Do DCE/UFRPE
O povo Brasileiro e os estudantes estão de luto pelo falecimento de Sócrates (médico formado na USP e ex-jogador da seleção Brasileira) durante a madrugada deste domingo 04 de Dezembro, após ser vítima de choque séptico. Sua vida foi marcada pela construção da democracia Corinthiana e na luta pelas "Diretas já". Avançado politicamente, e grande jogador que foi, deixou ao povo brasileiro suas últimas opiniões sobre a copa do mundo, o esporte amador e a necessidade de uma sociedade mais justa.
Confira
abaixo sua última entrevista, concedida orgulhosamente ao DCE-UFRPE, no
dia 16 de Novembro de 2011, feita por Yuri Pires (1ºVice-Presidente da
UNE), e que está no jornal do DCE-UFRPE deste mês:
YP
- Na sua opinião, porque há tanto investimento para a construção de
estádios para a Copa 2014, e quase nenhum para o desporto amador no
Brasil?
Sócrates -
Construir é onde se pode manipular mais recursos. Por isso se levantam
tantos equipamentos esportivos. Investir em educação ninguém quer.
YP
- Recentemente o Deputado Federal Romário fez um discurso denunciando a
questão das desapropriações de famílias pobres para a construção das
obras da copa. Qual sua opinião sobre o tema?
Sócrates - Tudo o que está sendo e será feito passa ao largo da cidadania.
YP
- Talvez a experiência mais coletiva do futebol brasileiro tenha sido a
democracia Corinthiana. O futebol é um esporte coletivo. Porque hoje
vivemos um individualismo cada vez maior no futebol, chegando às vezes
ao cúmulo de se criarem panelinhas para queimar tal ou qual jogador?
Sócrates -
O individualismo está presente em toda a nossa sociedade. Poucos se
preocupam com o bem estar coletivo e isso só favorece a manutenção do
atual status social.
YP
- Sobre a meia entrada nos jogos da Copa do Mundo 2014, a FIFA é
contra, mas nos estados onde se realizarão os jogos, existem leis que
obrigam os empresários do setor a conceder meia entrada para estudantes.
Qual a sua opinião?
Sócrates -
Quando assumimos a realização da Copa também assinamos uma série de
quesitos que provavelmente não foram lidos. Uma das questões é essa e
agora deve ser resolvida sem que percamos nossa autonomia. Não
deveríamos estar discutindo isso, mas também sendo um evento privado não
deveria utilizar recursos públicos ao contrário do que está
acontecendo. Está tudo errado assim como os mais lúcidos esperavam. Só
não sabia quem não queria ver o que ocorreria.
Doutor
Sócrates, 57 anos, médico, ex-jogador da seleção brasileira e líder da
democracia corintiana. Faleceu neste dia 04 de Dezembro de 2011, e é com
grande pesar o Diretório Central dos Estudantes Odijas Carvalho de
Souza (DCE-UFRPE) noticia seu falecimento. Gostaríamos de agradecê-lo
pela entrevista concedida e pelo seu exemplo de crítica social e
desejamos aos seus familiares saudações de apoio pela perda desse grande
cidadão, jogar e médico Brasileiro.
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“Quanto ao Fidel Castro, símbolo da
Revolução Cubana, como Che Guevara, as pessoas estão mal informadas. No
nosso país se conhece muito pouco o que acontece fora daqui e mesmo
aqui dentro. A estrutura política cubana é extremamente democrática. Eu
queria que meu filho nascesse lá, eu queria ser um cubano. Nós estivemos
lá agora, nós fomos passear! Peguei minha mulher e fui lá, passear,
curtir lampejos de humanidade. Um povo como aquele, numa ilhota, que há
mais de 60 anos briga contra um império, só pode ser muito forte, e
ditadura alguma faz um povo tão forte. Ditadura não é tempo de serviço,
necessariamente é qualidade de serviço. Em Cuba, o povo participa de
tudo, em cada quarteirão. E aqui? Pra quem você reclama? Você vota e não
tem pra quem reclamar.”
Doutor Sócrates, 57 anos,
médico, ex-jogador da seleção brasileira e líder da
democracia corintiana na Folha de S. Paulo em 27/08/2011.
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