Da Carta Maior:
O grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro teve a sua sede invadida
e documentos relacionados ao projeto clínico de apoio a vítimas e
familiares de vítimas de violações aos direitos humanos, que atende uma
média de 70 pessoas, furtados na quinta-feira (19). Cerca de R$ 1 mil
também foram levados. Na semana passada, o grupo foi vítima de uma
ameaça telefônica, quando uma voz masculina declarou: “estou ligando
para dizer que nós vamos voltar e que isso aí vai acabar”.
Para a presidenta do grupo, Vitória Grabois, há ligação entre as duas
ações. “Eu acho que deve ter ligação com aquelas ameaças que recebemos
na quarta-feira passada (11), vamos esperar o resultado das
investigações da polícia”, disse ela à Carta Maior. Setores da sociedade
civil creditam as ameaças ao protagonismo do grupo na defesa dos
direitos humanos e aos avanços da Comissão da Verdade, instalada pelo
governo federal.
A sede do Grupo Tortura Nunca Mais fica na rua General Polidoro, na
sobreloja do Botafogo Mercado de Flores, em frente ao cemitério São João
Batista, em Botafogo. Segundo Grabois, funcionários do escritório
perceberam o problema por volta das 13 horas, quando chegavam para
trabalhar. “Eles viram as gavetas abertas e que sumiu uma quantia de
dinheiro e documentos do grupo”, afirmou.
Ela disse que, segundo os funcionários, a porta do escritório estava
fechada, mas as chaves reservas guardadas em uma das gavetas haviam
sumido. Grabois também acha pouco provável que os invasores tenham
entrado pela janela. “Se tivessem entrado pela janela, teriam que ter
quebrado um vidro para tirar uma tranca pela parte de dentro. E o vidro
está intacto, o alumínio está intacto, e não tem marcas na janela”,
afirmou ela.
De acordo com o perito Leandro Pinto, que esteve no local na noite de
quinta-feira, não havia indícios de arrombamento no local. “Parece que
foi algo direcionado. Alguém que sabia a rotina do pessoal daqui. Pode
ter acontecido de alguém ter entrado com a chave, é o que está mais
cogitado. A fechadura não tem nenhum indício de rompimento, não tem nada
forçado. Acho que alguém tinha meios como acessar (o local)”, disse o
técnico do Instituto de Criminalística Carlos Éboli. O laudo da perícia
será encaminhado para a 10ᵅ Delegacia Policial, em Botafogo, onde a
ocorrência foi registrada.
Além da loja de flores, o Tortura Nunca Mais divide o prédio de três
andares com um depósito da fundação Santa Cabrini, que é da secretaria
de administração penitenciária do estado. Ainda segundo a presidenta do
grupo, “nenhum outro local foi atingido. Toda vez que acontece algo lá é
sempre com a gente. A floricultura fica aberta noite e dia”, disse,
completando que essa é a terceira vez que o grupo sofre ocorrências
deste tipo.
Campanha
O Grupo Tortura Nunca Mais está em sérias dificuldades financeiras desde
que seus principais parceiros, entidades de direitos humanos europeias,
escassearam as doações devido à crise econômica no velho continente.
Para manter-se ativo o grupo lançou uma campanha de solidariedade para
arrecadar contribuições através de cotas fixas ou esporádicas. Os
depósitos podem ser efetuados na conta 77791-3, na agência 0389 do banco
Itaú, em nome do Tortura Nunca Mais/RJ. Mais informações no sitewww.torturanuncamais-rj.org.br
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