Entre
os dias 13 e 22 de junho, delegações de 186 países reuniram-se na
Cúpula da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Sustentável, a Rio+20, com o objetivo de buscar soluções para os
problemas ambientais do mundo. A conclusão de um texto consensual entre
os países acerca de temas como a sustentabilidade foi o principal
trabalho das delegações diplomáticas que durante meses trabalharam no
que foi chamado de Rascunho Zero, a ser entregue aos chefes de Estado.
Oficialmente, a Rio+20 ocorreu entre os
dias 20 e 22 de junho, com a chegada dos chefes de Estado, que se
revezaram em discursos sobre o texto elaborado anteriormente por suas
delegações negociadoras. Digno de nota foi o discurso do presidente de
Cuba, Raúl Castro, que afirmou que “há 20 anos, nesta sala, o líder da
revolução cubana disse que uma espécie muito importante corria o risco
de desaparecer: o homem. O que poderia ser considerado algo alarmista,
hoje é uma realidade irrefutável”.
A grande discussão da Rio+20 girou em
torno do conceito de “Economia Verde” defendido pelos países
imperialistas como novo paradigma para o desenvolvimento sustentável.
Conceito novo de velhas ideias que se resume na privatização e
mercantilização dos recursos naturais.
Da Rio+20 pouca coisa se produziu de
concreto. Os interesses econômicos das grandes potências novamente foram
entrave para a produção de propostas que solucionem os grandes
problemas e males ambientais que assolam o mundo. As metas e o conceito
de Economia Verde não foram definidos, e apenas recomendações gerais
foram aprovadas. Uma verdadeira farsa foi montada nos dez dias de
encontro no luxuoso centro de convenções da Barra da Tijuca.
Fracasso, decepção, desilusão,
frustração, entre outros termos, são usados pelos movimentos sociais que
participaram da Rio+20 ou acompanharam na Cúpula dos Povos o desenrolar
dessa conferência, que teve um gasto de R$ 122 milhões somente com
segurança. Na verdade, na semana do evento o Rio de Janeiro foi tomado
por tropas do Exército que, com fuzis, tanques e todo o seu aparato,
sitiaram a cidade para impedir qualquer tipo de manifestação contrária
aos rumos tomados pela Rio+20.
Um momento importante da Cúpula dos
Povos foi a presença do diretor-executivo do Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner, no debate “Diálogo sobre
Economia Verde”. Ao usar da palavra, foi vaiado por cerca de 300 pessoas
ao defender ideias favoráveis à especulação financeira. O papel do
Pnuma foi inclusive um dos principais temas debatidos na Rio+20. Para as
potências imperialistas interessava transformar o Pnuma num organismo
autônomo com poderes similares aos da Organização Mundial do Comércio
(OMC), tornando-se assim um instrumento de “governança global” acima da
soberania das nações.
O momento marcante da Cúpula ocorreu no
dia 20 de junho, quando mais de 80 mil pessoas se concentraram entre as
avenidas Presidente Vargas e Rio Branco em uma passeata que partiu rumo à
Cinelândia, reunindo movimentos de todos os tipos: de trabalhadores
sem-terra, feministas, estudantes, indígenas, sindicalistas e militantes
de partidos de esquerda.
A Cúpula dos Povos encerrou suas
atividades reafirmando a necessidade de se lutar contras as propostas
capitalistas e convocando a todos para que “voltemos aos nossos
territórios, regiões e países animados para construir as convergências
necessárias e para continuar em luta, resistindo e avançando contra o
sistema capitalista e suas velhas e renovadas formas de reprodução. Em
pé, continuamos em luta!”.
Emerson Lira, Rio de Janeiro
Publicada no Jornal A Verdade de Julho
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