quarta-feira, 25 de agosto de 2010

E se ele tivesse apertado o gatilho? E se ele tivesse me violentado?


Por Renata Escarião

No ouvido ficaram as ameaças, no corpo aquela sensação das mãos imundas, na nuca a gélida dureza do cano da arma.

Ele está na minha janela? Vai estar mais uma vez na próxima esquina que eu cruzar? Ninguém me garante que não.

O que mais me apavora e indigna é saber que a arma lhe dava tanto poder. Que ali mesmo ele poderia ter acabado com a minha vida. Como pode alguém decidir sobre o direito de viver do outro? Sobre o direito de seguir sem assédio ou trauma?

Voltava tranquilamente para casa quando um homem de boa aparência e sotaque paulista me parou para pedir uma informação. Estava ao celular parado na calçada por onde eu passava. Quis saber o nome da rua e alongou a conversa perguntando onde poderia adquirir créditos para o celular. Parecia ser de fora e estar perdido a procura de um endereço.

Atenciosa como seria qualquer uma que não imagina o mal que a aguarda, dei todas as explicações. Mas estranhei tanta insistência. Antes que me virasse e fosse embora, o susto. Educadamente o homem sacou a arma, disse que era um assalto e que atirava se eu reagisse.

Invonlutariamente, fastei para trás, mas logo dei um passo de volta a frente diante das ameaças com tom de gentileza para que ninguém percebesse o ocorrido.

Ordenou que eu chegasse perto como se estivesse com ele. Me abraçou, pôs a arma na minha nuca e me beijou incessantemente os cabelos para que pensassem que éramos um casal. Procurei com apenas uma mão a carteira dentro da mochila enquanto ele se aproveitava e enfiava a mão no meu decote. Abri a carteira, mostrei que só tinha R$ 10 e ele disse que eu podia guardar. Não quis o dinheiro.

Pediu o celular enquanto escorregava as mãos pelas minhas costas e bunda. Entreguei. Olhou, analisou e disse que não queria.

- Você é casada ou solteira? Perguntou.

- Onde você mora? É aqui perto?

Gelei. Emudeci. Ele não queria dinheiro, não queria celular, queria a maldade que eu sentia com nojo daquelas mãos.

Nada respondi. Senti trêmula suas mãos insistirem no meu corpo. O cano da arma roçar os fios de cabelo no meu pescoço. Achei que fosse morrer. Achei que ele poderia fazer o que quisesse comigo….me violentar, me matar….ele tinha todo o poder.

Nem respirei.

Caladinha, caladinha…….

E ele beijou minha testa e disse:

- Vá com Deus.

Passou a mão na minha bunda. Disse que me mataria se eu olhasse para trás. Que atiraria….

- Caladinha, caladinha !……susurrou

Não me atrevi a olhar pra trás. Dobrei a esquina, entrei na primeira casa cuja porta estava aberta e pedi ajuda.

Com ajuda de desconhecidos cheguei em casa. Liguei pra polícia, pra uns amigos e descobri que se tratava do mesmo homem que há menos de uma semana roubou o carro de uma moça, a levou com ele, ordenou que tirasse a roupa…..mas ela felizmente conseguiu fugir.

Recebi a visita dos policiais. Contei tudo. Disseram que fizeram rondas mas “o meliante evadiu-se do local”.

Foi seu moço, “evadiu-se”, e levou com ele minha noção de liberdade.

Com quantas não será que fez a mesma coisa ou pior? Fiquem alertas meninas. E denunciem.

Senti no olhar das tais autoridades a apatia diante da não novidade. O ar de: não foi nada demais.

Foi senhores, foi sim. Porque um passo em falso e eu poderia ter ficado lá mesmo, naquela esquina. Porque eu tive meu corpo violado. Minha noção de segurança e liberdade destruídos.

Porque eu tenho o direito de andar livremente sem que minha condição de sexo feminino seja uma fragilidade, sem que eu veja um bandido agir muito a vontade em uma rua movimentada às 20h30 da noite.

Me apavora pensar no que ele poderia ter feito. Me alivia saber que alguma força divina intercedeu, só pode, porque não entendo até agora porque ele me deixou ir.

E num país onde a banalização da violência é generalizada, me pego exausta na busca de um instante de sono tentando me convencer que não foi nada demais.

Diz isso pras palavras e imagens que continuam ecoando na minha cabeça.

Na mesma noite uma empresária foi morta ao reagir a um assalto no Bessa.

Podia ter sido meu destino também.

E o que mais apavora é saber que ainda pode ser.

O meu e o de qualquer um de nós.

Filho da puta.


AJUDEM A DIVULGAR A INFORMAÇÃO PARA QUE ELE NÃO FAÇA OUTRAS VÍTIMAS!


CUIDADO MENINAS! NEM TUDO É O QUE PARECE!


EU TIVE SORTE, MAS QUANTAS TERÃO?

retirado do blog intermintências

Charge - Amarildo

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Álvaro Uribe e os crimes de lesa humanidade

O povo organizado da Colômbia quer que tudo seja esclarecido e exige ainda a punição de Uribe por estes crimes

12/08/2010

Elaine Tavares

A mídia brasileira é pródiga em falar do conflito armado na Colômbia, sempre na perspectiva do governo, até estes dias, de Álvaro Uribe. Este, geralmente foi mostrado como o grande democrata que estava fazendo todo o possível para acabar com uma guerra civil que perdura por décadas. Jamais se ouviu ou se leu na mídia comercial brasileira sobre a famosa “black list”, um documento produzido pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, que mostra Uribe como um narcotraficante. O documento é explícito: Álvaro Uribe é um senador (isso em 1991) que colabora ativamente com o cartel de Medelin, recebe dinheiro por isso e é amigo pessoal de Pablo Escobar. Talvez por isso mesmo os EUA tenham apoiado o então senador quando este quis ser presidente da Colômbia e o foi por dois mandatos. Não é sem razão que Uribe permitiu a instalação de nove bases militares estadunidenses no território colombiano.

Durante estes anos em que esteve à frente do governo colombiano, Uribe certamente não deixou de ser um fiel servidor do narcotráfico e não é à toa que agora inicia um processo de guerra contra a Venezuela, alegando mentiras sobre a ligação do governo de Chávez com os “terroristas” das FARCs. Segue o mesmo exemplo de seu chefe, George Bush, quando quis fazer a guerra contra o Iraque, a partir de mentiras como a que o Iraque teria armas químicas.

Primeiro, as FARCs não são formadas por terroristas. São exércitos regulares que lutam, armados, contra o exército da Colômbia e tem um plano de libertação para o país. Segundo, Uribe tem todo o interesse em se manter fora da cadeia, já que é um narcotraficante reconhecido inclusive pelos EUA, então precisa criar sobre si uma cortina de fumaça. E terceiro, durante seus mandatos promoveu tantos crimes e atrocidades que igualmente deve ser julgado por crime de lesa humanidade.

Na última semana, uma fossa encontrada no pequeno povoado de La Macarena, a uns 200 quilômetros de Bogotá, região que é conhecida como uma das mais “quentes” no processo do conflito colombiano, revelou parte de toda essa atrocidade que o terrorismo de estado tem praticado ao longo dos anos. Mais de dois mil cadáveres foram encontrados, amontoados uns sobre os outros, alguns ainda com as mãos e pés amarrados. Este se trata de um dos maiores enterros coletivos de vítimas que se tem notícia na América Latina. Segundo as informações dos jornais colombianos, a fossa teria corpos desde o ano de 2005, sempre renovados.

O exército colombiano se apressou em dizer que os corpos eram de guerrilheiros que haviam morrido em combate. Mas, o povo da região não confirma isso. Pelo contrário, o que os moradores dizem é que aqueles corpos são de líderes sociais, camponeses e militantes populares que desapareceram sem deixar qualquer rastro.

A cova foi descoberta por conta da denúncia realizada por gente que esteve por anos atuando junto aos paramilitares e que se entregou sob a proteção de uma controvertida lei chamada de Lei de Justiça e Paz. Esta lei garante aos informantes uma pena simbólica se eles confessarem seus crimes. Durante estas sessões de “confissão”, um dos chefes de um grupo paramilitar chamado John Jairo Renteria revelou que ele e seu grupo chegaram a enterrar mais de 800 pessoas em uma fazenda na cidade de Puerto Asís. Também confessou que os seus comandados usavam estas pessoas (sindicalistas, militantes sociais, estudantes) para aprender como esquartejar uma pessoa e revelou que alguns procedimentos eram feitos com as pessoas ainda vivas.

A audiência e a localização dos corpos da cova de La Macarena aconteceram no mesmo dia em que o governo de Santos, atual presidente colombiano, pediu uma reunião urgente na OEA para denunciar a Venezuela como um estado que estava acolhendo membro das FARCs. Nada mais do que outra cortina de fumaça para tentar encobrir o horror da descoberta e das outras tantas atrocidades produzidas pelo governo de seu amigo e antecessor Álvaro Uribe.

O povo organizado da Colômbia quer que tudo seja esclarecido e exige ainda a punição de Uribe por estes crimes, imprescritíveis, de lesa humanidade.

Elaine Tavares é jornalista.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

terça-feira, 3 de agosto de 2010

QUANTO DESCONHECIMENTO!!!! REPASSO COM INDIGNAÇÃO....MANA

Aprendi logo cedo, que jornalismo se faz com paixão e zelo, com técnica e paixão, com fatos e alguma poesia. A jornalista Christina Fuscaldo - que esteve em João Pessoa para cobrir o Festival Nacional de Arte, o Fenart - esqueceu algumas dessas pilastras. Em um texto publicado na revista Rolling Stone, na sua versão brasileira, a competente repórter-redatora nos feriu a paraibanidade com golpes de desconhecimento brutais.

Disse Fuscaldo: "A não ser pelo aparecimento de alguns fenômenos ao longo da história, Paraíba não costuma chamar a atenção por sua música, seu teatro, seu cinema e sua literatura. Vizinho do culturalmente bem-sucedido Pernambuco, o estado nunca viu a formação de um movimento que tivesse como objetivo a divulgação de suas riquezas".

Não é minha intenção e nem meu interesse, queimar a nobre jornalista em uma fogueira inquisitória, mas pretendo defender esse Estado nobre, de riquíssima e variada produção artístico-cultural através dos anos, das décadas, dos séculos. A Paraíba não chama a atenção pela sua produção artística? Ora, vamos parar para pensar. Será que Pedro Américo teve importância na pintura brasileira, ou não? Bem, basta olhar o seu histórico quadro que retrata o "Grito do Ipiranga" e saberemos que sim.

Mas, isso deve ter parecido pouco para a talentosa Christina Fuscaldo. Então falemos de João Câmara, de Antônio Dias, de Thomaz Santa Roza. Nem pretendemos falar sobre os grandes talentos que ficaram entrincheirados aqui, sem galgar as dimensões universais, pelo menos à nível de estatura histórica. Isso lhe basta, Fuscaldo?

O teatro de Paulo Pontes e de Ariano Suassuna, prezada jornalista, não foram (e são) relevantes para a história da artística da cultura brasileira? Imaginamos então - recorrendo novamente a Santa Roza - o célebre cenário de "Vestido de Noiva" seja deveras banal. Sim, ia me esquecendo do espetáculo "Vau da Sarapalha" que recebeu todos os prêmios que podia e foi um dos mais bem avaliados pela exigente Barbara Eliodoro como uma das mais belas realizações da dramaturgia brasileira, que até hoje ainda superlota platéias nos grandes centros do Brasil e do estrangeiro.

A literatura da Paraíba, querida Christina Fuscaldo, é das mais ricas do país. José Lins do Rego, Augusto dos Anjos, José Américo de Almeida e novamente Ariano Suassuna, é um manancial considerável, não?! Muito embora a nova safra seja também muito brilhante e referencial. O cinema paraibano tem Vladimir Carvalho, Walter Carvalho, Linduarte Noronha, Manfredo Caldas, Machado Bittencourt, e a nova geração de Marcus Vilar e Torquato Joel entre outros.

O que dizer da música dos paraibanos então? Para começar somos berço do maestro que fundou a Orquestra Sinfônica do Brasil, o grande José Siqueira, que aliás também guarda consigo (em memória) o marco de ter sido o primeiro regente latino (e assim sendo, o primeiro brasileiro, claro) a empunhar as batutas diante da Orquestra Sinfônica de Moscou. Talvez bastasse.

Na "Black Music" feita no Brasil temos o grande Genival Cassiano, outro Genival (o Macedo) foi o criador do Trio Elétrico. Temos um dos mais polêmicos compositores "de protesto" que é o Geraldo Vandré, o Sivuca que reputo como o "músico mais completo" do Brasil até que me provem o contrário, o Zé Ramalho, o Antônio Guedes Barbosa (pianista que melhor gravou a obra de Chopin,
segundo a imprensa latina), Jackson do Pandeiro, Canhoto da Paraíba (referência "jimihendrixiana" do violão tocado pelo avesso), Vital Farias, Antônio Barros & Cecéu e por aí vai.

O que nos falta, prezada Christina Fuscaldo, é a doentia chaga do bairrismo que os baianos destacam. Nos falta mesmo é lembrarmos todos os dias que somos de uma nação abençoada, terra de poetas como Zé da Luz e de compositores como Zé do Norte ("Lua Bonita", "Sodade, meu bem, Sodade" etc.) que nos orgulha, com certeza. A Paraíba trava sim um dialogo permanente com a cultura brasileira, e contribuiu (e contribui) muito para tecer esse imenso tapete multifacetado que é a arte produzida nesse terreiro de Mãe Preta e Pai João.

Texto do jornalista e crítico musical Ricardo Anísio

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Do poeta Aziel Lima

SEU LUIZ EU LHE PERGUNTO
PRA ONDE VAI MEUS IMPOSTOS
E TODA ARRECADAÇÃO
POIS O POBRE OPERARIO
SÓ TEM VEZ EM ELEIÇÃO
NO PAIS DO CAPITAL
CRIANÇAS MORREM DE FOME
MENDIGAM NA RUA O PÃO



PARECE ATÉ BRINCADEIRA
AS COISAS NESSE PAIS
PREDOMINA O CAPITAL
QUEM TRABALHA E PRODUZ
VIVE SEM DIREITO A NADA
E O SISTEMA O QUE ME DIZ
ONDE ESTA NOSSOS IMPOSTOS
EU TE PERGUNTO LUIZ


FALTA VAGAS NAS ESCOLAS
DEFASOU-SE A EDUCAÇÃO
OS CAMPIS SUCATIADOS
DIMINUI AS VERBAS PUBLICAS
MAIS AUMENTA A INFLAÇÃO
A ONDE VAMOS PARAR
SEU LUIZ EU LHE PERGUNTO
E OS IMPOSTOS ONDE ESTÃO


SEGURANÇA SÓ EXISTE
PARA QUEM MORA EM MANÇÃO
PARA O TRABALHADOR
RESTA DOR E AFLIÇÃO
NO SEU LAR APRISIONADO
ENTRE PODER E LADRÃO
SEU LUIZ EU LHE PERGUNTO
E OS IMPOSTOS ONDE ESTÃO


A SAÚDE A DEUS DE HARAR
E SEU INSS HUMILHANDO O CIDADÃO
PODE CHEGAR ALEIJADO
QUE É NÃO QUE ELES DÃO
TRABALHADOR NÃO TEM VEZ
NO PAIS DO CAPITAL
MAIS UMA VEZ SEU LUIZ
E OS IMPOSTOS ONDE ESTÃO