Há alguns anos, as lutas contra o
aumento das passagens têm ganhado importante participação dos estudantes
em diversas cidades do país. Nada contudo, nas proporções que tomaram
as manifestações dos últimos dias, em especial hoje, 17 de junho de
2013.
Essas
manifestações, que chegaram a levar mais de 100 mil pessoas às ruas no
Rio de Janeiro e São Paulo, trazem a indignação da juventude que está
cansada não apenas dos altos valores das tarifas nos transportes
públicos, e sim frente a falta de educação, saúde e de uma vida digna. O
slogan nossa luta não é por centavos é por direitos, presente nos protestos é prova viva dessa afirmação.
Não é segredo para ninguém que a
juventude é o setor que mais sofre com os efeitos da crise, sobrando
para os jovens os piores postos de trabalho, com baixos salários e
excessiva jornada de trabalho, e a maior vítima da violência no país.
Essa verdadeira rebelião da juventude
brasileira, se deu às vésperas do início da Copa das Confederação,
evento organizado pela entidade mais corrupta do esporte mundial, a
FIFA, e que é realizada no país ao preço mais caro que poderia nos
custar: a soberania.
Para atender os interesses e garantir os
lucros dos patrocinadores, o governo chegou a alterar o Estatuto do
Torcedor, submetendo-se a todas as imposições da FIFA, desde a
construção de novos estádios, liberação da venda de bebidas alcoólicas
durante os jogos (apenas das marcas patrocinadoras, ao absurdo custo de
R$ 9,00 o copo), até assumindo a responsabilidade financeira diante de
qualquer catástrofe natural que prejudique a realização dos jogos.
O gasto de dinheiro público chegará, até
a realização da Copa do Mundo em 2014, em R$ 86 bilhões, enquanto isso
faltam recursos para a contração e o pagamento de professores nas
escolas públicas, hospitais superlotados que não atendem a população, e
para piorar o salário mínimo do Brasil é o menor de toda a América do
Sul.
São Paulo na luta contra o aumento das passagens
Na maior capital do país, São Paulo,
dezenas de milhares de manifestantes ocuparam as principais ruas da
cidade, incluindo a sua via mais importante, a Av. Paulista. Nos
protestos contra o aumento das passagens (subiram de 3,00 para 3,20) a
truculência da ação policial marcou os protestos.
Com balas de
borracha, gás de pimenta, bombas e muita violência, a PM de São Paulo,
que chegou a quebrar vidros de viatura para tentar criminalizar o
movimento, deu o tom de como o Estado pretende ouvir a voz do povo e
suas reivindicações, bem diferente de como os governantes tratam os
ricos e suas empresas quando buscam isenções e incentivos financeiros.
Coincidentemente, no dia de hoje, quanto
a ação policial foi reduzida, e não aconteceram ações truculentas,
nenhum problema de violência foi registrado, o que apenas confirma de
que a quebra de vidros, e quaisquer transtornos causados nada mais foram
do que reação as ações da PM paulista.
Da Copa eu abro mão
Se as manifestações em São Paulo já
contavam com a simpatia e solidariedade dos jovens e da população em
todo o país, a ação repressiva da PM, sem dúvidas, serviu de estopim
para as manifestações que se seguiram no dia de hoje.
Mas, desde o sábado, na cidade de Belo
Horizonte, milhares de pessoas se reuniram para dizer não aos gastos com
estádios e as remoções em decorrência das obras, lutando por mais
verbas e melhorias nos serviços públicos. Como prenúncio do que
aconteceria no dia de hoje, mais de 5 mil pessoas ocuparam o centro de
BH no sábado gritando “Da copa eu abro mão! Eu quero meu dinheiro pra
saúde e educação!”.
Nessa segunda, mais de 40 mil pessoas
nas ruas do centro de BH se dirigiram até o estádio Mineirão, onde cerca
de 19 mil pessoas assistam ao jogo Nigéria e Taiti, da Copa das
Confederações. Na Av. Antônio Carlos, a PM mineira passou a agredir os
manifestantes causando uma imensa confusão entre todos os presentes.
Na capital carioca, vários eram os
cartazes e faixas fazendo referência aos gastos da Copa das
Confederações e da privatização do Maracanã. Mais de 100 mil pessoas se
fizeram presente denunciando o descaso com a juventude e exigindo mais
verbas para saúde, educação e contra o aumento das passagens.
A seleção brasileira, que treinava no
estádio Presidente Vargas no centro de Fortaleza, capital do Ceará, viu
milhares de manifestantes se fazerem presentes na saída do treino,
terminando o protesto que percorreu diversas ruas da cidade, e serviu de
convocatória para o ato de quarta-feira, quando a seleção jogará na
Arena Castelão.
De Belém a Porto Alegre, estamos todos na luta
Belém, Recife, Maceió, Feira de Santana,
Salvador, Vitória, Curitiba e Porto Alegre também foram palco de
protestos. Apenas nessas cidades, mais de 50 mil pessoas nas ruas
lutando contra os aumentos de passagens, por passe livre e contra os
gastos da Copa.
Essa luta se tornou nacional, e com a
manifestação em Brasília que cercou o Congresso Nacional, sem dúvidas, a
juventude ocupou um papel de destaque na conjuntura política no país.
Esse protagonismo que tem chamado a atenção de todo o mundo, sem
dúvidas, será decisivo na luta pela transformação social em nosso país.
UJR convoca a juventude brasileira: dia 20 será maior!
Nacionalizar essa luta permite a
juventude brasileira encarar de frente o seu maior desafio: lutar por
seus direitos. Não cairão dos céus os dias melhores que todos esperam,
muito menos conseguiremos transporte barato e de qualidade, ou mais
investimentos e melhorias nos serviços públicos sem nos mobilizarmos e
ocuparmos às ruas do país.
Estamos vivendo um momento histórico.
Desde o Fora Collor, em 1992, esse é o maior protesto popular realizado
no país. Fazemos parte dessa história, e precisamos e no próximo dia 20,
quinta-feira é hora da juventude ir às ruas e fazer valer a nossa voz!
Dia 20 será maior!
Coordenação Nacional da UJR
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