segunda-feira, 28 de março de 2011

Manifesto do Movimento Luta de Classes às mulheres trabalhadoras

Segundo dados de pesquisa realizada pela Fundação Parceu Abramo, 52% das mulheres compõe a População Economicamente Ativa - PEA. Destas, apenas 26% estão empregadas no chamado mercado formal, ou seja, possuem carteira de trabalho assinada e direitos trabalhistas. As demais trabalham sem registro ou por conta própria, fazendo bicos. Em 2010, quase 40% chefiam suas famílias, sendo o seu salário o único da casa ou sua principal fonte de sustento.

Apesar de a Constituição Federal de nosso país prever que não pode haver diferenciação salarial por conta do sexo, a mulher continua a receber salário inferior ao dos homens pelo mesmo trabalho. Segundo pesquisa em fevereiro deste ano pela Fundação Seade e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário delas corresponde a apenas 75,7% do que os homens recebem pela mesma função.

Além deste trabalho a mulher ainda é a principal responsável pelo trabalho doméstico. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE, se o trabalho realizado principalmente por mulheres, em casa, fosse contabilizado pelo Produto Interno Bruto do país, nosso PIB aumentaria 10,3%. Segundo essa mesma pesquisa as mulheres dedicam cerca de 20,9 horas semanais, além da jornada de trabalho, aos afazeres domésticos, porém, não recebem nada por isso.

Na realidade, este trabalho, invisível, fundamental e infindável, favorece aos capitalistas, aos patrões e ao Estado burguês. Isso porque eles não precisam investir em creches, em restaurantes e lavanderias coletivas, já que a mulher realiza tudo isso em casa. Por outro lado e como parte dos problemas que sofrem as trabalhadoras, apenas 13 de cada 100 crianças tem vagas garantidas em creches.

A cada 2 minutos 5 mulheres são espancadas e a cada 2 horas uma mulher é assassinada, vítimas, na maioria dos casos, da violência doméstica.

Nós, mulheres trabalhadoras, contribuímos, através de nosso trabalho, com a construção de nosso país. Toda a riqueza desta nação tem a marca de nossas mãos e de nosso suor. Trabalhamos nos campos, plantando e colhendo os alimentos. Trabalhamos nos supermercados, distribuindo estes alimentos. Estamos nas escolas, alfabetizando e educando os filhos e filhas da classe trabalhadora. Trabalhamos nas fábricas, trabalhamos como teleoperadoras, somos motoristas e até pedreiras! Trabalhamos também em casa, alimentando nossa família, cuidando de nossas crianças.

Nos períodos de crise capitalista, como a que vivemos agora, somos as primeiras a ser despedidas e somos também contratadas como mão de obra mais barata e sem direitos. Nosso trabalho,tão importante, é altamente desvalorizado. Tudo isso porque no sistema capitalista o que importa é o lucro, é o aumento da riqueza de uma pequena parcela da população.

Não queremos mais nossos corpos expostos em propagandas de televisão. Recusamo-nos a pagar tão caro por um alimento que foi produzido por nossas próprias mãos. Não aceitaremos mais não ter educação de qualidade para nossos filhos e filhas. Não aceitaremos mais receber salários menores que o dos homens, pelo menos trabalho simplesmente pelo fato de sermos mulheres.

Não aceitaremos mais o sofrimento que temos passado. Exigimos a redução do preço dos alimentos. Exigimos creches para nossas crianças, nos locais de trabalho e nos bairros onde moramos. Exigimos salário igual para trabalho igual. Queremos redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais.

De agora em diante, mulher trabalhadora, o que nos espera é a luta, luta por um mundo mais justo, no qual possamos usufruir do fruto de nosso próprio trabalho. Esse mundo mais justo se chama socialismo e o conquistaremos apenas com nossa organização e luta ao lado dos de mais trabalhadores.

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