quinta-feira, 24 de abril de 2014

By Latuff


A mídia manipula a favor da CPI da Eletrobrás com fins eleitoreiros

O último debate entre Lula e Collor, em 1989, manipulado pela TV Globo para favorecer a candidatura Collor, mudou o rumo da história. A edição tendenciosa virou objeto de estudo nos cursos de Comunicação e Política. Numa disputa acirrada, o peso da mídia pode ter mudado o resultado das urnas.

Hoje não só a Globo mas todos os grandes conglomerados de rádio, jornal e televisão continuam a desempenhar esse mesmo papel deplorável e antidemocrático. O alvo do momento é a Petrobrás. Por trás da indecente manipulação dos fatos e opiniões estão os donos do poder: as grandes petrolíferas, o capital financeiro e os interesses norte-americanos, unidos num conluio que, em última análise, pretende desmoralizar para privatizar a empresa.

Fato recente aconteceu na Band News, no programa Ricardo Boechat. Na quarta-feira (9) o jornalista perguntou, em rede nacional, onde estavam a Associação de Engenheiros da Petrobras (Aepet) e o Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro-RJ) que não se pronunciavam diante das denúncias de corrupção na Petrobrás. Como se as duas entidades estivessem omissas. Diante do público, o jornalista desafiou Aepet e Sindipetro-RJ a se pronunciarem. Em instantes, durante o programa, eu, Emanuel Cancella, coordenador do Sindipetro-RJ, e o presidente da Aepet, Sílvio Sinedino, entramos em contato com o programa, no Rio, mas não fossos ouvidos. Tudo isso está registrado em nossos telefones.

No mesmo dia, nossa assessoria de imprensa também entrou em contato com a Band News, em São Paulo. Ficou a promessa de que seríamos procurados pela produção da rádio no dia seguinte, quinta-feira. Mas tudo o que puseram no ar foi uma edição gravada e veiculada apenas na sexta-feira. Uma fala editada e reduzida de Sílvio Sinedino. Apenas o trecho em que Sinedido contestava o ministro Guido Mantega sobre Pasadena. Nós, do Sindipetro-RJ, não tivemos a oportunidade de expressar a nossa opinião.

No jargão jornalístico isso tem nome: manipulação da informação. O Sindicato dos Petroleiros do Rio gostaria de dizer à sociedade que, a despeito de todo ataque que a Petrobrás está recebendo da mídia, o petroleiro trabalha e quem afirma isso são os resultados da empresa. Nós, trabalhadores da Petrobrás, não compactuamos com corruptos e corruptores.

Mas percebemos que a mídia só se interesse por algumas denúncias e só se escandaliza, de forma oportunista, com alguns atos de corrupção. Outros, prefere esconder debaixo do tapete. Se os personagens implicados nos atos de corrupção estiverem a serviço dos interesses privatistas podem ser alçados até à condição de heróis. Caso da atual presidente da companhia Maria das Graças Foster.

O Sindipetro-RJ denunciou que o marido da presidente da Petrobrás tinha 43 contratos com empresa, sendo 20 sem licitação, mas a mídia não se interessou em apurar. Pelo contrário, depois do leilão do campo de Libra, Graça Foster recebeu o título de “personalidade do ano”. Quando o presdidente da Aepet, há dois anos, denunciou o caso da Refinaria de Pasadina, a mídia também não repercutiu.

Agora, próximo do processo eleitoral, tudo muda de figura. O que não interessava antes vira escândalo e manchete. Os outros candidatos, Aécio Neves e Eduardo Campos, seriam mais confiáveis ao sistema financeiro internacional? Por que a mídia insiste na CPI da Petrobrás, mas tenta inviabilizar a apuração das irregularidades que envolvem as obras de SUAPE, em Pernambuco, que fatalmente atingiriam o governador licenciado Eduardo Campos? Por que faz de tudo para esconder os escândalos do metrô de São Paulo, que mancham a reputação e a imagem do PSDB de Mário Covas a Geraldo Alckmin? Ironicamente, chamam a inclusão desses fatos na CPI de “chistudo”.

É evidente que a grande mídia e arrota democracia mas se alimenta de arbitrariedades. Julga com pesos diferentes. Manipula contra a maioria da população, em favor dos interesses dos ricos e poderosos.
Com o respaldo da grande mídia, o Ministério Público e a Polícia Federal prenderam um corrupto que, no momento, já pode ser descartado. Paulo Roberto Costa, ex diretor da Petrobrás que, aliás, ocupou cargo-chave na empresa desde o governo FHC. Corruptos podem ser substituídos e descartados. Mas o que diz a grande mídia sobre os corruptores? Sobre estes, se cala. Duvido que seus nomes venham à tona.

A mídia que agora cobra “moralização”, capitaneada pela Globo, é a mesma que apoiou as privatizações e não aceita a Petrobrás como única gestora do pré-sal. Desde que foram anunciadas as imensas jazidas do pré-sal, no governo Lula, foram acrescentadas às reservas nacionais 70 bilhões de barris de petróleo. Só isso já garante a autossuficiência do Brasil nos próximos 50 anos. Porém há muito mais a ser descoberto.
É nesse petróleo que eles estão de olho! Não é o Sindipetro-RJ que denuncia, é Maria Augusta Tibiriçá Miranda. Em seu livro “ O Petróleo é nosso!” (1983) ela alerta: “…os inimigos da Petrobrás não desistem nunca”…

Revelação do Wikileaks – Os documentos revelados se referem à insatisfação das petroleiras com a nova lei aprovada pelo Congresso brasileiro– em especial por ser a Petrobrás, a única operadora do pré-sal. Revela, ainda, como elas atuaram fortemente no Senado para mudar a lei.

De acordo com o Wikileaks, as grandes petrolíferas recomendam: “é preciso cuidado para não despertar o nacionalismo dos brasileiros”. Assim como na Venezuela, onde existe um grande complô para tirar Nicolas Maduro do governo, para se apoderarem da maior reserva de petróleo do Planeta, também no Brasil o que importa é controlar o petróleo. A mídia brasileira está servindo às multinacionais estrangeiras que pretendem destruir a Petrobrás para tomar conta das reservas de petróleo do nosso pré-sal.

*Emanuel Cancella é coordenador do Sindipetro-RJ e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).

Charge da semana


quarta-feira, 23 de abril de 2014

terça-feira, 22 de abril de 2014

segunda-feira, 21 de abril de 2014

domingo, 13 de abril de 2014

O PODER MUNDIAL NÃO PRECISA DE GOLPE NO BRASIL


As riquezas minerais, especialmente o petróleo, continuam sendo o grande motivo de muitos golpes em diversas partes do mundo, para garantir a exploração e posse desses bens por alguns poucos países ricos. É óbvio, há interesse por outras riquezas também.

Há quem pense, talvez a grande maioria, que quem conduz todo o esquema de exploração das riquezas dos países periféricos seja apenas o imperialista EUA. Desconhecem o verdadeiro poder mundial das 300 famílias detentoras de imensas fortunas, lideradas por 13 dinastias, que habitam em vários países. Manejam o poder através de mecanismos que se pode conhecer em meu blog, no artigo “Governo Mundial”.

Diversos países foram invadidos ou sofreram golpes patrocinados pelos EUA, França, Grã Bretanha etc.

No Brasil, Getúlio Vargas, ao sair do poder em 1945, deixou créditos de cerca de US$ 500 milhões junto aos EUA e £100 milhões junto a Inglaterra. José Linhares exerceu a presidência por seis meses, passando para o Marechal Eurico Gaspar Dutra que cedeu às pressões daqueles dois países devedores.

O primeiro, EUA, obrigou o Brasil a dilapidar os créditos em mercadorias que ainda não fabricava: importou rádios de pilhas, geladeiras, iô-iôs, canetas esferográficas etc. Não pôde aplicar em bens de capital. O outro país devedor, obrigou o governo Dutra a encampar a falida e sucateada “The Leopoldina Railway Co.”, por quase todo o valor dos créditos brasileiros e, pior, faltando, pelo contrato, apenas alguns meses para voltar para a União sem nenhum custo. 

E Dutra, de quebra, criou a Escola Superior de Guerra, sob figurino desenhado por oficiais norte-americanos.

Voltando à presidência, em 1951, Getulio imprimiu orientação de defesa das riquezas nacionais. Caiu em 1954, após a aprovação da Lei 2004 (monopólio estatal do petróleo) e a limitação da remessa de lucros.

Jânio Quadros caiu em agosto de 1961, após restabelecer relações diplomáticas com países da “Cortina de Ferro”, preparar o restabelecimento com a URSS, mandar limitar a remessa de lucros para o exterior e impedir a criação de uma Força Interamericana para invadir Cuba, proposta pelos EUA.

João Goulart foi derrubado após editar decreto de limitação da remessa de lucros e medidas que desgostaram a burguesia rural. O golpe que o derrubou em 1964, iniciou-se em 1954, pois o poder mundial não permitia nenhum governo que tivesse autonomia. Em 1964, devido também à conjuntura internacional, militares, com apoio de civis, consumaram o golpe idealizado, conforme o embaixador Lincoln Gordon, pelos EUA. Afinal, Cuba estava atravessada na garganta do poder internacional e já se avizinhavam outros governos populares.

Quando Obama anunciou que iria bombardear a Síria, para derrubar o governo de Bashar Assad, era a aplicação da política de dominação universal concebida no final da II Guerra Mundial. Recuou devido à indecisão do Congresso e repúdio da opinião pública, mas não significa modificação da política para o Oriente Médio. Em 1953, ao derrubar o governo nacionalista de Mossadegh no Irã, recolonizou o pais e estabeleceu uma base para toda a região.

Foi no governo de Franklin Roosevelt (1882/1945) – quatro mandatos 1933/45 –, que foi criado o “War and Peace Program” visando ao domínio perpétuo dos EUA sobre todo o mundo, quando ainda se pensava que, com a desagregação do Império Britânico, a Grã Bretanha deixaria de ser imperialista.

No início da ditadura militar-civil no Brasil, o grande capital internacional gozava de ampla liberdade. Porém, Geisel (1974/1979) impôs algumas medidas de defesa da nossa soberania. Fez acordo com a Alemanha para construir a usina nuclear de Angra, desagradando aos EUA, e denunciou o Acordo Militar Brasil-EUA, que Lula veio a restabelecer.

David Rockefeller cria e preside, em 1982, o “Diálogo Interamericano” e a política imperialista para a America Latina começa a mudar.
Sofreram golpes também, o Chile (grandes reservas de cobre), a Bolívia (gás natural), Argentina (petróleo) e até o pequenino Uruguai, estratégico para o pleno desenvolvimento das ditaduras latino-americanas.

Os golpes foram efetuados para liberdade de exploração das riquezas minerais dos diversos países. Essa necessidade dos países dominantes persiste até hoje, para que possam desenvolver suas próprias economias  e dominar a economia mundial.

Esperava-se que, com o restabelecimento da democracia no Brasil, os governos eleitos tivessem autonomia, devido à legitimidade conferida pelas urnas, e defendessem os interesses nacionais e populares. Ledo engano. Os grandes grupos internacionais continuam dando as cartas.

Sarney, igual a peru tonto, empurrou com a barriga seus cinco anos. Collor foi mais incisivo na implantação da política econômica neoliberal que Fernando Henrique consolidou e aprofundou a desnacionalização da economia com as privatizações, a derrubada do monopólio estatal do petróleo, beneficiando as petroleiras multinacionais e atacou os direitos sociais, trabalhistas e previdenciários e outras medidas lesivas aos interesses nacionais.

Lula manteve a mesma política e, mais realista que o rei, aceitou a nomeação para a presidência do Banco Central do Brasil do indicado por David Rockefeller. Anunciou o Sr. Meireles em Washington, em Nov/2002, após sair de uma reunião como George Bush. E, no mesmo mês e ano, passou um final de semana na fazenda da família Moreira Salles, testa de ferro da multinacional Molycorps que explora nióbio no Brasil e é dona da maior reserva do mundo em Araxá. Esse preciosíssimo mineral está saindo desbragadamente para a Grã Bretanha e para os EUA, países que não dispõem em seus sub solos de nenhum grama do metal. O manganês do Amapá já acabou, e ficaram apenas os buracos.

Dilma aceita tudo, e as empresas nacionais estão sendo adquiridas, livremente, pelas multinacionais que já dominam a rede de supermercados, lanchonetes, laboratórios, indústrias, distribuidoras de energia, telefonia etc. E privatizou o pré-sal.

Portanto, se o poder mundial, o grande capital, os bancos, os grandes órgãos de mídia, o agronegócio, estão à vontade e lucrando como nunca, por que tirar do poder quem lhe atende completamente? E, de quebra, se a oposição vencer, nada mudará. Será o original derrotando a cópia.

Interessa a esse poder, sim, derrubar governos que acabaram com a exploração de suas riquezas nacionais, como Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua e até a Argentina, que está tomando medidas de defesa de suas riquezas.

By Latuff