terça-feira, 18 de junho de 2013

De norte a sul estudantes param o Brasil

Há alguns anos, as lutas contra o aumento das passagens têm ganhado importante participação dos estudantes em diversas cidades do país. Nada contudo, nas proporções que tomaram as manifestações dos últimos dias, em especial hoje, 17 de junho de 2013.
10668_3141251226351_86980467_nEssas manifestações, que chegaram a levar mais de 100 mil pessoas às ruas no Rio de Janeiro e São Paulo, trazem a indignação da juventude que está cansada não apenas dos altos valores das tarifas nos transportes públicos, e sim frente a falta de educação, saúde e de uma vida digna. O slogan nossa luta não é por centavos é por direitos, presente nos protestos é prova viva dessa afirmação.

Não é segredo para ninguém que a juventude é o setor que mais sofre com os efeitos da crise, sobrando para os jovens os piores postos de trabalho, com baixos salários e excessiva jornada de trabalho, e a maior vítima da violência no país.

Essa verdadeira rebelião da juventude brasileira, se deu às vésperas  do início da Copa das Confederação, evento organizado pela entidade mais corrupta do esporte mundial, a FIFA, e que é realizada no país ao preço mais caro que poderia nos custar: a soberania.

Para atender os interesses e garantir os lucros dos patrocinadores, o governo chegou a alterar o Estatuto do Torcedor, submetendo-se a todas as imposições da FIFA, desde a construção de novos estádios, liberação da venda de bebidas alcoólicas durante os jogos (apenas das marcas patrocinadoras, ao absurdo custo de R$ 9,00 o copo), até assumindo a responsabilidade financeira diante de qualquer catástrofe natural que prejudique a realização dos jogos.

O gasto de dinheiro público chegará, até a realização da Copa do Mundo em 2014, em R$ 86 bilhões, enquanto isso faltam recursos para a contração e o pagamento de professores nas escolas públicas, hospitais superlotados que não atendem a população, e para piorar o salário mínimo do Brasil é o menor de toda a América do Sul.

São Paulo na luta contra o aumento das passagens

Na maior capital do país, São Paulo, dezenas de milhares de manifestantes ocuparam as principais ruas da cidade, incluindo a sua via mais importante, a Av. Paulista. Nos protestos contra o aumento das passagens (subiram de 3,00 para 3,20) a truculência da ação policial marcou os protestos.

Com balas de borracha, gás de pimenta, bombas e muita violência, a PM de São Paulo, que chegou a quebrar vidros de viatura para tentar criminalizar o movimento, deu o tom de como o Estado pretende ouvir a voz do povo e suas reivindicações, bem diferente de como os governantes tratam os ricos e suas empresas quando buscam isenções e incentivos financeiros.

Coincidentemente, no dia de hoje, quanto a ação policial foi reduzida, e não aconteceram ações truculentas, nenhum problema de violência foi registrado, o que apenas confirma de que a quebra de vidros, e quaisquer transtornos causados nada mais foram do que reação as ações da PM paulista.

Da Copa eu abro mão

Se as manifestações em São Paulo já contavam com a simpatia e solidariedade dos jovens e da população em todo o país, a ação repressiva da PM, sem dúvidas, serviu de estopim para as manifestações que se seguiram no dia de hoje.

Mas, desde o sábado, na cidade de Belo Horizonte, milhares de pessoas se reuniram para dizer não aos gastos com estádios e as remoções em decorrência das obras, lutando por mais verbas e melhorias nos serviços públicos. Como prenúncio do que aconteceria no dia de hoje, mais de 5 mil pessoas ocuparam o centro de BH no sábado gritando “Da copa eu abro mão! Eu quero meu dinheiro pra saúde e educação!”.

Nessa segunda, mais de 40 mil pessoas nas ruas do centro de BH se dirigiram até o estádio Mineirão, onde cerca de 19 mil pessoas assistam ao jogo Nigéria e Taiti, da Copa das Confederações. Na Av. Antônio Carlos, a PM mineira passou a agredir os manifestantes causando uma imensa confusão entre todos os presentes.

Na capital carioca, vários eram os cartazes e faixas fazendo referência aos gastos da Copa das Confederações e da privatização do Maracanã. Mais de 100 mil pessoas se fizeram presente denunciando o descaso com a juventude e exigindo mais verbas para saúde, educação e contra o aumento das passagens.

A seleção brasileira, que treinava no estádio Presidente Vargas no centro de Fortaleza, capital do Ceará, viu milhares de manifestantes se fazerem presentes na saída do treino, terminando o protesto que percorreu diversas ruas da cidade, e serviu de convocatória para o ato de quarta-feira, quando a seleção jogará na Arena Castelão.

De Belém a Porto Alegre, estamos todos na luta

Belém, Recife, Maceió, Feira de Santana, Salvador, Vitória, Curitiba e Porto Alegre também foram palco de protestos. Apenas nessas cidades, mais de 50 mil pessoas nas ruas lutando contra os aumentos de passagens, por passe livre e contra os gastos da Copa.

Essa luta se tornou nacional, e com a manifestação em Brasília que cercou o Congresso Nacional, sem dúvidas, a juventude ocupou um papel de destaque na conjuntura política no país. Esse protagonismo que tem chamado a atenção de todo o mundo, sem dúvidas, será decisivo na luta pela transformação social em nosso país.

UJR convoca a juventude brasileira: dia 20 será maior!

Nacionalizar essa luta permite a juventude brasileira encarar de frente o seu maior desafio: lutar por seus direitos. Não cairão dos céus os dias melhores que todos esperam, muito menos conseguiremos transporte barato e de qualidade, ou mais investimentos e melhorias nos serviços públicos sem nos mobilizarmos e ocuparmos às ruas do país.

Estamos vivendo um momento histórico. Desde o Fora Collor, em 1992, esse é o maior protesto popular realizado no país. Fazemos parte dessa história, e precisamos e no próximo dia 20, quinta-feira é hora da juventude ir às ruas e fazer valer a nossa voz! Dia 20 será maior!

Coordenação Nacional da UJR

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