Foi
corrente na mídia a versão de que o Colégio Eleitoral, ou seja, a
eleição indireta do presidente americano, feita por delegados estaduais,
é uma decorrência do que seria um autêntico "federalismo" americano.
Cada Estado dos Estados Unidos seria um Estado plenamente soberano que
se uniria a outros Estados plenamente soberanos para eleger um
presidente comum. Não seria, assim, uma federação de meia tigela,
digamos assim, como a brasileira.
Isso pode ser muito bonito, mas na
verdade o Colégio Eleitoral foi em grande parte a solução encontrada
para a convivência entre Estados não-escravistas e Estados escravistas.
Se a eleição presidencial nos Estados Unidos recém-independentes fosse
direta, os Estados não-escravistas, de população inteiramente livre,
teriam muito mais eleitores do que os Estados escravistas, em que grande
parte da população não era livre e não poderia votar. Assim, se
resolveu criar um Colégio Eleitoral em que cada Estado seria
representado por um número de delegados proporcional à sua população.
Para assegurar o equilíbrio, foi adotado o notável estratagema de, para
efeito de contagem da população, se incluírem os escravos, que assim
foram incluídos como simples números, já que não podiam ser incluídos
como eleitores.
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