Meu nome é Maria Aparecida Franco Góes. Sou professora
aposentada pelo estado de Minas Gerais. Trabalhei durante 32 anos
fazendo aquilo que eu mais desejava: formar pessoas de caráter. Falhei
muitas vezes, assim como todo mortal. E hoje carrego comigo a lição mais
importante que aprendi nesses anos todos: SEMPRE APRENDER COM O ERRO! O
ERRO DE HOJE PODE SER A CHAVE PARA O SUCESSO DE AMANHÃ.
Tive
uma infância pobre e simples. Nunca fiz papel de vítima perante a vida e
a sociedade. Cresci, estudei, me formei e conquistei tudo que tive
graças ao meu esforço pessoal. Na cidade que escolhi viver, nunca
precisei de cabide de emprego público e, tampouco de favores de
políticos locais ou estaduais. Apesar de meu cargo ser considerado
público, eu o conquistei por merecimento. Passei em um concurso e
conquistei o quarto lugar.
Caro senador Aécio Neves
(Maria Aparecida Franco Góes exclusivo para o BR29)
Vou
usar o pronome de tratamento V. Ex.ª (vossa excelência) para me referir
ao senhor. Não farei isso por protocolo, como fazem os políticos. Farei
isso pura e simplesmente por ironia e sarcasmo. Se eu pudesse escolher o
pronome correto para me referir à sua pessoa, usaria um pronome que, na
língua inglesa, se refere a coisas. É uma pena que esse pronome (it)
não tenha uma palavra semelhante em nossa língua portuguesa.
Em
primeiro lugar, gostaria de dizer que sempre fui sua eleitora. Votei
várias vezes em V. Ex.ª, inclusive nas últimas eleições de 2014.
Portanto, me poupe de ser taxada como petista, petralha, comunista ou
qualquer outro adjetivo semelhante.
Resolvi lhe escrever essa
carta aberta porque a atual situação do meu estimado Brasil tem me
incomodado bastante, assim como tem incomodado a grande maioria da
população brasileira.
Nós perdemos as eleições meu caro Aécio. Eu
fui uma das mais de 51 milhões de pessoas que votaram em V. Ex.ª. Eu
também amarguei o sentimento de fracasso junto com V. Ex.ª.
A
única diferença entre nós dois é que eu consegui aceitar esse
contratempo, enquanto V. Ex.ª transformou todo esse episódio de derrota
em raiva, ódio, mágoa, despeito e hipocrisia.
Nosso país tem
tomado alguns rumos que, talvez, não sejam os melhores. Algumas decisões
da equipe econômica da presidente Dilma Rousseff tem sido precipitadas
e, certamente estão em desencontro com tudo aquilo que ela pregou
durante a campanha de 2014.
Mas isso é motivo para o
comportamento agressivo, mesquinho, egoísta, individualista e infantil
que V. Ex.ª tem manifestado diante da mídia e das redes sociais?
Qual
a proposta que o senhor tem a oferecer para ajudar a conter atual crise
política e econômica pela qual o meu país está atravessando?
Aliás,
quais são as propostas que V. Ex.ª tem apresentado, como senador, ao
meu estado de Minas Gerais durante esses últimos quatro anos?
Que
tipo de contribuição social V. Ex.ª ou o seu partido (que já não é mais
o meu partido) tem dado às pessoas pobres desse imenso Brasil?
Cansei
sr. Aécio. Hoje posso dizer claramente que me arrependo de todos os
votos de confiança que destinei à sua pessoa. Já estou aposentada, não
tenho mais medo de dizer o que penso e correr o risco de sofrer alguma
retaliação de gente maldosa como você. Não podem mais me tirar o cargo,
me transferir, me aplicar sanções disciplinares ou até mesmo me demitir
por dizer aquilo que penso sobre a podridão que infesta o meio político.
Hoje digo do fundo do meu coração que V. Ex.ª não passa de um “João ninguém”. V. Ex.ª é o político mais burro desse país.
Falo isso sem ódio. O único sentimento que me resta com relação à sua pessoa é pena. O motivo? Eu explico:
Me
lembro dos garotinhos mimados e ricos que convivi na infância. Eles iam
jogar futebol contra outros garotos (de baixa renda, assim como eu na
época) e quando o time dos mimados tomava um gol dos garotos pobres,
sabe o que eles faziam? Eles pegavam a bola e iam embora pra casa.
Encerravam o jogo!
Isso reflete você hoje Aécio! Não
conseguiu aprender que a vida tem vitórias e derrotas. E muitas vezes,
sr. Senador, é na derrota que somos vencedores! É no fracasso que
podemos ressurgir mais fortes e preparados para o próximo desafio.
Vossa
excelência, infelizmente, não conseguiu enxergar isso. Tinha tudo para
se tornar o próximo presidente da República. Seria o líder de uma nova
geração. Poderia ajudar o atual governo com propostas úteis para superar
a atual crise e surgir como o novo salvador da pátria. Mas preferiu
fazer o jogo da vingança, da avareza e da burrice.
Tenho vergonha de dizer que um dia fui sua eleitora! Passar bem.
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