Protesto
em muro de Osasco – SP contra a morte de um morador baleado por soldados
das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA). Fonte: Perfil no Facebook do Jornal a Nova Democracia
No meu
bairro as pessoas estão assustadas, às 22 horas desde domingo é silêncio
total. Se desobedecer o toque de recolher corre-se sérios riscos. As
pessoas vão falando com medo sobre um corpo na Eiras Garcia, outro na
Francisco Mourato, de um corpo aqui outro acolá.
A rotina
tem mudado bastante, não fui à universidade porque saio geralmente às 23
horas, minha casa já foi assaltada três vezes nos últimos quatro meses,
cheguei atrasada na escola porque a Rota está na São Remo e está uma
muvuca danada. Para voltar pra casa demorei mais de uma hora num trajeto
que no meio da tarde eu faço em 20 minutos no máximo.
Enquanto
escrevo este texto helicópteros rondam ruidosamente a região. Falo com
amigos da Cidade Tiradentes e a revolta é a mesma, o nível de violência
policial chegou à barbárie. O grupo de Defesa de Direitos Humanos e das
Mães de maio estão apavorados e revoltadíssimos, novamente a Baixada
Santista é cenário de muitas mortes de jovens negros nas periferias,
como em maio de 2006.
Qual é a alternativa?
Um
governador que aposta tudo na Rota? Como é que tucanos tem a ousadia de
falar de Maluf? Está na hora de Caco Barcellos escrever um Rota 66 parte 2.
Muita gente vai ficar surpresa de como o período democrático anda
matando de fazer inveja aos ditadores, aliás, segundo Cabo Anselmo no Roda Viva todo o aparelho repressor do Dops está no governo do estado, na ativa.
Desde 2003
quando Luiz Eduardo Soares foi um dos primeiros secretários do governo
Lula a ser destruído pela mídia venal que temos no Brasil o que tem sido
feito para que de fato tenhamos uma verdadeira segurança pública e não
um bando de manés despreparados que saem atirando a esmo matando
inocentes quando vêem uma furadeira ou quando um pneu do carro estoura?
A Direita
só conhece a linguagem da Rota, como aqui em SP, ou o de parcela de
policiais civis e militares se confundirem com milícias e com o crime
organizado ou do Bope subindo morros como no Rio ou simplesmente fazer o
que sempre fez desde os grupos de extermínio da ditadura militar: ir
uniformizados ou não pra as favelas e matar um monte de jovens negros.
Enquanto
não desmilitarizarmos esta polícia, prepará-la de fato para que entenda
que as pessoas são sujeitos de direitos e dois deles são o direito à
proteção e à vida, direitos humanos básicos, enquanto os governos
eleitos democraticamente não afastarem aqueles que estiveram na linha de
frente da tortura durante a ditadura militar a meu ver a barbárie
uniformizada de um lado e desdentada com cordão de ouro do outro vão
continuar a se digladiar. E nessa guerra não há vencedores.
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