terça-feira, 9 de novembro de 2010

PARA ERRADICAR A MISÉRIA É NECESSÁRIO ERRADICAR O CAPITALISMO!

By Magno Francisco da Silva

Eleita com mais de 55 milhões de votos, Dilma Roussef, ganhou nestas eleições um massivo apoio popular, que viu na sua candidatura a negação dos oito anos da política de entreguismo praticada pelo governo FHC do PSDB e representada na candidatura de José Serra. Certamente a vitória da candidata do PT, representou mais uma derrota do imperialismo estadunidense nas eleições presidenciais na América Latina.

Um dos principais compromissos de Dilma Roussef, eleita no último dia 31 de outubro, a primeira mulher presidente do Brasil, foi o de erradicar a miséria no país. No seu primeiro discurso após a apuração dos votos ela destacou: "Vou fazer um governo comprometido com a erradicação da miséria e a criação de oportunidades para todos os brasileiros e brasileiras. Mas, humildemente, faço um chamado à nação, aos empresários, trabalhadores, imprensa, pessoas de bem do país para que me ajudem”, disse, em um hotel preparado pelo PT para o discurso da presidente eleita.

Porém, assim como Dilma, nós últimos anos diversos políticos e ideólogos da burguesia afirmaram que era possível erradicar a miséria, embora se viva no capitalismo. Um grande exemplo foi a Cúpula Mundial de Alimentos, reunida em 1996, diversos lideres mundiais estabeleceram a meta de, em 2015, reduzir o numero de desnutridos para 420 milhões de pessoas.

Entretanto, diferente do que traçado como meta na Cúpula Mundial de Alimentos a fome cresceu assustadoramente, conseqüência concreta do aumento da miséria em todo o mundo. De fato, segundo dados da ONU, em 2010, 1,03 Bilhão de pessoas passam fome no mundo, ou seja, uma a cada seis pessoas no mundo não se alimentam regularmente. O resultado é que todos os dias 30 mil crianças morrem de fome e 15 milhões a cada ano.

Como vemos, nos últimos anos, só aumentou o número de famintos e miseráveis no mundo, fato que se agravou com a crise econômica, o que demonstra a total impossibilidade de se promover uma verdadeira igualdade social mantendo a exploração do homem pelo homem e a propriedade privada dos meios de produção.

Em que pese o fato da vitória de Dilma representar mais uma derrota para a extrema-direita, não podemos ter ouvidos de mercador quando algumas coisas são ditas. Nossa tarefa, como revolucionários, é mostrar à classe operária a verdade sobre os fatos.

Como sabemos, Dilma será a continuação dos oito anos do governo Lula, que apesar de representar um avanço na história do país, promoveu uma política de conciliação de classe, não re-estatizou as estatais privadas, continuou pagando os juros bilionários da chamada dívida pública e manteve os privilégios do agronegócio. Em suma, se limitou a gerenciar o capitalismo.

Na realidade Dilma não promoverá erradicação da miséria no Brasil. Este seu compromisso
de campanha, reafirmado durante seu primeiro discurso após a eleição não passa de mera retórica ou no máximo uma demonstração de boas intenções, pois é impossível acabar com a miséria de um país dentro do capitalismo. Para termos uma idéia, o principal país capitalista do mundo, os Estados Unidos, tem uma população de miseráveis superior a 40 milhões de pessoas.

Ademais, a expectativa é que os próximos anos não serão fáceis. A própria Dilma salientou no mesmo discurso após a vitória no 2º turno: “No curto prazo, não contaremos com a pujança das economias desenvolvidas para impulsionar nosso crescimento. Por isso, se tornam ainda mais importantes nossas próprias políticas, nosso próprio mercado, nossa própria poupança e nossas próprias decisões econômicas.”

Em todo o mundo a crise mundial do capitalismo se abate com toda a força. Na Europa, diversos países já entraram em recessão. Como o capitalismo é uma economia globalizada,certamente a crise econômica do capitalismo atingirá o Brasil também.

Como futura presidente do Brasil, Dilma planeja nos próximos anos adotar uma política de reajuste fiscal, aumento dos impostos e redução de gastos com o serviço público visando aumentar o superávit primário para continuar pagando a dívida pública e com a intensificação da crise econômica mais uma vez o estado gaste bilhões com pacotes para salvar os monopólios e bancos da bancarrota da crise.

Para verdadeiramente erradicar a miséria é necessário destruir o capitalismo, algo que Dilma não se comprometerá em fazer, pelo contrário, para demonstrar sua relação com a burguesia até convocou “humildemente” os empresários para ajudar nesta tarefa. Ora, se são exatamente os capitalistas os responsáveis pela miséria, como atenderão este apelo de Dilma Roussef?

Organizar uma revolução socialista não é o compromisso do PT, tampouco de Dilma Roussef. Sendo assim, também não pode ser verdadeiro o compromisso deles em erradicar a miséria no Brasil. Esta tarefa cabe a classe trabalhadora organizada e seu Partido revolucionário.

Portanto, não podemos acabar com a miséria, com a fome e o desemprego, sem acabar com o capitalismo. Devemos concentrar nossas forças na tarefa urgente de organizar a classe operária para tomar o destino da história nas mãos. Realizar uma revolução socialista, que coloque toda a produção sobre o controle dos trabalhadores e que distribua a riqueza produzida coletivamente, eis a tarefa que temos pela frente para construirmos um país de verdadeira igualdade social.

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