quarta-feira, 15 de maio de 2013

Cajá dará depoimento amanhã a Comissão de Memória e Verdade de Pernambuco

Da assessoria da CEMVDHC
 
Os membros da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara realizam, amanhã (16), a partir das 9h, sessão pública para ouvir os ex-presos políticos Edival Nunes da Silva “Cajá” e José Nivaldo Jr. A partir das ouvidas, a CEMVDHC pretende esclarecer as circunstâncias das mortes dos militantes Amaro Luís de Carvalho “Capivara”, 40 anos; Manoel Aleixo da Silva, 41; Emanuel Bezerra dos Santos, 30; Manoel Lisboa de Moura, 29; e o desaparecimento de Amaro Félix Pereira, 43.  Os relatores destes casos são: Socorro Ferraz, Henrique Mariano, Humberto Vieira de Melo e Áureo Bradley. A reunião é presidida pelo coordenador da CEMVDHC, Fernando Coelho. O evento é aberto ao público e acontece na sede da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pernambuco (Adufepe), no Campus Recife da UFPE.

“Dos depoimentos ouvidos até agora há muitas contradições sobre os episódios de morte e sumiço destes integrantes do PCR. Por exemplo: Claudio Guerra, quando ouvido nesta Comissão, declarou ter vindo a Pernambuco para matar Manoel Aleixo e descreve esta circunstância. A narrativa está em desacordo com o inquérito instaurado pela própria polícia e com testemunho de companheiros de Aleixo, que o viram na prisão”, explica Socorro Ferraz, relatora.

A versão oficial – Amaro Luís de Carvalho foi encontrado morto, por envenenamento, na Casa de Detenção do Recife, em 1971, quando estava terminando de cumprir a pena; Manoel Aleixo teria sido morto em tiroteio com a polícia, no interior de Pernambuco. É reconhecido pelo delegado Claudio Guerra como uma de suas vítimas;  Emanuel Bezerra dos Santos eManoel Lisboa teriam participado, em 29 de agosto de 1973, de troca de tiros com policiais, no Largo de Moema - SP e foram mortos.  Há informações, não confirmadas, de que eles teriam sido presos no Recife e levados para São Paulo por Luiz Miranda, sendo entregues a Fleury, que montou todo cenário para encobrir a morte dos dirigentes sob tortura no DOI-CODI do estado;Amaro Félix Pereira - uma certidão fornecida pela ABIN (Agência Brasileira de Inteligência), em 2005,  declara que ele foi libertado em 24 de novembro de 1970. No entanto, não há registro de outra prisão e não voltou para casa nem foi visto em outro lugar.
 
Depoente Edival Nunes da Silva “Cajá” - Ex-líder estudantil, sociólogo e dirigente político com militância em Pernambuco. Fez parte, entre 1975 e 1981, da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Olinda e Recife coordenada pelo Arcebispo Dom Helder Câmara. Foi preso e sequestrado no Recife, em 12 de maio de 1978, fato que reuniu, três dias depois, mais de 12 mil estudantes da UFPE em uma greve pelo fim das torturas e pedido de libertação. Houve, também, atos de solidariedade por todo o Brasil e no exterior, além de setores da Igreja Católica alinhados a Dom Helder Câmara. Atualmente, é presidente do Centro Cultural Manoel Lisboa; membro do Comitê Memória, Verdade e Justiça de Pernambuco e integrante da Comissão Nacional de Articulação dos Comitês Memória, Verdade e Justiça do Brasil. Integra o Comitê Central do Partido Comunista Revolucionário (PCR).
 
Depoente José Nivaldo Jr. – Publicitário. Foi professor do Departamento de História da UFPE por 20 anos. Foi sequestrado pelo Exército, em 69, permanecendo dois meses sem contato com a família. Na prisão, ele viu Manoel Lisboa em estado muito debilitado devido às torturas sofridas. Entre 1969-73 sofreu perseguição pelas autoridades durante do regime militar. Foi preso no DOI-CODI, Dops, nas dependências da aeronáutica, no quartel da Polícia do Exército e na penitenciária de Itamaracá. 

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