segunda-feira, 7 de junho de 2010

Resenha Crítica

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – UFPB
CURSO DE LINCENCIATURA EM LETRAS
DISCIPLINA: METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
PERÍODO: 2º 2010.1
DOCENTE: Maria Cristina de Assis
TUTORA: Maria de Fátima de Oliveira
PÓLO: João Pessoa
DISCENTE: Emerson Lira Nascimento
REFERÊNCIA
M. da SILVA, Elson. REFLEXÕES ACERCA DO LETRAMENTO: ORIGEM, CONTEXTO HISTÓRICO E CARACTERÍSTICAS.

1 CREDENCIAIS DO AUTOR
Elson M. da Silva é professor da Universidade Estadual de Goiás e Mestre em Educação pela Universidade de Brasília.
2 RESUMO DA OBRA
No artigo Reflexões acerca do letramento: origem, contexto histórico e características, escrito pelo professor Elson M. da Silva se discute o conceito de letramento. Nele o autor toma como ponto de partida a origem em que o termo começou a se inserir nas discussões entre os estudiosos da área de educação, o contexto histórico em que surgiu e as características que assumiu ao longo do tempo.
A princípio, o autor propõe que seu artigo sirva de reflexão entre os principais interessados em educação (educadores e educandos) acerca do tema letramento como algo pouco discutido na área educacional. Assim, ele coloca em questão o surgimento do termo no cenário educacional brasileiro a partir do ano de 1986 quando o mesmo começou a ser pautado nas discussões sobre concepções de leitura e escrita e conseqüentemente, sobre visões de linguagem.
Ressaltando as mudanças de concepções que houve durante os anos que se seguiram, o autor apresenta as diferentes visões e destaca que o termo letramento sempre esteve associado a alfabetização. Entre alguns estudiosos essa associação gera a polêmica sobre se as pessoas que são analfabetas podem ser consideradas iletradas dentro de um contexto sócio-histórico onde a escrita está sempre presente na vida das pessoas.
Para o autor letramento apresenta duas principais dimensões: a individual e a social. A dimensão individual diz respeito ao uso das tecnologias mentais pelo indivíduo para ser hábil em ler e escrever e a dimensão social está relacionada a escola, a alfabetização e ao letramento tomando como partida o conceito de que a pessoa para ser considerada letrada precisa antes saber ler e escrever e, assim, assume papel fundamental a escola como ferramenta para gerar esta habilidade no indivíduo.
Segundo o autor nas discussões entre os estudiosos do assunto sempre se leva em questão uma ou outra dimensão (individual ou social) e é nesta abordagem que os fazem se diferenciar, e até mesmo se antagonizarem, como mostra mais adiante.
No texto o autor se baseia principalmente nas idéias de Magda Soares e Kleimam, respectivamente. A primeira defende que o letramento tem a ver com a habilidade especial em ler e escrever. Para a segunda pesquisadora o letramento tem em sua origem a tentativa por parte de alguns estudiosos em separar os estudos sobre alfabetização dos estudos dos impactos sociais do uso da escrita.
Nesse contexto fica evidente a separação entre a dimensão individual que podemos explicitar como a simples capacidade individual em ler e escrever e a dimensão social como sendo a influência exercida pelo uso da escrita no interior da sociedade. Deixando claro mais uma vez que as concepções acerca do tema sempre valorizam uma ou outra dimensão aqui explicitada.
Diante dessa questão o autor apresenta sua principal preocupação quanto a concepção que temos sobre letramento, onde, se encarada pelo aspecto individual é geradora de concepções preconceituosas do tipo de que as pessoas não alfabetizadas são iletradas.
É levantada a questão de que essas diferentes concepções levam também a visões que se antagonizam e exemplifica com a visão de letramento autônomo defendida por Goody (1986), Ravelock (1982) e Ong (1982). O letramento neste tipo de visão é encarado como um fim em si mesmo onde há uma grande divisão entre oralidade e escrita assumindo o conceito de que sociedades que não dominam a escrita possuem uma grande lacuna a ser superada/preenchida.
Esta visão, assim como o próprio debate sobre letramento tem base sócio-histórica no desenvolvimento da indústria onde se faz fundamental o uso da escrita e, portanto o seu uso daqueles que queiram ter um bom domínio sobre os avanços tecnológicos, próprios de sociedades industrializadas.
Em contrapartida a esta visão surge um visão de tipo ideológica de cunho menos preconceituosa levando em consideração os aspectos culturais que influenciam o letramento.
Ao concluir seu artigo o autor destaca o avanço nas discussões sobre o tema expondo o fato de que ao longo do tempo os estudos sobre o fenômeno começaram a abordar a questão até mesmo nas comunidades não-industrializadas e aponta como uma necessidade atual na discussão o aprofundamento desse estudo para compreender melhor os efeitos do letramento nessas comunidades consideradas marginalizadas.

3 CONCLUSÃO DA RESENHISTA
Durante todo o desenvolvimento do artigo o autor preocupa-se em fundamentar as suas propostas para reflexões através da origem e da história acerca do tema letramento. Deixando claro que o tema não possui uma única visão, tendo assim, várias concepções acerca do mesmo e, que talvez a única coisa em comum entre elas seja o fato de associarem letramento com o uso da escrita.
Com isso desenvolve-se um raciocínio de que para uma pessoa ser considerada letrada é preciso antes de qualquer coisa, possuir a habilidade em escrever e ler. Para Elson, esta afirmação gera uma visão preconceituosa em que o indivíduo considerado analfabeto não é conseqüentemente um indivíduo letrado. Uma contradição observada pelo mesmo compreendendo o papel que tem assumido o domínio mesmo que mínimo da leitura e que, portanto, torna-se impossível falar-se de um indivíduo que não utilize a escrita ou que não dependa dela para sobreviver em sociedade.
Ao longo do artigo é visível a preferência do autor pela concepção de letramento de Magda Soares que expõe as duas principais dimensões que tomam conta do letramento, sendo elas a dimensão individual e a dimensão social.
A indústria que tem seu desenvolvimento a partir do século XVI possibilita o surgimento do tema letramento como algo fundamental para o seu desenvolvimento. Cumpre destacar aqui a importância que se dá ao letramento nas sociedades industrializadas abordando a visão exposta por Kleiman em que a indústria é que gerou uma maior dependência do indivíduo e da sociedade quanto ao uso da escrita.
Neste sentido vê-se também a preocupação em não abordar o tema sob a dimensão individual, mas a partir da contribuição e das mudanças realizadas em determinadas comunidades que mesmo não tendo o domínio da indústria observam e fazem uso do letramento tornando-se um fenômeno que não pode ser desconsiderado.
Esta é a principal proposta de reflexão do artigo, que demonstra no geral como se deram as mudanças na concepção sobre letramento, mostrando inclusive, que apesar do tema está sempre associado a questão da leitura e escrita ele possibilita também a extensão dos estudos para as mais diversas áreas de conhecimento.

4 CRÍTICA DO RESENHISTA
O artigo faz um resgate histórico importante sobre letramento. Como o próprio título aborda, o texto expõe algumas reflexões de maneira bastante propositiva tornando-se claro ao desenrolar da sua leitura a sua maior preocupação e por isso, a principal reflexão proposta.
A necessidade em se discutir o tema proposto é algo que não pode deixar de está no dia a dia de quem participa diretamente do processo educacional do nosso país. E é justamente o resgate histórico feito pelo autor que possibilita ao leitor, enxergar a importância que o tema teve nas últimas três décadas para definir a linha de ação de estudos sobre o assunto.
Apresenta diferentes concepções mostrando uma visão global, atitude decisiva para cumprir o papel que se propôs ao iniciar o artigo, e finaliza de maneira muito direta apontando a necessidade do maior aprofundamento do estudo dando destaque aos fenômenos ocorridos pelas comunidades que ao longo do tempo foram “marginalizadas”, assumindo assim uma posição definida em sua proposta de reflexões.

5 INDICAÇOES DO RESENHISTA
O artigo dispõe aos agentes ativo da educação (educadores e educandos) uma reflexão sobre a necessidade de dá atenção ao tema letramento e permite assim, a ampliação da visão sobre o tema do letramento e da alfabetização.

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