Hildegard Angel
Vocês sabem e acompanharam meu empenho pela eleição de Dilma Rousseff,
e disso não me arrependo. Ela tem cumprido suas promessas de
desenvolvimento do país e inclusão social. Porém, não idolatro pessoas.
Nutro devoção é por princípios. Sei que o ser humano é falho e sujeito
às mudanças de humores e de tempo. Os princípios, não.
Foram princípios que, em foto histórica no tribunal militar, fizeram
da jovem Dilma presa uma heroína de sua época, tendo apenas o nariz
arrebitado como estandarte.
Pois é em nome desses princípios que hoje eu me mobilizo. Dos
princípios daqueles brasileiros patriotas, que nos anos 1950 foram às
ruas berrando “o petróleo é nosso!”, e daqueles outros, que nos anos
1960 e 1970 foram às masmorras sangrando “o Brasil é nosso!”.
O Brasil é maior do que partidos, do que projetos de poder, sejam
eles de que sigla forem, quantas letras elas tenham, que ideologias
abracem.
O Brasil é nossa Pátria, nosso país, nosso solo, é o nosso “para
sempre”. Onde nascemos, vivemos e repousaremos. De onde retiramos nosso
pão.
O Brasil não é um político. Com barbas ou sem, com botox ou sem, com dignidade ou sem, com mãos limpas ou sem.
Ainda na minha caminha de criança, ouvia meu pai me embalar, com seu
sotaque americano e a tatuagem de Mickey Mouse no braço, dizendo das
grandezas do meu país, que era o país do futuro, e que seria um país
rico e muito próspero. Falava das ferrovias que o cortavam inteiro em
suas “dimensões continentais” e, principalmente, do INPS (antes de se
chamar INSS), que atendia a todos os pobres, das leis trabalhistas de
Getúlio e de outras coisas que beneficiavam o povo e o trabalhador, que
em seu país não havia e o encantaram tanto, quando descobriu nosso
Brasil.
Norman Angel Jones falava também com entusiasmo da
campanha “O Petróleo é nosso”. Acreditava que sob o solo brasileiro
corria pujante um rio negro de riqueza. Hoje sabemos que não apenas sob a
terra, como sob os nossos mares.
Presidente Dilma, idolatro o Brasil. Como sei que a senhora também.
Não lhe perguntarei o porquê do incoerente Leilão do Campo de Libra,
contradizendo frontalmente sua promessa explícita de campanha de que não
daria a exploração do pré-sal às empresas internacionais, pois “isso
significaria tirar dinheiro do país”.
Não lhe perguntarei porque as razões são óbvias: as pressões externas e as pressões econômicas internas.
Mas lhe digo, presidente, esta não é a hora de esconder pressões e de
se submeter a elas, é a hora de exibi-las, dividi-las conosco, os
maiores interessados, os proprietários do Campo de Libra, a soberana população brasileira.
Não é hora de fazer jogo político, é hora de abrir o jogo. A riqueza
do Brasil não merece estar sujeita ao pano verde, rolando feito dados na
disputa partidária dos que agora se aproveitam da fragilidade do
momento para tirar ‘partido’.
O Campo de Libra junto com o Campo de Franco, ao lado, na mesma estrutura geológica, formam o Maior Campo de Petróleo da História do Mundo, com mais de 25 bilhões de barris! Superando o de Gawar, até então maior do mundo, na Arábia Saudita.
Nosso óleo é de altíssima qualidade, óleo leve, o que o faz ainda
mais especial e ambicionado, e o diferencia, por exemplo, do óleo da
Venezuela, que tem imensas reservas, mas não tem um campo do tamanho de
Libra nem dessa qualidade, é óleo pesado.
Está previsto no artigo 12º da Lei de Partilha que
Libra se trata de área estratégica, que deve pertencer à União, em
benefício de todos os brasileiros, e explorada 100% pela Petrobras. Está
lá escrito. É de lei. E ponto final. Não vamos mudar.
É o nosso futuro, do qual meu pai falava, me enchendo de esperança,
em minha caminha de sonhos. Futuro que, enfim e por direito, deverá
pertencer a nossos filhos e netos. Lutamos e esperamos demais por ele,
para agora vê-lo repassado, assim, a terceiros, na voz miúda,
compartilhado sem maiores explicações.
Idolatro princípios, presidente Dilma. Idolatro o Brasil. Não
idolatro pessoas, mas a respeito e admiro, presidente, por sua gestão e a
intenção da palavra dada.
Em nome da coerência: Suspensão do Leilão do Campo de Libra Já!
E proponho que, após essa suspensão, a quem de direito for, rogo e solicito, que o campo passe então a se chamar Campo de Dilma.
Lembrando
aquela admirável jovem, que erguia como estandarte de sua coragem o
nariz arrebitado, enquanto os juízes escondiam na vergonha os rostos,
peço à nossa Chefe de Estado que, coerente com o discurso de sua
campanha, reveja a questão do Campo de Libra e suspenda o leilão de
amanhã. A população brasileira é soberana e há de passar a chamá-lo Campo de Dilma!
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