quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Quem enfurece os deuses vai para a cadeia ou para a eternidade?

O mito de Prometeu, da ensanguentada mitologia grega, é um parâmetro[1].

Prometeu sempre agiu ardilosamente para enganar os deuses olímpicos

 Foi amigo de Zeus, o deus supremo. Mas queria criar a raça humana.

Criou-a e concedeu ao humano o poder de pensar, de trabalhar.

Enfureceu Zeus, que ficou enciumado.

 A raiva do Supremo cresceu, pois soube da traição do amigo (Prometeu).

Zeus se sentiu ludibriado por Prometeu, na distribuição de uma oferenda.
 
Totalmente enraivecido, subtraiu da raça humana o domínio do fogo.

Prometeu roubou o fogo do Olimpo (para favorecer a Humanidade).

Zeus mandou acorrentá-lo. Ficou preso por mais de 30 mil anos.

E foi bicado diariamente por uma águia.

Era imortal, no entanto.

Hércules retirou Prometeu do cativeiro, substituindo-o por Quíron
.
Zeus lhe permitiu se tornar mortal.

Mas nunca mais Prometeu reconquistou a liberdade.

Morreu serenamente, depois de muito sofrimento.

Porque enfureceu o deus supremo.

Don Carlo Gambino foi um dos velhos chefes mafiosos nos EUA[2].

Mandava os inimigos para o cemitério com um só gesto.

Fragilizado pela idade, parecia inofensivo.

Numa noite, num restaurante, foi insultado por Cármine Scialo.

Tratava-se de um justiceiro matador, muito temido.

Gambino aceitou a ofensa em silêncio.

Todo chefe mafioso fala pouco, tem presença solene, mesmo insultado.

O deus da máfia ficou enfurecido, mas não se delatou.

Pouco tempo depois Scialo foi encontrado morto com vários balaços.

É uma questão de princípio.

Nenhuma reputação sobrevive, sem princípios.

Nos idos do século XXI, abaixo da linha do equador, foi a vez de um senador.

Entrou para a História, ao enfurecer seus juízes. Erro crasso.

Faltou a astúcia de que fala Maquiavel.
 
Na autobiografia do Imperador Júlio César se lê:

“Quando os deuses imortais querem castigar um homem culpável, concedem-lhe a maior prosperidade, a maior impunidade, para que logo depois sofra mais quando a sorte muda de direção”.[3]


[1] Cf. http://www.infoescola.com/mitologia-grega/prometeu/
[2] Cf. FERRANTE, Louis. Aprenda de la máfia. Tradução: Juan Castilla Plaza. Buenos Aires: Conecta, 2015, p. 108.
[3] Cf. FERRANTE, Louis. Aprenda de la máfia. Tradução: Juan Castilla Plaza. Buenos Aires: Conecta, 2015, p. 262.

Por Luíz Flávio Gomes

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