sexta-feira, 30 de novembro de 2012
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
domingo, 25 de novembro de 2012
sábado, 24 de novembro de 2012
Documentos revelam como o Exército se articulou para ocultar explosões no Riocentro
Ataques tinham como alvo o show com cerca de 20 mil pessoas no Rio de Janeiro, há 31 anos
Bomba explodiu no colo de agente do DOI-Codi
Foto:
Ricardo Chaves / Agencia RBS
José Luis Costa | Humberto Trezzi
Missão Nº 115. Esse era o nome oficial da vigilância desencadeada pelos
serviços de espionagem do Exército no centro de convenções Riocentro, no
Rio, em 30 de abril de 1981, quando 20 mil pessoas ali se reuniam para
um show musical em protesto contra o regime militar. Duas bombas
explodiram lá, e os agentes “supervisores” da ação foram as únicas
vítimas do episódio, que lançou suspeitas sobre atividades terroristas
praticadas por militares e mergulhou em agonia uma ditadura que vinha
desde 1964 e acabaria sepultada em 1985. Tudo isso a população
brasileira já intuía, por meio de depoimentos. O que até agora
permanecia oculto – e está sendo revelado por Zero Hora, em primeira mão
– são registros de militares envolvidos no episódio e manobras de
abafamento do incidente, arquitetadas por servidores da repressão.
Leia mais
Coronel tinha cartilha com orientações para serviços de espionagemVeja o cronograma e as anotações do coronel sobre o caso Riocentro
O segredo está em arquivos que eram guardados em casa pelo coronel reformado do Exército Julio Miguel Molinas Dias – assassinado aos 78 anos, em 1º de novembro, em Porto Alegre, vítima de um crime ainda nebuloso. Molinas Dias era, na época do atentado, comandante do Destacamento de Operações e Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do Rio de Janeiro, conhecido como Aparelhão. O arquivo do coronel continha 200 páginas, várias delas encabeçadas pelo carimbo “confidencial” ou “reservado”. O calhamaço evidencia que o aparelho repressivo militar tentou maquiar o cenário do Riocentro para fazer com que as explosões parecessem obra de guerrilheiros esquerdistas.
Os registros estavam guardados pelo minucioso oficial. A unidade comandada por Molinas era reponsável por espionar e reprimir opositores ao regime militar. O DOI-Codi era localizado dentro do 1º Batalhão de Polícia do Exército, na Rua Barão de Mesquita,no bairro da Tijuca. Ao se aposentar, o coronel levou para casa documentos preciosos, contando pormenores da sigilosa rotina da caserna. O dossiê deixa transparecer que a bomba no Riocentro também fez estragos dentro da sede do DOI-Codi, distante 30 quilômetros do centro de eventos.
Em meio aos papéis, surgem evidências de que oficiais forjaram fatos. Há inclusive uma orientação para simular o furto do veículo pertencente ao sargento que morreu na explosão, no sentido de desaparecer com pistas que seriam comprometedoras.
Oficiais forjaram cenário da açãoO acervo de Molinas foi arrecadado pela Polícia Civil gaúcha após o assassinato dele e revela detalhes inéditos do lado de dentro dos portões de uma das mais temidas unidades das Forças Armadas durante os anos de chumbo.
ZH teve acesso a memorandos datilografados e também manuscritos, no qual o coronel registra a mobilização que se instalou naquele quartel-sede da espionagem política do Brasil, imediatamente após a explosão. São ordens, contraordens e telefonemas com a finalidade de evitar que fatos e versões indigestas ao Exército viessem à tona.
Os papéis contêm medidas de prevenção para segurança de militares, recomendações para não serem fotografados e relação de bombas e artefatos explosivos no paiol do quartel para destruição coletiva e individual. Mas o mais espesso lote de documentos do coronel é do tempo em que ele dava as ordens no comando do DOI-Codi.
De próprio punho, o coronel Molinas teria redigido parte desses memorandos, divididos em dias, horas e minutos. Trabalho facilitado porque era detalhista. Um verdadeiro soldado espartano. Em meio à papelada sobressaem-se relatórios sobre o desastroso atentado no centro de convenções Riocentro. Uma das duas bombas que explodiram durante um show musical acabou matando o sargento Guilherme Pereira do Rosário e ferindo com gravidade o capitão Wilson Luiz Chaves Machado, chefe da seção de Operações do DOI-Codi.
Os papéis do coronel Molinas mostram que Rosário tinha o codinome de Agente Wagner e Wilson era chamado Dr. Marcos (militares de baixa patente eram chamados de agentes e oficiais eram doutores, na gíria da espionagem).
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Coronel tinha cartilha com orientações para serviços de espionagemVeja o cronograma e as anotações do coronel sobre o caso Riocentro
O segredo está em arquivos que eram guardados em casa pelo coronel reformado do Exército Julio Miguel Molinas Dias – assassinado aos 78 anos, em 1º de novembro, em Porto Alegre, vítima de um crime ainda nebuloso. Molinas Dias era, na época do atentado, comandante do Destacamento de Operações e Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do Rio de Janeiro, conhecido como Aparelhão. O arquivo do coronel continha 200 páginas, várias delas encabeçadas pelo carimbo “confidencial” ou “reservado”. O calhamaço evidencia que o aparelho repressivo militar tentou maquiar o cenário do Riocentro para fazer com que as explosões parecessem obra de guerrilheiros esquerdistas.
Os registros estavam guardados pelo minucioso oficial. A unidade comandada por Molinas era reponsável por espionar e reprimir opositores ao regime militar. O DOI-Codi era localizado dentro do 1º Batalhão de Polícia do Exército, na Rua Barão de Mesquita,no bairro da Tijuca. Ao se aposentar, o coronel levou para casa documentos preciosos, contando pormenores da sigilosa rotina da caserna. O dossiê deixa transparecer que a bomba no Riocentro também fez estragos dentro da sede do DOI-Codi, distante 30 quilômetros do centro de eventos.
Em meio aos papéis, surgem evidências de que oficiais forjaram fatos. Há inclusive uma orientação para simular o furto do veículo pertencente ao sargento que morreu na explosão, no sentido de desaparecer com pistas que seriam comprometedoras.
Oficiais forjaram cenário da açãoO acervo de Molinas foi arrecadado pela Polícia Civil gaúcha após o assassinato dele e revela detalhes inéditos do lado de dentro dos portões de uma das mais temidas unidades das Forças Armadas durante os anos de chumbo.
ZH teve acesso a memorandos datilografados e também manuscritos, no qual o coronel registra a mobilização que se instalou naquele quartel-sede da espionagem política do Brasil, imediatamente após a explosão. São ordens, contraordens e telefonemas com a finalidade de evitar que fatos e versões indigestas ao Exército viessem à tona.
Os papéis contêm medidas de prevenção para segurança de militares, recomendações para não serem fotografados e relação de bombas e artefatos explosivos no paiol do quartel para destruição coletiva e individual. Mas o mais espesso lote de documentos do coronel é do tempo em que ele dava as ordens no comando do DOI-Codi.
De próprio punho, o coronel Molinas teria redigido parte desses memorandos, divididos em dias, horas e minutos. Trabalho facilitado porque era detalhista. Um verdadeiro soldado espartano. Em meio à papelada sobressaem-se relatórios sobre o desastroso atentado no centro de convenções Riocentro. Uma das duas bombas que explodiram durante um show musical acabou matando o sargento Guilherme Pereira do Rosário e ferindo com gravidade o capitão Wilson Luiz Chaves Machado, chefe da seção de Operações do DOI-Codi.
Os papéis do coronel Molinas mostram que Rosário tinha o codinome de Agente Wagner e Wilson era chamado Dr. Marcos (militares de baixa patente eram chamados de agentes e oficiais eram doutores, na gíria da espionagem).
ZERO HORA
Ditadura: Pequeno subversivo, foi classificado como revolucionário aos 2 anos de idade
Minha História - Ernesto Carlos Dias - 44
Pequeno subversivo
Preso com a mãe pela ditadura, ele foi classificado como revolucionário aos 2 anos de idade
Patrícia Britto
RESUMO Filho de militantes que atuaram contra a ditadura militar, Ernesto Carlos Dias do Nascimento, 44, se tornou vítima do regime ainda criança. Em 1970, aos dois anos de idade, foi preso com a mãe por agentes do Dops. No mês seguinte, foi libertado junto com os 40 presos políticos resgatados em troca do embaixador alemão Ehrenfried von Holleben. No mesmo ano, seguiu para o exílio, em Cuba, onde viveu por 16 anos.
Nasci em fevereiro de 1968, no bairro da Liberdade, em São Paulo. Minha mãe, Jovelina Tonello, trabalhava na prefeitura de Osasco e foi demitida durante a licença maternidade por causa da militância do meu pai.
Pequeno subversivo
Preso com a mãe pela ditadura, ele foi classificado como revolucionário aos 2 anos de idade
Patrícia Britto
RESUMO Filho de militantes que atuaram contra a ditadura militar, Ernesto Carlos Dias do Nascimento, 44, se tornou vítima do regime ainda criança. Em 1970, aos dois anos de idade, foi preso com a mãe por agentes do Dops. No mês seguinte, foi libertado junto com os 40 presos políticos resgatados em troca do embaixador alemão Ehrenfried von Holleben. No mesmo ano, seguiu para o exílio, em Cuba, onde viveu por 16 anos.
Nasci em fevereiro de 1968, no bairro da Liberdade, em São Paulo. Minha mãe, Jovelina Tonello, trabalhava na prefeitura de Osasco e foi demitida durante a licença maternidade por causa da militância do meu pai.
Ele, Manoel Dias do Nascimento, era líder sindical. Em 1968, teve a prisão decretada e entrou na clandestinidade.
Meu pai já
era do Partido Comunista Brasileiro, e virou um dos fundadores da VPR
(Vanguarda Popular Revolucionária), liderada pelo Carlos Lamarca.
Quando meu
pai decide ir para a luta armada, minha avó resolve ir também. Ela fica
com o Lamarca no vale do Ribeira, no sul do Estado, com três filhos
adotivos para simular uma família normal na casa, que chamavam de
"aparelho". Ela também ajudava o movimento costurando roupas para os
militantes.
Meu pai fica
organizando a guerrilha na capital. No dia 19 de maio de 1970, ele foi
preso, quando estava no "ponto" para passar informações aos
companheiros. Eu fui preso com minha mãe mais tarde, no mesmo dia, em
nossa casa na Vila Formosa.
A gente vai
para a Operação Bandeirantes, depois para o Dops (Departamento de Ordem
Política e Social) e para a ala feminina do presídio Tiradentes. Eu só
tinha dois anos de idade, mas já tinha carteirinha de subversivo.
Eu vi meus
pais serem torturados e sei que também apanhei. Fui usado para ameaçarem
meu pai. Isso está registrado em depoimentos.
Não tenho lembranças, só traumas. Meus pais não conversam sobre isso. Só soube dos detalhes quando voltei ao Brasil, em 1986.
Minha mãe foi várias vezes na Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo buscar documentos.
Nesse vai e
volta, apareceu minha ficha num álbum do Dops de "terroristas e
subversivos". Tem uma foto minha, aos dois anos, e está escrito que sou
"subversivo".
Minha avó
também tinha sido presa. Meus irmãos de criação, que estavam com ela,
foram para o juizado de menores. Não sei por que eu não fiquei com eles.
É isso que eu quero saber, o que se passou nesses 28 dias de escuridão
na minha vida.
RESGATE
Saí da prisão
com a minha vó. Ela estava na lista dos 40 presos políticos libertados
em troca do embaixador alemão Ehrenfried von Holleben, que tinha sido
sequestrado.
Nós saímos no
mesmo resgate em que foram libertados o Fernando Gabeira, o Carlos Minc
e outros companheiros, em 16 de junho de 1970.
Tiramos uma
fotografia antes de embarcar para o exílio na Argélia. Eu e meus irmãos
somos essas crianças que estão na foto. Não tenho nenhuma lembrança
desse dia.
Ficamos um
mês na Argélia e no dia 27 de julho de 1970 chegamos em Cuba. O objetivo
era chegar no dia anterior, em comemoração ao aniversário da revolução
cubana, mas por causa do mal tempo, partimos no dia seguinte.
Meus pais
ainda ficaram presos aqui. Eles só foram resgatados no sequestro do
embaixador suíço Giovanni Bücher, e foram para o exílio no Chile, junto
com o frei Betto e o frei Tito.
Minha
primeira lembrança é aos quatro anos de idade, quando eu morava em Cuba.
Eu tinha muito medo de policiais, e minha tia Damaris, que morou com a
gente no exílio, deu um brinquedo para um policial me entregar. Ele me
deu um carrinho de corrida, brincou comigo, me botou em cima de uma
motocicleta, e eu adorei. Quando ele foi embora, eu vi que era um
policial. Essa é a minha primeira memória.
Só voltei
para o Brasil definitivamente em janeiro de 1986. "Yo soy cubano, yo no
soy brasileño" [eu sou cubano, eu não sou brasileiro]. A mim foi negada
toda minha cultura, meus direitos civis.
Hoje os meus
quatro filhos estudam essa história e veem a minha foto nos livros. Só
que não fui só eu. Foram centenas de crianças que passaram coisas
parecidas, dentro e fora dos cárceres.
Eu quero que
levantem todas essas questões. Nós temos muitas crianças -que nem são
mais crianças, alguns já estão na idade de se aposentar- que viveram
essa escuridão.
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
O amante da minha mulher
De Paulo Nogueira
O tragicômico escândalo sexual que derrubou o chefão da CIA, o bajulado general David Petraues
O tragicômico escândalo sexual que derrubou o chefão da CIA, o bajulado general David Petraues
O furo mais sensacional do New York Times nos últimos dias apareceu
não nas páginas de política ou de economia. Surgiu numa coluna que é um
consultório sentimental. Um leitor mandou uma carta anônima cujo título
era: “O Amante de Minha Mulher”.
Nele, o homem enganado pedia conselho. Descobrira que sua mulher
estava tendo um caso com um homem que estava fazendo um trabalho vital
para o futuro do país – “e não existe exagero aí”. Nas vezes em que se
viram, disse o anônimo, o homem com quem sua mulher saía sempre o tratou
muito bem, um sinal de que não sabia que ele sabia.
Que fazer? Repudiar a mulher? Esperar, como um estoicismo patriótico, o final da missão do grande homem?
Para encurtar: o autor da carta estava se referindo ao general David
Petraues, diretor da CIA e a figura mais admirada, em muitos anos, das
Forças Armadas americanas. Petraues, nos anos 1990, quando parecia que a
hegemonia dos Estados Unidos era para sempre, chegou a ser cotado para
concorrer a presidente.
Aos 60 anos, casado, dois filhos adultos, a carreira de Petraues
chegou ao fim espetacularmente. Ele renunciou tão logo sua infidelidade
se tornou pública, pouco depois da carta publicada no New York Times.
Petraues tinha um caso com a escritora que escreveu um livro sobre
ele, a jornalista e escritora Paula Broadwell, 40 anos, dois filhos
pequenos com o homem que recorreu ao consultório sentimental do jornal.
Manter um caso secreto já é duro. O problema é que Petraues tinha
dois, e foi aí que ele se enrolou. Ele se envolveu romanticamente também
com uma militar lotada no Departamento de Estado, Jill Kelley, de 37
anos, igualmente casada.
Jill avisou ao FBI que estava recebendo emails ameaçadores de Paula. O
FBI invadiu a caixa postal de Paula, e encontrou Petraues. A maior
preocupação era com a possibilidade de Paula ter tido acesso a
informações confidenciais.
Petraues foi absurdamente incensado pela mídia americana em duas
guerras nas quais os Estados Unidos acabaram fracassando
espetacularmente, a do Vietnã e a do Iraque. No Iraque, os jornalistas
americanos, pela primeira vez, trabalharam acoplados – embedded – às tropas. Foi um caso antológico de promiscuidade.
A queda de Petraues vem se prestando a piadas de toda natureza. “Se o
diretor da CIA não consegue manter um caso secreto, quem conseguirá?”,
zombou um comediante.
Foi também amplamente citado o título do livro escrito por Paula
Broadwell: “All in”. Era uma alusão ao tudo ou nada do pôquer. Mas
passou a ser entendido literalmente, dada a situação. Tudo dentro. De
Paula, e de Jill.
Todo império em seu declínio alterna momentos de drama com momentos
cômicos, agonia e risos, crispação e gargalhadas. A maior contribuição
que Petraues deu a seu país, e ao mundo, talvez tenha sido a comédia
amorosa com a qual ele forneceu risos em escala mundial.
domingo, 11 de novembro de 2012
Será que os policiais assassinados nas últimas semanas e também os trabalhadores reagiram, governador Alckmin?
Protesto
em muro de Osasco – SP contra a morte de um morador baleado por soldados
das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA). Fonte: Perfil no Facebook do Jornal a Nova Democracia
No meu
bairro as pessoas estão assustadas, às 22 horas desde domingo é silêncio
total. Se desobedecer o toque de recolher corre-se sérios riscos. As
pessoas vão falando com medo sobre um corpo na Eiras Garcia, outro na
Francisco Mourato, de um corpo aqui outro acolá.
A rotina
tem mudado bastante, não fui à universidade porque saio geralmente às 23
horas, minha casa já foi assaltada três vezes nos últimos quatro meses,
cheguei atrasada na escola porque a Rota está na São Remo e está uma
muvuca danada. Para voltar pra casa demorei mais de uma hora num trajeto
que no meio da tarde eu faço em 20 minutos no máximo.
Enquanto
escrevo este texto helicópteros rondam ruidosamente a região. Falo com
amigos da Cidade Tiradentes e a revolta é a mesma, o nível de violência
policial chegou à barbárie. O grupo de Defesa de Direitos Humanos e das
Mães de maio estão apavorados e revoltadíssimos, novamente a Baixada
Santista é cenário de muitas mortes de jovens negros nas periferias,
como em maio de 2006.
Qual é a alternativa?
Um
governador que aposta tudo na Rota? Como é que tucanos tem a ousadia de
falar de Maluf? Está na hora de Caco Barcellos escrever um Rota 66 parte 2.
Muita gente vai ficar surpresa de como o período democrático anda
matando de fazer inveja aos ditadores, aliás, segundo Cabo Anselmo no Roda Viva todo o aparelho repressor do Dops está no governo do estado, na ativa.
Desde 2003
quando Luiz Eduardo Soares foi um dos primeiros secretários do governo
Lula a ser destruído pela mídia venal que temos no Brasil o que tem sido
feito para que de fato tenhamos uma verdadeira segurança pública e não
um bando de manés despreparados que saem atirando a esmo matando
inocentes quando vêem uma furadeira ou quando um pneu do carro estoura?
A Direita
só conhece a linguagem da Rota, como aqui em SP, ou o de parcela de
policiais civis e militares se confundirem com milícias e com o crime
organizado ou do Bope subindo morros como no Rio ou simplesmente fazer o
que sempre fez desde os grupos de extermínio da ditadura militar: ir
uniformizados ou não pra as favelas e matar um monte de jovens negros.
Enquanto
não desmilitarizarmos esta polícia, prepará-la de fato para que entenda
que as pessoas são sujeitos de direitos e dois deles são o direito à
proteção e à vida, direitos humanos básicos, enquanto os governos
eleitos democraticamente não afastarem aqueles que estiveram na linha de
frente da tortura durante a ditadura militar a meu ver a barbárie
uniformizada de um lado e desdentada com cordão de ouro do outro vão
continuar a se digladiar. E nessa guerra não há vencedores.
sábado, 10 de novembro de 2012
EUA: colégio eleitoral e escravidão
de Renato Pompeu
Foi
corrente na mídia a versão de que o Colégio Eleitoral, ou seja, a
eleição indireta do presidente americano, feita por delegados estaduais,
é uma decorrência do que seria um autêntico "federalismo" americano.
Cada Estado dos Estados Unidos seria um Estado plenamente soberano que
se uniria a outros Estados plenamente soberanos para eleger um
presidente comum. Não seria, assim, uma federação de meia tigela,
digamos assim, como a brasileira.
Isso pode ser muito bonito, mas na
verdade o Colégio Eleitoral foi em grande parte a solução encontrada
para a convivência entre Estados não-escravistas e Estados escravistas.
Se a eleição presidencial nos Estados Unidos recém-independentes fosse
direta, os Estados não-escravistas, de população inteiramente livre,
teriam muito mais eleitores do que os Estados escravistas, em que grande
parte da população não era livre e não poderia votar. Assim, se
resolveu criar um Colégio Eleitoral em que cada Estado seria
representado por um número de delegados proporcional à sua população.
Para assegurar o equilíbrio, foi adotado o notável estratagema de, para
efeito de contagem da população, se incluírem os escravos, que assim
foram incluídos como simples números, já que não podiam ser incluídos
como eleitores.
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
Violência explode nos protestos “mais do mesmo” na Argentina
Violência explode nos protestos “mais do mesmo” na Argentina
Aí no Brasil – escrevo em viagem de trabalho ao exterior –, os
protestos contra o governo de Cristina Kirchner que eclodiram na
Argentina na quinta-feira (8.9) foram apresentados sem que fossem
informados detalhes que desautorizam o tom de “revolta popular”
apocalíptica adotado pela imprensa corporativa brasileira, pelo que este
Blog trata de oferecê-los.
Explico que a iniciativa de escrever este post se deveu a que estou
no Peru, no âmbito de uma incursão comercial que já chega ao 11º dia
após passar por Bolívia e Equador e que, neste sábado, retornará à
Bolívia e lá permanecerá até meados da semana que entra, quando retorno
ao Brasil.
O fato é que, na noite de quinta-feira, assistindo tevê a cabo no
quarto de hotel, sintonizei a televisão argentina Telefé e deparei com
uma cena impressionante que, inclusive, é o que dá título a este post – e
sobre a qual discorrerei mais adiante.
Antes, porém, devo contextualizar o que aconteceu na Argentina, o que
farei graças a ligações que fiz para fontes que tenho naquele país.
Em primeiro lugar, é bom que saibam que o tão propalado “8 N” (8 de
novembro, dia do protesto) ocorreu pouco menos de dois meses após o “13
S” (13 de setembro), o protesto anterior que levou argentinos à rua com a
mesma finalidade de atacar o governo pelos mais distintos motivos, que
não se resumem só à tal “re-re”, a suposta intenção da presidente do
país vizinho de se candidatar à re-reeleição, o que a lei argentina
proíbe.
Muito menos, tais protestos ocorreram em favor do grupo de mídia
Clarín, em razão de fato que ocorrerá em breve e que se representa por
outra sigla oriunda do calendário, o “7 D” (7 de dezembro), data em que
vence a liminar que permitiu à “Globo” argentina descumprir a lei que
proíbe oligopólios na comunicação, apesar de que certa mídia brasileira
tenta fazer crer o contrário.
Outra conversa fiada é a de que não havia políticos nas
manifestações. Havia, sim, e muitos. Só que estavam disfarçados. Ou
seja: os partidos de oposição que ajudaram a insuflar as marchas em todo
país apenas deixaram as suas bandeiras em casa, de forma a ajudarem a
conferir “espontaneidade” a elas.
Nos arredores do Obelisco da Avenida 9 de julho, onde a manifestação
foi mais massiva, havia uma variedade de políticos insuflando a massa,
quase todos pertencentes ao “macrismo” e ao grupo Gapu, movimentos de
direita que se opõem a Cristina Kirchner e que se inspiram no prefeito
de Buenos Aires, Mauricio Macri.
Foram vistos nos protestos vários integrantes da coalizão PRO
(Proposta Repúblicana), integrada pelo CPC (Compromisso Pela Mudança),
partido de Macri.
Alguns políticos identificados foram Federico Pinedo, Paula Bertol,
Sergio Bergman, Patricia Bullrich, Eduardo Amadeo. Havia, também, vários
funcionários do PRO como Néstor Grindetti e Daniel Chain, ruralistas
como Mario Llambías e Luciano Miguens, o ativista de oposição Raúl
Castells e o ultradireitista Alejandro Biondini.
Outro fato que a mídia brasileira sonega é que a manifestação foi
maciçamente composta pelas classes alta e média alta. Prova disso é que
os manifestantes marcharam desde bairros como Santa Fé rumo à avenida
Corrientes, que desemboca na 9 de Julho, onde fica o Obelisco. No Sul da
cidade, região mais pobre, as manifestações foram escassas ou
inexistentes.
Mais uma informação sonegada: durante as marchas, registraram-se
simultâneos “apagões” em várias regiões, coisa que não costuma
acontecer. Há relatos continuados de sabotagem das redes elétricas. Ou
terá sido coincidência que esses apagões ocorreram justo no dia das
manifestações?
Ainda que pareça espantosa a massa humana que foi às ruas – e para
oferecer essa informação não precisei de fontes porque conheço muito bem
a Argentina e, sobretudo, Buenos Aires, por conta de meu trabalho –, na
Argentina e em vários outros países latino-americanos as manifestações
de rua são comuns e para todos os gostos.
Este ano mesmo, durante viagem que fiz a Buenos Aires, a mesma
avenida 9 de Julho fervilhava de apoiadores do governo – sindicatos,
movimentos sociais etc. A Argentina é muito parecida com a Venezuela,
nesse aspecto. Portanto, não se surpreendam se, em poucos dias, eclodir
uma marcha de apoiadores do governo para se contrapor à de opositores.
Só haverá uma diferença: a mídia brasileira não irá cobrir como fez com a marcha antigovernista.
Por conta disso, as manifestações que se pretenderam apocalípticas
para o governo de Cristina Kirchner – e que assim foram apresentadas
pela mídia brasileira – não passam de mais do mesmo, de protestos que
ocorrem naquele país contra o governo há bastante tempo, inclusive antes
da última eleição presidencial, que a presidente venceu com folga. Eis
porque ela não está nem dando bola.
O que surpreendeu, em alguma medida, foram atos de violência um tanto
incomuns nessas manifestações. Atos que ocorreram sobretudo contra a
imprensa.
Então você deve estar se perguntando como é possível que uma marcha
contra o governo ataque a imprensa, pois deve estar supondo que, como no
Brasil, ela também é contra o governo. Não é bem assim. Com a
democratização das comunicações em curso na Argentina já há um bom
tempo, o país tem hoje imprensa para todos os gostos.
As imagens que você verá abaixo, em matéria da rede argentina C5N,
portanto, mostram o viés truculento desses setores elitistas que saíram
às ruas para protestar contra o governo. E note que, em nenhum momento, a
matéria acusa kirchneristas pelos ataques. Os que agrediram o repórter
dessa rede e de outras julgaram-nos como sendo da “imprensa governista”.
Retirado do Blog da Cidadania
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