sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
domingo, 23 de dezembro de 2012
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
Silvio Tendler - Carta Aberta a um Delegado de Polícia ou Respondendo à Intimidação por parte do clube militar
Delegado,
Dois policiais vieram ontem à minha residência entregar intimação para prestar declarações a fim de apurar atos de "Constrangimento ilegal qualificado – Tentativa – Autor", informa o ofício recebido. Meu advogado apurou tratar-se de denúncia ou queixa ou sei lá o quê, por par
Dois policiais vieram ontem à minha residência entregar intimação para prestar declarações a fim de apurar atos de "Constrangimento ilegal qualificado – Tentativa – Autor", informa o ofício recebido. Meu advogado apurou tratar-se de denúncia ou queixa ou sei lá o quê, por par
te do "presidente do clube militar" (em letra minúscula mesmo, de propósito).
Informo que na data da manifestação, 29 de março de 2012, estava recém-operado, infelizmente impedido de participar de ato público contra uma reunião de sediciosos, os quais, contrariando à determinação da Exma. Sra. Presidenta da República, comemoravam o aniversário da tenebrosa ditadura, que torturou, matou, roubou e desapareceu com opositores do regime.
Entre os presentes estava o matador do Grande Herói da Pátria, Capitão Carlos Lamarca, e seu companheiro Zequinha – doentes, esquálidos, sem força, encostados numa árvore. Zéquinha e Lamarca foram fuzilados sem dó, nem piedade, quando a lei e a honra determinam colocá-los numa maca e levá-los para um hospital para prestar os primeiros socorros. Essa gente estava lá, não eu. Eles é que devem ser investigados. Eu farei um filme enaltecendo o Capitão Lamarca e seu bravo companheiro Zequinha.
Tenha certeza, Delegado, de que, enquanto eu tiver forças, me manifestarei contra o arbítrio e a violência das ditaduras e, já que o Sr. está conduzindo o inquérito, procure apurar se o canalha que prendeu, torturou e humilhou minha mãe nas dependências do Doi-Codi participou do "festim diabólico". Isso sim é Constrangimento Ilegal. E já que se trata de assunto de polícia, aproveite para pedir ao "constrangedor ilegal" que ficou com o relógio da minha mãe – ela entrou com o relógio no Doi-Codi e saiu sem ele – que o devolva. Processe-o por "apropriação indébita, seguida de roubo qualificado (foi à mão bem armada)”. É fácil encontrar o meliante. Comece pelo Comandante do quartel da Barão de Mesquita em janeiro de 1971. Já que eles reabriram o assunto, o senhor pode desenterrar o processo. É, Delegado, o que eles fizeram durante a ditadura é mais assunto de polícia do que de política!
Pergunte ao queixoso presidente do clube militar se ele tem alguma pista do paradeiro do Deputado Rubens Paiva. Terá sido crime cometido por algum participante da festa macabra, onde, comenta-se, havia vampiros fantasiados de pijama?
Tudo o que fiz foi um chamamento pelo you tube convidando as pessoas a se manifestarem contra as comemorações do golpe de 64. Se este general entendesse ou respeitasse a lei, não teria promovido a festa e, tendo algo contra mim, deveria tentar me enquadrar por "delito de opinião" mas aí, na fotografia, ele ficaria mais feio do que é, não é mesmo?
Por fim, quero manifestar minha solidariedade aos que protestaram contra o "festim diabólico" e foram tratados de forma truculenta, à base de gás de efeito moral, spray de pimenta e choque elétrico – como nos velhos tempos. Bastaria umas poucas grades para separar os manifestantes do povo, que estavam na rua, aos sediciosos que ingressavam no clube. Há muitos poderia causar a impressão de estar visitando um zoológico e assistindo a um desfile de símios.
Não perca tempo comigo e com a ranhetice de um bando de aposentados cri-cri, aporrinhando a paciência de quem tem mais o que fazer. Pura nostalgia da ditadura, eles se portam como se ainda estivessem em posição de mando.
Informo que na data da manifestação, 29 de março de 2012, estava recém-operado, infelizmente impedido de participar de ato público contra uma reunião de sediciosos, os quais, contrariando à determinação da Exma. Sra. Presidenta da República, comemoravam o aniversário da tenebrosa ditadura, que torturou, matou, roubou e desapareceu com opositores do regime.
Entre os presentes estava o matador do Grande Herói da Pátria, Capitão Carlos Lamarca, e seu companheiro Zequinha – doentes, esquálidos, sem força, encostados numa árvore. Zéquinha e Lamarca foram fuzilados sem dó, nem piedade, quando a lei e a honra determinam colocá-los numa maca e levá-los para um hospital para prestar os primeiros socorros. Essa gente estava lá, não eu. Eles é que devem ser investigados. Eu farei um filme enaltecendo o Capitão Lamarca e seu bravo companheiro Zequinha.
Tenha certeza, Delegado, de que, enquanto eu tiver forças, me manifestarei contra o arbítrio e a violência das ditaduras e, já que o Sr. está conduzindo o inquérito, procure apurar se o canalha que prendeu, torturou e humilhou minha mãe nas dependências do Doi-Codi participou do "festim diabólico". Isso sim é Constrangimento Ilegal. E já que se trata de assunto de polícia, aproveite para pedir ao "constrangedor ilegal" que ficou com o relógio da minha mãe – ela entrou com o relógio no Doi-Codi e saiu sem ele – que o devolva. Processe-o por "apropriação indébita, seguida de roubo qualificado (foi à mão bem armada)”. É fácil encontrar o meliante. Comece pelo Comandante do quartel da Barão de Mesquita em janeiro de 1971. Já que eles reabriram o assunto, o senhor pode desenterrar o processo. É, Delegado, o que eles fizeram durante a ditadura é mais assunto de polícia do que de política!
Pergunte ao queixoso presidente do clube militar se ele tem alguma pista do paradeiro do Deputado Rubens Paiva. Terá sido crime cometido por algum participante da festa macabra, onde, comenta-se, havia vampiros fantasiados de pijama?
Tudo o que fiz foi um chamamento pelo you tube convidando as pessoas a se manifestarem contra as comemorações do golpe de 64. Se este general entendesse ou respeitasse a lei, não teria promovido a festa e, tendo algo contra mim, deveria tentar me enquadrar por "delito de opinião" mas aí, na fotografia, ele ficaria mais feio do que é, não é mesmo?
Por fim, quero manifestar minha solidariedade aos que protestaram contra o "festim diabólico" e foram tratados de forma truculenta, à base de gás de efeito moral, spray de pimenta e choque elétrico – como nos velhos tempos. Bastaria umas poucas grades para separar os manifestantes do povo, que estavam na rua, aos sediciosos que ingressavam no clube. Há muitos poderia causar a impressão de estar visitando um zoológico e assistindo a um desfile de símios.
Não perca tempo comigo e com a ranhetice de um bando de aposentados cri-cri, aporrinhando a paciência de quem tem mais o que fazer. Pura nostalgia da ditadura, eles se portam como se ainda estivessem em posição de mando.
Atenciosamente,
Silvio Tendler
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
6 de dezembro: 24 anos do assassinato do deputado João Batista
“Um tempo de enfrentamentos,
o sangue jorrou,
deixando braços e brados que não vacilarão
em seguir os exemplos deixados.
Combater em defesa da vida.
Sempre!!!”
o sangue jorrou,
deixando braços e brados que não vacilarão
em seguir os exemplos deixados.
Combater em defesa da vida.
Sempre!!!”
Por: Pedro César Batista
No momento que o Congresso Nacional, em um ato simbólico, reempossa
os parlamentares cassados pela ditadura, é oportuno e justo resgatar a
memória de um jovem parlamentar que não foi cassado, mas foi morto, aos
36 anos, por atuar ao lado dos trabalhadores na defesa da reforma
agrária faz parte da defesa da democracia e do resgate da verdade
histórica.
Batista, como era conhecido João Carlos Batista, foi o único deputado
assassinado no Brasil após o fim do governo militar. Atuou junto aos
camponeses do Pará na luta pela reforma agrária. Ele foi morto em 06 de
dezembro de 1988, depois de ter sofrido três atentados a bala (1985, 86 e
87), mesmo tendo solicitado, inúmeras vezes, formalmente, segurança ao
poder público – que manteve-se omisso, acabou assassinado.
O crime organizado pelo latifúndio não vacilou. Assassinou um deputado no pleno exercício de seu mandato parlamentar, matando-o na frente da família, quando chegava em sua casa, localizada no centro de Belém (PA), após sair de uma sessão da Assembleia Legislativa do Pará.
Os mortos pelo latifúndio, entre 1964 e 2011, passam de dois mil, com
escassos casos de assassinos e mandantes julgados e condenados.
Decorrido 24 anos do assassinato de João Batista dois pistoleiros
foram presos. Os dois já foram mortos. Um degolado, ainda antes de ser
julgado, dentro da prisão. O outro, condenado a 30 anos de prisão, foi
morto em 12 de dezembro de 2010, em Teresina (PI) quando livremente
continuava exercendo seu ofício de matador. Os mandantes continuam
livres e sem terem sido julgados. Nem mesmo foram citados no processo.
Relembrar a memória de Batista, no dia em que sua morte completa 24
anos durante o ato do Congresso Nacional de reempossar os parlamentares
cassados pela ditadura reafirma a necessidade da sociedade não permitir,
nunca mais, cassações, nem mortes de lideranças, parlamentares e de
nenhuma pessoa por lutar pela democracia e por justiça social.
O mandato de João Carlos Batista foi cassado pelas balas do
latifúndio, por isso relembra-lo é importante para animar a fé na luta e
em quem combate ao lado do povo. Ditadura nunca mais.
João Carlos Batista vive.
Brasília, 04 de dezembro de 2012
Por: Movimento de Olho na Justiça / Pedro César Batista / Izabel Suzuko Dias / Wanessa Dias Santos
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