A edição do Jornal da Paraíba de
hoje (03/09/2014) divulga pesquisa acerca das preocupações dos eleitores paraibanos
neste ano. Em primeiro lugar encontra-se a preocupação com a saúde seguido da
preocupação com o abastecimento de água. Os números são 31% e 20%,
respectivamente, dos entrevistados pela pesquisa IBOPE, contratada pelas TVs
Cabo Branco e Paraíba. Dois problemas que, inclusive, tem relação direta, pois
água é vida e não há vida sem saúde de qualidade.
É necessário destacar na pesquisa
que, ao contrário do que se poderia pensar e do que comumente encontramos nos
guias eleitorais, a preocupação dos eleitores está longe de ser a segurança
pública que, na pesquisa citada, é apontada por 10% dos entrevistados na lista
dos problemas enfrentados pela população. Segurança pública ainda fica atrás da
preocupação com a educação que recebeu a votação de 12% nessa pesquisa.
O editorial da Folha de São Paulo
do último sábado (30/08) intitulado “Brasil maltratado” aborda a questão do
saneamento básico com base em dados divulgados pelo Instituto Trata Brasil. Segundo
cálculo do Instituto somente nas cem maiores cidades brasileiras, 2.959 enormes
piscinas de líquido de esgoto são lançadas sem tratamento nos rios. Na opinião
do editorial, compartilhada aqui, “Pelo nível de renda que alcançou, o Brasil
deveria ostentar indicadores bem vergonhosos de saneamento”.
E segue: 82,7% da população já têm
acesso à água tratada, se aproximando assim da sua universalização. Já quando
se fala de coleta de esgoto a média nacional é de apenas 48,3%. Menos da metade
da população tem seus dejetos recolhidos. Quanto ao tratamento do esgoto a
média vai pra baixo atingindo o índice vergonhoso de 38,7%.
“São Paulo, a maior e mais rica
metrópole, não se sai muito melhor. Recolhe 96,1% do esgoto, mas trata apenas
52,2%. Tem 99,1% da população servida pela rede de água, no entanto enfrenta
agora grave crise de abastecimento” diz o editorial.
Sem sombra de dúvidas, como
vemos, a questão da água e saneamento é uma preocupação que diz respeito não
apenas ao Estado da Paraíba e é preciso encará-la com responsabilidade. Para
muitos governantes, lidar com esse tema não merece muita atenção, devido ao
fato de se tratar de obras enterradas que causam transtorno quando se encontram
em execução, e assim, não são “rentáveis” do ponto de vista eleitoreiro. Assim,
tem ganhado força a idéia de que a melhor solução é a privatização deste setor,
algo que ocorreu no Estado vizinho, Pernambuco, onde o sistema de esgotamento
sanitário foi entregue a Odebrecht.
Na Paraíba, eleição após eleição
é levantada a questão da privatização da CAGEPA ou sobre os projetos de
Parceria Pública Privada, as PPPs, que tem se tornado moda entre os governantes
em todo o país. Questão que aumenta nossa preocupação quando vemos a saúde ser entregue
a iniciativa privada e não se diminuir os problemas enfrentados pela população;
ao contrário. Não podemos ficar a mercê de empresas privadas cujo único
objetivo é o lucro. Estamos falando, como exposto no início do artigo, de vida.
E nossas vidas não podem se tornar objeto de lucro num mundo onde tudo é
mercantilizado. Que se faça a reflexão!
Emerson
Lira
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