(poema dedicado às mulheres da comunidade do Porto do Capim, em João Pessoa,
que resistem com garra aos desejos ilimitados da especulação capitalismo)
a cidade de joão pessoa
nunca olha de frente
para o rio sanhauá
talvez por ter vergonha
das suas margens
a cidade não veste a pele
dos que encharcam os pés nas
beiradas do porto do capim
onde as chuvas aniquilam
o pouco dos que pouco
possuem
onde os barcos atracam
no assoreamento e no
abandono
onde um estupro urbanístico
é prometido pelos que mandam
e fazem
pelos que arrancam as árvores
porque acreditam não precisar
dos pássaros
a cidade de joão pessoa
esqueceu do seu nascedouro
virou as costas
para onde a verdade maior
é o reflexo da lua nas águas
do rio
um lugar onde o esquecimento
fez morada no tempo e a beleza
é o alimento de cada manhã
suas mulheres transformaram
a luta num lugar de morada
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