Meu interesse pelo internetês surgiu
pela observação da maneira como um amigo despedia-se nos e-mails: abs,
Fulano de tal. No início imaginei tratar-se de uma piada cifrada. O
brincalhão, na minha suposição, usava a referencia de um conhecido
sistema de freios para avisar que sua missiva parava por ali. Logo
depois entendi que tratava-se da forma internética da palavra abraço.
Esse é o problema do semiologista. Nunca pensamos no significado mais
evidente. Temos essa mania de especular.
É o que eu chamo de encher linguística.
Esse simples episódio despertou minha curiosidade pela língua praticada nos chats, sms e e-mails. Recolhi farto material e pus-me a estudar, como um filólogo do presente,
a fim de estar apto a decifrar diálogos como esse:
-Blz?
-Blz
-Qq to aki
-Tb
-Vqv
-Tks
-Bjs
-Bjs
-Sdss
- :-)
Pessoas com mais de 154 anos como eu, têm sérias dificuldades com essa contrações
e abreviaturas. Por isso, peço licença aos mais jovens, fluentes no idioma, para traduzir aqui esse pequeno recorte de uma troca de sms(s).
- Está tudo beleza com você?
- Sim, está tudo beleza comigo.
- Qualquer urgência ou problema, estou disponível. Não hesite em chamar-me.
- Eu também estou disponível, caso você necessite de algo.
- Vamos que vamos, nesse ritmo e com otimismo.
- Muito obrigado em inglês.
- Beijos
- Beijos
-Tenho saudades de você.
- Essa declaração me faz sorrir.
Os guardiões da norma culta torcem o nariz para essas transformações.
Outros acreditam que esses modernos hieróglifos caminham a passos largos para a consagração do uso, botando fim a uma longa ditadura da palavra. E logo, logo serão candidatos à norma formal. De minha parte, tenho uma opinião bem definida.
Eu penso que \o/.
Retirado do Blog do Sausurre
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