocês não vão comer?’ Minha mãe respondeu: ‘nós não estamos com fome’. Uma criança acreditou naquilo. Quem viveu esta experiência, jamais acabará com o Bolsa Família. Não é um discurso, é uma vida. O compromisso não está escrito em um papel que depois eles rasgam e esquecem. Está escrito sabe aonde? Na carne deste corpo magro”.
É contundente. Ela interrompe sua fala por causa das lágrimas. Há quem, compreensivelmente, chore ao ouvi-la.
Mas essa passagem da vida de Marina adquiriu um tamanho inédito apenas recentemente.
Uma biografia de 2010 acaba de ser relançada. “Marina, a vida por uma causa” foi escrita pela jornalista Marília de Camargo César, que ouviu familiares, amigos e pessoas próximas de Marina ao longo de meses — além, é claro, da própria MS.
A palavra “fome” aparece dez vezes em mais de 260 páginas. Em nenhum momento referindo-se ao que ela disse no Ceará.
Ela conta da influência da avó paterna, Júlia, com quem morou no Seringal Bagaço, a 70 quilômetros de Rio Branco: “Na Semana Santa, não se comia carne nem nada que tivesse açúcar. Minha avó fazia mungunzá sem açúcar, arroz-doce sem açúcar. Deve ser uma tradição vinda do Ceará”.
Marina, segundo aprendemos, era muito querida pela avó. Arnóbio Marques, ex-governador do Acre, que a conhece “há uns duzentos anos”, aparece dizendo: “É a única pobre mimada que conheço”.
Marina tinha 10 anos quando do almoço mencionado no palanque. Há um testemunho da época no livro:
“Desde uns dez anos de idade, eu acordava todo dia por volta de quatro da manhã para preparar a comida que meu pai levava para a estrada da seringa. (…) Todo dia preparava farofa. Às vezes com carne, mas quase sempre com ovo e um pouquinho de cebola de palha, acompanhada de macaxeira frita. Aí botava dentro de uma lata vazia de manteiga, com tampa. Manteiga era comprada só quando minha mãe ganhava bebê. Meu pai encomendava no barracão — o entreposto de mercadorias mantido pelo dono do seringal — uma lata, pra fazer caldo d’água durante o período de resguardo. Por incrível que pareça, a manteiga vinha da Europa para as casas aviadoras de Manaus e Belém e dali chegava aos seringais do Acre.A lata era uma coisa preciosa. De bom tamanho, muito útil, tinha tampa e desenhos lindos e elegantes”.
Num outro trecho sobre a infância:
“Minhas irmãs também faziam as mesmas coisas que eu. As outras crianças, filhas de meus tios, do vizinho do lado, também iam pro roçado, iam buscar água no igarapé, varrer o terreiro, ajudavam a plantar arroz, milho e feijão. O pai à frente, cavando as covas, e elas colocando a sementinha nas covas. Você não tinha nenhum instrumento para ver uma realidade oposta àquela, para dizer: por que os filhos do fulano de tal ficam só brincando e nós, aqui, trabalhando? Não existia isso. Havia até um prazer de poder ajudar nossos pais a diminuir o fardo deles”.
Não se coloca em dúvida que Marina enfrentou enormes atribulações e é dona, sim, uma trajetória notável. A ex-seringueira acreana adquiriu malária cinco vezes, alfabetizou-se aos 16, chegou a senadora e ministra e concorre à presidência. Uma vencedora.
Mas a cartada da fome é típica de um populismo que, esperava-se, passaria longe da “nova política”. Quando ditou suas memórias, aquele sábado dramático, portinariano, não mereceu qualquer evocação. Hoje, talvez por insistência dos marqueteiros, a cena virou o filme.
É difícil competir com isso. Aécio, moço bem criado (ficou bom o botox), não tem o que oferecer nesse quesito. Dilma poderia apelar para o câncer ao qual sobreviveu para provocar a empatia da superação.
Se o fizesse, porém, a candidata do PSB provavelmente estaria pronta para acusá-la de demagogia.
A revelação em Fortaleza é mais uma faceta de um personagem surpreendente, cuja história não vai parar de ganhar novos capítulos e ser reescrita. Pelo menos até o fim das eleições.

50 ANOS DOS ASSASSINATOS DE PEDRO FAZENDEIRO E NEGO FUBA

07 DE SETEMBRO – INDEPENDÊNCIA OU MORTE? MORTE!!!
A vida é o direito mais sublime do ser humano.  Foi concedido por Deus. Só ele pode tomá-lo de volta. Não foi assim com Pedro Inácio de Araújo (Pedro Fazendeiro) e João Alfredo (Nego Fuba). Dois líderes camponeses cuja luta tinha como objetivo assegurar os direitos dos trabalhadores e a concretização da Reforma Agrária no Brasil. Para isso, fazia-se necessário que o homem do campo tivesse uma entidade que os assistisse e, em 1958, foi fundada a Liga Camponesa de Sapé, que tinha como lideranças João Pedro Teixeira; Pedro Fazendeiro, Nego Fuba, Assis Lemos, Severino Barbosa e outros.
Pedro Fazendeiro, homem de caráter, carismático, destemido, pacífico. Consciente da exploração do homem do campo, tinha o perfil perfeito para conscientizar o trabalhador na luta por seus direitos. Fazia o trabalho de base, era o alicerce das Ligas no campo. À medida que a Liga de Sapé crescia, crescia também a aversão dos latifundiários por ele e seus companheiros. Há época, o coronel Luiz de Barros, delegado do Município de Sapé, era o “carrasco dos trabalhadores”.
Com o Golpe Militar de 64, covardes, assassinos, psicopatas e detentores do poder deram vazão a seus piores instintos de crueldade. Pedro Fazendeiro foi preso no 15º Regimento de Infantaria, em Cruz das Armas. Órgão das Forças Armadas do Exército Brasileiro, na época sob o comando de José Benedito Montenegro de Magalhães Cordeiro, o major Cordeiro, capacho dos usineiros.
Lá, Pedro Fazendeiro foi torturado física e psicologicamente até o dia 07 de setembro de 1964, data em que, na calada da noite foi simulada uma soltura e Pedro Fazendeiro, juntamente com João Alfredo, foram levados pelos agentes. Hoje, 07 de setembro de 2014 – data que simboliza liberdade –meio século se passou, eas gerações de Pedro Fazendeiro e  Nego Fuba vivem presas à eterna tortura e a sentimentos de saudade, espera, dor, dúvida, desesperança, revolta, injustiça por conta da impunidade que se arrasta.
Pedimos que seja revista esta Lei da Anistia: não pode um torturador, um criminoso ser anistiado. Pedimos que o silêncio seja quebrado. As gerações atuais e futuras têm direito à verdade. É uma parte podre da História do Brasil que deve ser conhecida em toda sua totalidade. Pedimos que abram os arquivos da Ditadura. Não podemos continuar como Eternos Filhos do Silêncio. Queremos os restos mortais dos dois líderes para dar-lhes ao menos um sepultamento digno. Nossas entranhas clamam por justiça!
José Marinardi de Araújo
Josineide Maria de Araújo
Nadieje Maria de Araújo (in memoriam)
Naúgia Maria de Araújo
Walter de Araújo
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Filhos de Pedro Fazendeiro

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Imagem do dia

Foto retirado do site uol

Resistência dos sem-teto paralisa o centro de São Paulo. De um lado o Estado não garante direitos e os governos não realizam a Reforma Urbana. Do outro, o povo resiste como pode em defesa do direito a moradia digna. É a luta de classes avançando cada vez mais!

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

By Latuff


Saneamento básico: questão de vida! E vida não se privatiza!

A edição do Jornal da Paraíba de hoje (03/09/2014) divulga pesquisa acerca das preocupações dos eleitores paraibanos neste ano. Em primeiro lugar encontra-se a preocupação com a saúde seguido da preocupação com o abastecimento de água. Os números são 31% e 20%, respectivamente, dos entrevistados pela pesquisa IBOPE, contratada pelas TVs Cabo Branco e Paraíba. Dois problemas que, inclusive, tem relação direta, pois água é vida e não há vida sem saúde de qualidade.

É necessário destacar na pesquisa que, ao contrário do que se poderia pensar e do que comumente encontramos nos guias eleitorais, a preocupação dos eleitores está longe de ser a segurança pública que, na pesquisa citada, é apontada por 10% dos entrevistados na lista dos problemas enfrentados pela população. Segurança pública ainda fica atrás da preocupação com a educação que recebeu a votação de 12% nessa pesquisa.

O editorial da Folha de São Paulo do último sábado (30/08) intitulado “Brasil maltratado” aborda a questão do saneamento básico com base em dados divulgados pelo Instituto Trata Brasil. Segundo cálculo do Instituto somente nas cem maiores cidades brasileiras, 2.959 enormes piscinas de líquido de esgoto são lançadas sem tratamento nos rios. Na opinião do editorial, compartilhada aqui, “Pelo nível de renda que alcançou, o Brasil deveria ostentar indicadores bem vergonhosos de saneamento”.

E segue: 82,7% da população já têm acesso à água tratada, se aproximando assim da sua universalização. Já quando se fala de coleta de esgoto a média nacional é de apenas 48,3%. Menos da metade da população tem seus dejetos recolhidos. Quanto ao tratamento do esgoto a média vai pra baixo atingindo o índice vergonhoso de 38,7%.

“São Paulo, a maior e mais rica metrópole, não se sai muito melhor. Recolhe 96,1% do esgoto, mas trata apenas 52,2%. Tem 99,1% da população servida pela rede de água, no entanto enfrenta agora grave crise de abastecimento” diz o editorial.

Sem sombra de dúvidas, como vemos, a questão da água e saneamento é uma preocupação que diz respeito não apenas ao Estado da Paraíba e é preciso encará-la com responsabilidade. Para muitos governantes, lidar com esse tema não merece muita atenção, devido ao fato de se tratar de obras enterradas que causam transtorno quando se encontram em execução, e assim, não são “rentáveis” do ponto de vista eleitoreiro. Assim, tem ganhado força a idéia de que a melhor solução é a privatização deste setor, algo que ocorreu no Estado vizinho, Pernambuco, onde o sistema de esgotamento sanitário foi entregue a Odebrecht.

Na Paraíba, eleição após eleição é levantada a questão da privatização da CAGEPA ou sobre os projetos de Parceria Pública Privada, as PPPs, que tem se tornado moda entre os governantes em todo o país. Questão que aumenta nossa preocupação quando vemos a saúde ser entregue a iniciativa privada e não se diminuir os problemas enfrentados pela população; ao contrário. Não podemos ficar a mercê de empresas privadas cujo único objetivo é o lucro. Estamos falando, como exposto no início do artigo, de vida. E nossas vidas não podem se tornar objeto de lucro num mundo onde tudo é mercantilizado. Que se faça a reflexão!

Emerson Lira


segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Marina Silva é a nova cara da extrema-direita

Retirado do sítio do Jornal A Verdade

Após 12 anos no governo, o PT vive um momento de grande desgaste. Por não querer contrariar os interesses dos capitalistas, especuladores e ruralistas, os governos de Lula e Dilma gerenciaram a economia durante a última década garantindo os super-lucros dos setores privilegiados. Na área social, o governo procurou atender alguns setores com reformas e ampliação do crédito, mas que não tocaram, de fato, na principal contradição que é a enorme desigualdade social que existe no Brasil somada às péssimas condições dos serviços públicos.

Em junho de 2013, ficou evidente para quem ainda não queria ver o grande descontentamento do povo para com essa política de conciliação.  A classe trabalhadora, com amplas parcelas da juventude à frente, foi às ruas para gritar em alto e bom som toda a sua revolta. O número de greves é o maior desde a década de 90 e, mesmo que seja necessário enfrentar as direções sindicais, os trabalhadores escolhem parar e exigir seus direitos.

No momento das eleições, toda essa revolta se expressou em uma importante rejeição à candidata do PT ao executivo nacional, até porque Dilma não apresentou nenhuma proposta que representasse um enfrentamento aos problemas do país. Dilma se propõe a ficar mais quatro anos no governo fazendo mais do mesmo.
Belo Horizonte, Junho 2013
Belo Horizonte, Junho 2013

No entanto, todo o trabalho das organizações populares durante os anos de governo do PT não foi em vão. O povo brasileiro cresceu sua consciência política ao ponto de ver claramente que o PSDB é um partido que governa apenas para os ricos e de nenhuma maneira expressa uma mudança que beneficie os trabalhadores. Aécio Neves, candidato do PSDB, permanece com uma quantidade ridícula de intenções de voto para quem conta com o apoio total e irrestrito da mídia dos monopólios e dos banqueiros.

A rejeição ao PT, no entanto, está desaguando em uma candidatura que vem se mostrando tão reacionária quanto a do PSDB.

Após a morte de Eduardo Campos, Marina Silva assumiu candidatura a presidente se apresentando como portadora da novidade. Por ser mulher, negra, de origem nas lutas populares e por ter se desvinculado do PT em 2010, Marina conseguiu capitalizar o sentimento de transformação social e a fé na mudança política, principalmente, das parcelas mais jovens do povo. A história que Marina não conta, no entanto, é como ela conseguiu chegar lá, quem a apoia, financia, e quem está por trás de seu verdadeiro projeto político, projeto esse que ela prefere esconder ou desconversar.

Itaú e Natura, uma aliança das elites

Foi a associação com dois grandes capitalistas que deu a Marina Silva a estrutura para iniciar a construção de seu partido (REDE) e impulsionar suas candidaturas a presidente. Neca Setúbal, herdeira do Banco Itaú, e Guilherme Leal, bilionário dono da marca de cosméticos Natura e candidato a vice na chapa de Marina, se uniram para dar a Marina todo o dinheiro necessário para a construção da “nova política”.

O programa de Marina Silva e da REDE é dúbio e tergiversa sobre diversos pontos, menos no que diz respeito a manutenção da atual política econômica, que significa a retirada de dinheiro da saúde, educação e áreas sociais para pagar a dívida pública mantendo altos índices de juros. O próprio banco Itaú, além de ser devedor do fisco, é dono de muitos títulos da dívida brasileira.

Marina é, dessa maneira, apenas uma nova cara utilizada pela extrema-direita para expressar seu já velho e surrado programa de privatizações, aumento do controle dos financistas sobre a economia, arrocho salarial, ataque aos direitos trabalhistas e submissão do Brasil aos interesses dos países imperialistas.

Marina tenta se apropriar de tudo que cheire a novidade ou que represente a última moda, com o objetivo de disfarçar a velhice de seu programa. Caiu como uma luva sua religião evangélica, a mesma que está em crescimento no Brasil com o declínio da Igreja Católica em número de fiéis. Assim, a candidata não hesita em se dobrar diante de ameaças de pastores reacionários como Silas Malafaia, por exemplo.

A defesa do meio ambiente também é uma bandeira da moda que a candidata empunha sem disfarçar oportunismo. Não se encontra em seu discurso uma única crítica ao uso intensivo de agrotóxicos pelos ruralistas do agronegócio, um verdadeiro veneno que é posto em nossa mesa, e a defesa da reforma agrária também é um ponto esquecido.

Sobre todo o resto, não é possível ter certeza quem vai de fato governar. Se é Marina Silva, que não conta com o um partido constituído ou uma base social capaz de gerenciar o governo, ou se são os capitalistas que financiam e formulam sua campanha, e estão acostumados há anos na gestão do Estado.

Debater e explicar para a juventude

Fazer vencer o projeto da classe trabalhadora, o socialismo, significa também derrotar do ponto de vista ideológico o conteúdo e a forma da ideologia reacionária. É preciso explicar e debater com todos, mostrando que Marina é a nova cara do programa da extrema-direita, que foi derrotado na consciência de grande parte das pessoas e agora quer ressurgir com novos slogans e velhas práticas.

É preciso debater e explicar, em especial à juventude, que a novidade não está na forma do discurso, mas no conteúdo das ideias. São as ideias de igualdade social, fraternidade entre as pessoas e combate à exploração e ganância que representam o futuro, e não a velha proposta de manter a política econômica que beneficiou e vai continuar beneficiando os muito ricos.

Nesses pouco mais de 30 dias que faltam para as eleições, não podemos fingir que esse debate está acontecendo fora da nossa base social e que não nos diz respeito. Desmascarar a candidatura de Marina é desmascarar a nova cara que a extrema-direita pretende assumir no Brasil.

Jorge Batista, São Paulo