segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Militante da ALN é homenageado como cidadão paulistano

Retirado do Brasil de Fato

Comandante Jonas liderou o sequestro do embaixador estadunidense Charles Elbrick, em novembro de 1969

15/08/2011

Da redação

Os familiares de Virgílio Gomes da Silva, o Comandante Jonas, receberão, nesta segunda-feira (15), o título de cidadão paulistano concedido ao ativista político. A cerimônia ocorrerá às 19h no Salão Nobre da Câmara Municipal de São Paulo.

A homenagem ao integrante da Ação Libertadora Nacional (ALN), que completaria 78 anos de idade nesta segunda-feira, foi aprovada em abril por meio de projeto de decreto legislativo proposto pelo vereador Francisco Chagas (PT).Jonas comandou o sequestro do embaixador estadunidense Charles Elbrick, em novembro de 1969. Capturado dias depois da libertação do diplomata, foi brutalmente torturado pelos agentes do DOI-Codi paulista.

A cerimônia deverá ter a presença da viúva de Virgílio, Ilda Martins da Silva, que também foi presa e torturada.

Quem foi?
Virgílio Gomes da Silva foi operário da indústria química e dirigente do sindicato da categoria em São Paulo.

Nascido em 15 de agosto de 1933, na cidade de Santa Cruz, aos 18 anos saiu do sertão do Rio Grande do Norte para tentar a vida em São Paulo.

Trabalhou e tornou-se ativista sindical de destaque dentro da Empresa Nitro Química, em São Miguel Paulista. Passou a militar no PCB no começo da década de 1960. Pela ALN fez treinamento militar em Cuba, em 1967 adotando o codinome de “Jonas” para proteger a si próprio e a seus companheiros. Casou-se com Ilda Martins da Silva, em 21 de maio de 1960, com quem teve quatro filhos.

No comando da ALN, realizou uma das ações mais importantes da luta da resistência contra a ditadura: o sequestro do embaixador estadunidense no Brasil Charles Elbrick, o que obrigou os militares a reconhecerem publicamente a existência da tortura no Brasil, e sua troca pela liberdade de 15 presos políticos do regime e seu exílio no exterior, entre eles José Dirceu, Ricardo Zarattini, Wladimir Palmeira, Gregório Bezerra, Luis Travassos, José Ibraim, Flávio Tavares.

Poucos dias da libertação de Elbrick, Virgílio foi capturado. Brutalmente torturado, morreu na prisão em 1969, aos 36 anos de idade. Somente em 2004, porém, sua família, amigos e antigos companheiros de luta tiveram a confirmação da sua morte, através da divulgação de um laudo do IML da época da ditadura.

Atualmente, 42 anos depois de seu assassinato, seus restos mortais permanecem em local desconhecido, supostamente no Cemitério de Vila Formosa, para onde eram levados secretamente os corpos das vitimas da violência dos órgãos de repressão da ditadura militar.

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