segunda-feira, 25 de abril de 2011

"Eu queria estar na festa, pá"


Com a música "E depois do Adeus" de Paulo de Carvalho tocada exatamente às 22h e 55min do dia 25 de abril de 1974 pelos Emissores Associados de Lisboa era dada a senha ao grupo de militares que colocavam em prática um golpe de estado que derrubava a ditadura Salazarista de 39 anos de existência em Portugal.

O grupo havia se reunido pela primeira vez em meados de agosto de 73 tendo aprovado o primeiro documento lançando o Movimento das Forças Armadas em março de 74 propondo uma solução política para as revoltas separatistas nas colônias e não uma solução militar como o regime ditadorial colocava em ação.

Um dia antes do golpe os militares do MFA instalavam o posto de comando golpista no quartel da Pontinha em Lisboa.

Às 0h e 29min com a música "Grândola Vila Morena" era iniciado as operações que confirmava o golpe.

Com o amanhecer as pessoas começaram a encher as ruas em apoio ao militares revoltosos. Um saldo de 4 mortes apenas do lado dos rebelados que pelas ruas andavam carregando na ponta de suas espingardas belos cravos vermelhos.

A revolução dos cravos garantiu em suas primeiras ações o fim da polícia política e da censura além da garantia de existência dos sindicatos livres e legalizou os partidos. Os presos políticos foram libertados e os vários exilados puderam voltar ao seu país em clima de festa e alegria. Assim, o dia 25 de abril ficou marcado em Portugal como o dia da liberdade e comemorado como feriado nacional.

Aos portugueses que acessam este blog a minha homenagem a este momento que era visto daqui do Brasil num clima de bastante tensão por conta da Ditadura fascista que endurecia cada vez mais.

E mais do que justo exponho a belíssima música de Chico Buarque que retrata este sentimento de quem via daqui esta verdadeira festa vivida pelos portugueses há 37 anos.

Minha sincera homenagem e meu profundo desejo de que este povo possa avançar a luta sendo consequente com o dia da liberdade, comemorada no dia de hoje, rompendo com o imperialismo capitalista que afoga Portugal e todo o mundo numa crise interminável.

No mais, é ouvir e se deleitar com "tanto mar" de Chico Buarque.

*Tanto mar
Chico Buarque

Sei que estás em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim

Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor do teu jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar

Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim

*Letra original,vetada pela censura; gravação editada apenas em Portugal, em 1975.

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