domingo, 3 de janeiro de 2010

“...não vale a pena reabrir essas velhas feridas”


“A anistia foi a pedra de toque da transição da ditadura para a democracia e acredito que isto é um pacto político e como tal não vale a pena reabrir essas velhas feridas”. Esta foi a afirmação do Deputado Federal Raul Jungmann (PPS-PE) acerca da polêmica criada há dias atrás por conta do decreto presidencial de autoria do secretário de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, criando a Comissão Nacional da Verdade.
A polêmica foi gerada entre os militares que através dos seus generais, representantes das Forças Armadas, juntamente com o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, pediram demissão por estarem contrariados com o decreto.
Para eles, o decreto ao criar uma comissão que pode rever leis do período de 1964 a 1984 pode possibilitar a revogação da Lei da Anistia de 1979. A Lei da Anistia perdoou todos os que cometeram crimes praticados por motivação política durante o regime militar. Isso valeu tanto para militantes de esquerda como para agentes da repressão.
Fica evidente qual a grande preocupação dos generais. No entanto, com certeza não é a intenção de ninguém “reabrir feridas”, afinal, as feridas foram enormes e mesmo que se queira não podem ser esquecidas e ainda continuam abertas. Afinal, milhares de brasileiros foram torturados e assassinados pelo único motivo de lutarem por um país livre e democrático e ainda é mais de 400 o número (oficial) de desaparecidos da época da Ditadura por motivação política.
Essa polêmica está longe de ser resolvida. Apesar do esforço feito pelo presidente Lula em apaziguar os ânimos e garantir aos militares que iria rever o decreto. Essa atitude retarda, mais não resolve o problema que o Brasil precisa resolver se de fato quer consolidar sua democracia.
É uma história da qual se tenta esconder e que ao esconder impede a consolidação de uma democracia que impeça de uma vez por todas o retorno a esse bárbaro período.

Nenhum comentário: