segunda-feira, 29 de abril de 2013
sábado, 27 de abril de 2013
sexta-feira, 26 de abril de 2013
sábado, 20 de abril de 2013
quinta-feira, 18 de abril de 2013
A terça-feira que abortou o golpe
Pedro Porfírio em seu blog
A Venezuela viveu na terça-feira, dia 16, o dia mais tenso de sua
vida constitucional desde o frustrado golpe de abril de 2002. Até as 4
da tarde, estava em marcha um plano golpista que foi temporariamente
abortado pela maturidade política da militância chavista e pela firme
demonstração de autoridade do presidente Nicolas Maduro, com o apoio dos
vários escalões das Forças Armadas Nacionais Bolivarianos.
Desde segunda-feira, quando o chefe oposicionista de direita Henrique
Capriles Radonski, derrotado nas eleições presidenciais de domingo,
ordenou protestos violentos contra a proclamação de Maduro como vencedor
das eleições, com o apoio de mercenários paramilitares em pelo menos 15
estados do país, sua expectativa era de criar uma situação semelhante à
de 13 anos atrás, que redundou na deposição por dois dias do presidente
Hugo Chavez.
A agitação de rua levaria a uma sedição militar sob a liderança de
dois generais e nove oficiais da Guarda Nacional, que operariam a partir
do Comando de Apoio Aéreo de La Carlota. No entanto, uma rápida ação da
Direção de Inteligência Militar deteve os potenciais sublevados ainda
na noite de domingo, dia 14, no mesmo momento em que Capriles Radonski
declarava que não reconhecia o resultado anunciado pelo Conselho
Nacional Eleitoral e ordenava as ações violentas de segunda-feira.
No plano internacional, o golpe teve o apoio ostensivo do governo
norte-americano, que ainda não formalizou o reconhecimento da vitória de
Maduro, e da Espanha, que lançou suspeitas sobre o pleito. Na manhã de
terça-feira, dia 16, enquanto a militância orgânica do Partido
Socialista Unido da Venezuela se preparava para o contra-ataque sob o
comando de Jorge Rodrigues, Maduro deu um ultimato ao governo espanhol e
este reconsiderou sua postura.
Durante toda a segunda-feira, as agitações de rua ficaram por conta
dos grupos ligados a Capriles, que apostava num confronto de grandes
proporções com centenas de mortes. Com a ajuda de paramilitares armados,
esses grupos atacaram repartições públicas, tentaram tomar a estação
estatal de tevê e forçar uma paralisação das empresas por ordens dos
patrões.
Maduro avisou que poderia radicalizar com a tomada das empresas por
seus trabalhadores. “Fábrica parada será fábrica ocupada”, advertiu a
deputada chavista Blanca Eekhout, em emocionante pronunciamento na
Assembleia Nacional. Mas as organizações sociais chavistas surpreenderam
e não reagiram à violência espalhada, apesar das sete mortes
registradas, 62 feridos e de mais de mil pessoas atendidas nos hospitais
das cidades onde os grupos de direita incendiavam objetos nas ruas e
atacavam até mesmo sete Centros de Diagnóstico Integral, onde trabalham
médicos e enfermeiros cubanos dentro de um convênio que já produziu
grandes mudanças positivas nos índices de saúde dos venezuelanos.
Esses ataques, que tiveram requintes de violência e destruição, foram
registrados nos estados de Táchira, Miranda, Anzoátegui, Carabobo e
Zulia. O pretexto usado era de que havia propaganda de Maduro nesses
centros médicos.
Os sete mortos foram atacados em pontos diferentes do país quando
ainda celebravam a vitória de Maduro. Alguns foram atingidos por balas
disparadas pelos paramilitares contratados pelo “Comando Simon Bolívar”,
o comitê eleitoral do candidato da direita. O relato documentado dos
crimes, com os nomes das vítimas e as condições em que foram executadas,
foi apresentado no final da tarde de terça-feira, dia 16, pelos
ministros do Exterior, Elias Jaua, e Comunicação e Informação, Ernesto
Villegas.
A resposta firme contra a tentativa de golpe
Na Assembleia Nacional, seu presidente, deputado Diosdado Cabello,
responsabilizou Capriles Radonski pela violência desencadeada. Coronel
da reserva e parceiro de Hugo Chavez desde a insurreição militar de
1992, Cabello escreveu em sua conta no twitter: “Capriles fascista, eu
vou pessoalmente cuidar para que
você pague por todos os danos que está
causando ao nosso país e ao nosso povo.”
Na sessão da tarde de terça-feira, a deputada Blanca Eekhout, segunda-vice presidente da Assembléia, depois de emocionado discurso, leu uma resolução aprovada pelos colegas apoiando as investigações do Ministério Público e acusando formalmente Capriles pela onda de violência de segunda-feira.
Com o passar do dia, o líder direitista foi se vendo isolado, apesar
do apoio reiterado do governo norte-americano. Ele contava com uma
grande marcha hoje à sede do Conselho Nacional Eleitoral, onde fica a
memória de todo o processo eleitoral, numa movimentação que poderia
degenerar na invasão de suas instalações e destruição dos seus
documentos.
Depois de reunir-se com o comando das Forças Armadas, o presidente
Nicolas Maduro anunciou, ao meio dia, a proibição dessa marcha que teria
consequências incontroláveis.
O recuo dos golpistas isolados
Até as 4 da tarde, Capriles e seu staff se mostravam dispostos a
desafiar a proibição. Mas a repercussão negativa das ações violentas de
segunda-feira, as dúvidas sobre qual atitude tomaria a militância
chavista organizada e a detenção dos 11 oficiais que puxariam o golpe
militar o deixaram confuso.
Às 5 da tarde, convocou uma entrevista coletiva, com a presença de
jornalistas estrangeiros, e anunciou seu recuo, alegando que fora
informado por amigos da inteligência militar que os chavistas
infiltrariam provocadores dentro da marcha. Não era bem isso: ele queria
transformar o centro de Caracas numa praça de guerra, mas já começava a
ver-se ameaçado até de perder o cargo de governador do Estado de
Miranda, diante de acusações documentadas de incitação a sublevações.
Ao final da coletiva, mudou totalmente seu discurso inicial,
conclamando seus partidários com ênfase a não saírem de casa hoje:
“Quero dizer aos venezuelanos e ao governo que todos nós aqui estamos
prontos para abrir um diálogo para que esta crise possa ser resolvida
nas próximas horas”.
Informado que a recontagem prevista de 54% das urnas havia sido
encerrada sem registrar um único erro, tentou se explicar: “Não se trata
de reconhecer ou não os resultados eleitorais de domingo. Estou
simplesmente pedindo a recontagem de todos os votos”. Acusado pelo
Ministério Público de não haver apresentado nenhum documento que
justificasse a incitação à desordem, ele disse que hoje fará chegar ao
CNE petição neste sentido.
A ameaça golpista ainda persiste
Apesar do anúncio do próprio presidente Nicolas Maduro de que todos
os focos de violência haviam sido neutralizados, com a prisão de mais de
150 pessoas envolvidas diretamente nos ataques de rua, ainda acho cedo
para dizer que a intentona golpista foi totalmente debelada.
Esta foi a maior operação já comandada pela CIA, através de algumas
ONGs financiadas pelos Estados Unidos, e teve relativo êxito: primeiro,
com a morte do líder Hugo Chavez, à semelhança do que aconteceu com o
líder palestino Yasser Arafat. Depois com a votação do oposicionista,
que derramou muito dinheiro na compra de votos em redutos chavistas,
enquanto prometia manter todos os programas sociais do governo.
Neste caso, houve um deslocamento de 1 milhão de votos dados em
outubro a Chavez para Capriles, o personagem sob medida para o golpe: 41
anos, bilionário, audacioso, carismático, celibatário (foi da TFP da
Venezuela) é um fanático da direita bem treinado: já no golpe de 2002,
quando era deputado, teve atuação de destaque, inclusive na invasão à
Embaixada de Cuba.
Na liderança dos países exportadores de petróleo, a Venezuela tem
hoje a maior reserva do mundo e adota um programa de diversificação
econômica que tem sido muito interessante para empresas brasileiras e
argentinas. Ao contrário do que imaginava a direita e seus monitores da
CIA, Maduro, um ex-motorista de ônibus, demonstrou nessas últimas 48
horas que vai ser um osso duro de roer, com a mesma têmpera do coronel
Hugo Chavez e uma militância orgânica maior.
Na sexta-feira, dia 19, estará prestando juramento como novo
presidente da República Bolivariana da Venezuela. E isso ainda não foi
engolido pelos que conceberam o sofisticado golpe “tecnológico” que
tirou a vida do Comandante Chavez aos 58 anos e quase trouxe a direita
de volta ao poder em Caracas.
quarta-feira, 17 de abril de 2013
terça-feira, 16 de abril de 2013
segunda-feira, 15 de abril de 2013
A tal maioridade penal...
De Pedro Verissimo
E ai ressurge a discussão da maioridade penal.
A classe média reacionária (quase uma redundância quando falamos em São
Paulo) se arma com seus meios de comunicação, inflam o peito, e vão
mais uma vez reivindicar “atitude do governo”, como se
isso fosse resolver o problema. E claro, por conveniência, esquecem que
somos fruto do meio e se calam em relação as atrocidade que grande
parte dos brasileiros sofrem. Se fecham no seu mundo e só “protestam”
contra aquilo que os atinge.
“E as mortes diárias nas periferias? Não interessa, não moro lá! E a ausência do Estado nas comunidades? Já disse, não moro lá! E as escolas, que cada dia que passa pioram? Não me interessa, estudo em escola particular. E nossa polícia, racista e mal preparada, que mata diariamente, reprime e abusa de seu poder? Acho que estão certos, bom mesmo era quando tinha ‘Rota na rua’.”
Mas claro, vamos reduzir a maioridade penal. Certamente todo o problema acabará.
Se for pobre e preto, já prende logo, pois como Serra já disse: "são potenciais criminosos".
Somos movidos pela emoção, mas isso não pode tirar o foco da discussão principal. A mudança, para acontecer, deve ser estrutural, no sistema. Se não for assim, nada mudará. Continuarão matando, as cadeias continuarão cheias e daqui a pouco será um caminho direto, da maternidade para a prisão.
sábado, 13 de abril de 2013
WIKILEAKS TAMBÉM VAZA DOCUMENTO SOBRE MORTE DE MINHA MÃE ZUZU ANGEL
Retirado do blog de Hildegard Angel
Outra notícia divulgada pelo Portal EBC, da Agência Brasil, do
Governo Brasileiro, que eu abaixo transcrevo, dando conta de mais um
vazamento do Wikileaks envolvendo pessoas de minha família assassinadas
pela ditadura militar. Desta vez, minha mãe.
Wikileaks: EUA mostravam preocupação com morte de Zuzu Angel
Leandro Melito – Portal EBC – 08.04.2013 – 21h56 | Atualizado em 08.04.2013 – 22h12
Um documento de 10 de maio de 1976 enviado pela embaixada dos EUA em
Brasília para os escritórios em São Paulo e no Rio de Janeiro e
disponibilizado pelo Wikileaks mostra a preocupação do governo
norte-americano com a repercussão da morte da estilista Zuzu Angel, mãe
de Stuart Angel, assassinado por agentes da marinha em 1971.
“A morte de Zuzu Angel que ocorreu em 14 de abril, quando o automóvel
que ela estava dirigindo deixou a rodovia após sair de um túnel no Rio,
está sendo amplamente veiculado na imprensa”, diz o telegrama. “A
cobertura da imprensa notou que a cena do incidente não mostrou marcas
de derrapagem ou frenagem”, destaca o telegrama.
O documento relata diferentes versões veiculadas sobre as possíveis
causas do acidente. “Embora o relatório oficial sobre o incidente fosse
esperado para ser emitido dentro de cerca de um mês, alguns jornais
supõem que ela poderia ter cochilado, desviado para evitar um pedestre,
ter sido cortada por outro veículo ou se distraído ao sair do túnel”,
aponta.
A carta, que está disponível online, não descartava a hipótese de
acidente, mesmo que negado pela ditadura da época. “As afirmações de que
houve um crime eram de se esperar, e não incluem referência a qualquer
evidência. No entanto, é interessante que tais afirmações surjam e que,
embora elas pareçam extremos, não podem ser descartadas”.
Em 1998, a Comissão Especial dos Desaparecidos Políticos
julgou o caso e reconheceu o regime militar como responsável pela morte
da estilista. Segundo depoimentos, ela teria sido jogada para fora da
pista por um carro pilotado por agentes da repressão.
Direitos autorais: Creative Commons – CC BY 3.0
Gerald Thomas é uma vergonha para a raça masculina
Retitado do Diário do Centro do Mundo
Ao botar a mão embaixo do vestido de Nicole Bahls à força, o covarde
dramaturgo exemplificou o que existe de pior entre nós homens.
Nunca acompanhei o Pânico, quem dirá as notícias relativas a
ele. Uma imagem postada no Facebook, porém, me chamou a atenção para o
programa. Trata-se do dramaturgo carioca Gerald Thomas colocando a
mão embaixo do vestido da panicat Nicole Bahls, contra a vontade dela,
durante a gravação de uma entrevista. A foto vinha com um texto assinado
pela blogueira Nádia Lapa, do site Cem Homens. Ela narra o episódio:
Era noite de lançamento de um livro dele e a Livraria da Travessa estava lotada. Repórteres, cinegrafistas, funcionários da loja, clientes. Pelas notícias, ninguém fez nada. Nas imagens dá para ver que o colega de trabalho de Nicole no Pânico continuou a entrevista como se nada tivesse acontecendo. Enquanto isso, Thomas enfiava a mão entre as pernas de Nicole e ela tentava se desvencilhar. (…)
Duas coisas me chamam a atenção nesse caso. A primeira é ninguém ter feito nada. Acharem normal. Acharem aceitável. (…) A segunda coisa que me incomoda é terem dito “mas por que ela não fez algo?”. É difícil encarar polícia, legista, imprensa, opinião pública. Além disso, o cara estava agredindo na frente de todos – e ninguém fez nada. Se fosse você a vítima, você não pensaria que a errada é você por não estar gostando, já que todo mundo está achando muito normal?
Fica até difícil saber de quem foi o maior papelão no episódio:
de Gerald Thomas por agarrar Nicole Bahls à força ou dos homens que
presenciaram a cena sem fazer nada. Entre eles seu colega de Pânico Wellington
Muniz, o Ceará, que deveria ter sido o primeiro a dar uma chave de rim
no agressor durante a investida dele. “Fiquei muito triste”, escreveu
ela no Twitter, ao ser questionada sobre o assunto. “Obrigada de coração
pelo carinho. Amanhã é outro dia. Vai passar.”
Há séculos os filósofos dizem que a perfeição é um conceito
inatingível para o ser humano e que, por isso, devemos aprender a
conviver com as nossos defeitos. Concordo. Existe um deles, porém, que é
intragável: a covardia. Gerald Thomas foi covarde ao agarrar uma mulher
indefesa (eu adoraria vê-lo fazendo isso com Ronda Rousey, a campeã do
UFC) e também foram covardes os homens que assistiram sua atitude sem
fazer nada.
Por isso digo que o episódio da Livraria da Travessa foi, sem dúvida,
uma mancha para a nossa raça masculina. E deveríamos ter vergonha por
ele ter acontecido. Eu tenho.
PS VERBALiRANDO: Também tenho vergonha!
sexta-feira, 12 de abril de 2013
segunda-feira, 8 de abril de 2013
domingo, 7 de abril de 2013
Mais uma barbárie impune
De Felipe Milanez - retirado da Carta Capital
Com preces a Cristo, menções à Bíblia, pedidos de perdão, falsas testemunhas de defesa e ameaças às de acusação, o apontado de ser o mandante de um crime de pistolagem e seus advogados conseguiram convencer o júri da ausência de provas contra ele. José Rodrigues Moreira era acusado de mandar matar o casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, em maio de 2011. Mas foi absolvido. Está livre. Seu irmão, Lindonjonson Silva, e seu comparsa, Alberto Nascimento, foram condenados pela execução do casal. O primeiro cumprirá pena de 42 anos e 8 meses pelo duplo homicídio. O segundo, 45 anos. Ainda assim, apenas por maioria dos votos.
Com preces a Cristo, menções à Bíblia, pedidos de perdão, falsas testemunhas de defesa e ameaças às de acusação, o apontado de ser o mandante de um crime de pistolagem e seus advogados conseguiram convencer o júri da ausência de provas contra ele. José Rodrigues Moreira era acusado de mandar matar o casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, em maio de 2011. Mas foi absolvido. Está livre. Seu irmão, Lindonjonson Silva, e seu comparsa, Alberto Nascimento, foram condenados pela execução do casal. O primeiro cumprirá pena de 42 anos e 8 meses pelo duplo homicídio. O segundo, 45 anos. Ainda assim, apenas por maioria dos votos.
Em Marabá, no Pará, o júri não encontrou nenhuma conexão entre as
ameaças que José Rodrigues fazia ao casal e o assassinato. Ao contrário,
a vítima ainda foi considerada culpada por sua própria morte, pois, no
caso das condenações dos dois assassinos, o júri considerou que o
“comportamento da vítima contribuiu para o crime, pois a vítima
enfrentou o réu José Rodrigues, tentando fazer justiça pelas próprias
mãos, com a ajuda de terceiros, posseiros e sem-terra, para impedir o
corréu de ter a posse de imóvel rural, quando poderia ter procurado
apoio das autoridades constituídas”.
“Estou perdido”, disse, atônito, José Maria Gomes Sampaio após o
veredicto. Casado com Laísa Santos Sampaio, a irmã de Maria, ele foi uma
das principais testemunhas de acusação. Seus olhos estavam não apenas
vermelhos por causa do choro, mas também do medo. Perguntado se voltaria
para o assentamento, onde teme ser assassinado, ele simplesmente
repetiu: “Estou perdido”. Sua esposa, Laísa, é ameaçada de morte e tem
escolta policial, de acordo com Igo Martini, coordenador-geral do
Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos da Secretaria
de Direitos Humanos da Presidência. Martini esteve presente em todo o
julgamento e garantiu que uma testemunha fundamental para a condenação
dos dois executores também está em contato com a secretaria para ser
oferecida a proteção.
Nilton de Lima fazia uma cerca na manhã do dia 24 de maio de 2011,
quando viu passar Lindonjonson na moto com um acompanhante. Ele
confirmou no Tribunal que era mesmo Lindonjonson, pois havia estado com
ele em um bar dias antes. Na saída do Tribunal, um irmão de José
Rodrigues trombou com ele. Bateu em seu peito, antes de ameaçar: “Sua
batata também está esquentando”.
Laísa testemunhou na frente dos acusados e, apesar de estar inscrita
no programa federal, ela não possui proteção na área e não sabe se
voltará ao assentamento. Emocionada, não conseguia comentar o veredicto.
Indignado, o advogado da Comissão Pastoral da Terra, José Batista,
amigo das vítimas, também não quis comentar.
Durante o julgamento, outra testemunha, Joeuza Pereira da Silva,
disse ter visto Lindonjonson no exato momento do crime numa moto no
interior de Novo Repartimento, outra cidade do Pará. Seria o álibi para
salvar o irmão de Rodrigues. Mas sua mentira foi desvendada pela
promotora pública Ana Maria Magalhães. Quando perguntada “quem seria o
iluminado que descobriu que a senhora teria visto a vítima?”, Joeuza
passou a chorar e parou de falar. Responderá pelo crime de falso
testemunho.
Durante o depoimento de José Rodrigues, ele ajoelhou-se e
pediu perdão, segurando uma pequena Bíblia. Após negar qualquer
envolvimento e dizendo que não teria reagido à disputa do lote que deu
origem ao conflito, apenas “entregando a Deus”, ele passou a agir de
forma a impressionar os jurados. De joelhos e com a mão levantada, ele
agradeceu aos céus, pediu bênção a todos e disse que não devia nada nem
tinha mandado matar ninguém. “Sou pessoa trabalhadora”, afirmou. “Repito
mais uma vez: eu não devo, eu não devo, eu não devo”, e chorou.
Balbuciou palavras bíblicas e pediu a Jesus Cristo para ser devolvido a
seus filhos, que estavam ali na frente. Disse ser pai de família. A
reação não havia surpreendido o público e a cena pareceu planejada. Para
a primeira jurada do lado esquerdo, não. Ela se emocionou. Deixou
escorrer lágrimas e sentiu-se tocada. A jurada é evangélica.
Ao notar a emoção da jurada com a cena do réu, segundo uma fonte que
pediu para não ser identificada, a promotora teria solicitado ao juiz a
sua exclusão do processo, pois ela não teria o distanciamento necessário
para julgar a questão. Segundo essa mesma fonte, o juiz teria
respondido de forma ameaçadora, dizendo que nesse caso ele iria
suspender o julgamento e expedir o alvará de soltura aos réus. A
acusação teria, então, decidido não pedir a sua exclusão.
Segundo o assistente de acusação, Aton Fon Filho, a religiosidade
manifestada no depoimento mostra ardilosidade. “Eles planejaram o crime
numa cerimônia religiosa”, diz ele, em referência a uma missa em que
José Cláudio e Maria seriam padrinhos de um batismo. José Rodrigues
teria utilizado a ocasião para apontar a seu irmão Lindonjonson quem
seria a vítima do crime de encomenda, algo não comprovado, segundo o
júri.
O promotor Danyllo Pompeu Colares antecipou que vai recorrer da
decisão e que “o ideal da preservação da floresta não se extinguiu com a
morte do Jose Cláudio e Maria do Espírito Santo”. O advogado de José
Rodrigues, Wandergleisson Fernandes Silva, pastor evangélico da
Assembleia de Deus, disse que vai recorrer da condenação de Lindonjonson
e atribuiu a falta de mais tempo de debates para poder provar a
inocência do réu. “Houve uma festa da democracia”, comemorou o advogado.
Para o juiz Murilo Lemos Simão, esse foi o processo de maior
repercussão da história de Marabá e que “a sociedade civil está muito
bem representada”. Do lado de fora do Fórum, houve revolta por parte dos
movimentos sociais em vigília. A ministra Maria do Rosário, da
Secretaria de Direitos Humanos, declarou que “faltou punição ao mandante
da morte” e que “a justiça só será feita quando for punido o mandante
do crime.”
Presente em todo o julgamento, o frei Henri des Roziers, da CPT de
Xinguara, ameaçado de morte, acredita que a defesa “foi esperta para
manipular os jurados com o uso da religiosidade e da emoção”. Para a
liderança do MST, Charles Trocate, aconteceu a demonstração de um
comportamento histórico do Judiciário paraense. “É uma vergonha para o
Judiciário, para sociedade brasileira e especialmente para os movimentos
sociais que aqui estavam organizados. E vai resultar em confronto
porque o Judiciário sempre responde assim, com polícia”, disse ao
apontar para o avanço da tropa de choque contra as pessoas que fizeram
mobilização na parte externa do Fórum. A rodovia Transamazônica foi
interditada. Pedras atiradas no Fórum. Demorou mais de uma hora para os
gritos pedindo justiça silenciarem. Por falta de voz.
sábado, 6 de abril de 2013
Melhor assim (...)
Entre nós há apenas
reticências
Melhor assim que um
ponto final mal resolvido
Um ponto final mal
resolvido causará sempre a dúvida quanto à objetividade do enredo em questão
Já reticências não
Três pontinhos finais
...
Sem fim
(E.Lira)
sexta-feira, 5 de abril de 2013
quinta-feira, 4 de abril de 2013
Ao grande músico seresteiro, minha pequena homenagem!
No último dia 22 de março faleceu em João Pessoa, o grande músico seresteiro, Elpidio Ferreiro retratado nessa charge por Régis Soares. Perfeita charge por sinal. É desse mesmo jeito que me lembro de Elpidio encantando as pessoas tocando o que há de melhor na Música Popular Brasileira.
Fã de cantores românticos como Altemar Dutra, Orlando Silva e Nelson Gonçalves era certo escutar esse estilo de música no Bar do Baiano, localizado no bairro dos Bancários, todas as sextas feiras onde Elpidio se apresentava e dividia o espaço democraticamente com os diversos artistas que frequentam este bar.
Elpidio faleceu em decorrência de um câncer após 23 dias internado no Hospital Samaritano.
A essa altura com certeza o Bar do Baiano já deve ter sido palco de uma justa homenagem a este grande músico que já fez parceria com Dominguinhos e Sivuca.
Por aqui eu deixo minha homenagem republicando um post que fiz em julho de 2011, sobre um fato ocorrido numa dessas noites de sexta-feira no Baiano, e que ao final daquela noite o meu amigo, envolvido neste caso, ganhava um cd de Elpidio de suas próprias mãos.
Se divirtam então com o post contido abaixo!
Ontem no Baiano escutei uma pérola que toda vez que me lembro caio na risada. Um indivíduo de boa aparência, mas já um pouco alterado, por conta de algumas doses de Triunfo, tomou o microfone do grande cantor Elpídio, que religiosamente se apresenta no Baiano todas as sextas feiras, e começou a proferir um verdadeiro discurso mais ou menos assim:
...esta música que vou cantar é para aqueles que, assim como eu, tiveram um grande amor mas após 15 anos de casado levei um golpe de estado dela...
kkkkkkkkk...não me aguento. Golpe de estado foi a melhor definição que já vi de alguém que levou um grande chifre. hehe.
O nome feio, por Luiz Fernando Veríssimo
No meu tempo... Parênteses: sempre que um cronista começa a crônica
com “no meu tempo” significa que está sentimentalizando sua velhice para
não precisar lamentá-la, o que não interessaria a ninguém. No meu
tempo, como eu dizia quando me interrompi tão rudemente, ler ou ouvir um
“nome feio” fora de contexto era sempre uma felicidade.
Me lembro
da minha surpresa ao descobrir que havia nomes feios nos dicionários.
Agradávamos aos nossos pais, dando a impressão de que fazíamos uma
pesquisa etimológica séria no dicionário, quando na verdade estávamos
procurando “bunda”. No meu tempo, entre parênteses, “bunda” era nome
feio.
Em Porto Alegre, há muitos anos, existia uma loja chamada
Casa Carvalho. O nome da loja aparecia em letras aplicadas à sua fachada
e, dependendo da sua faixa etária e da sua disposição para pensar em
bobagem, você ou pertencia ao grupo que vivia em alegre expectativa do
dia em que o “v” de “Carvalho” caísse, ou ao grupo mais velho que vivia
em sobressalto com a possibilidade de isto ocorrer.
Que eu me
lembre, o desejado ou temido nunca aconteceu e a loja chegou ao fim dos
seus dias com o “Carvalho” intacto. Mas, durante toda a sua existência,
apenas aquele pequeno detalhe separou o estabelecimento do vexame e a
cidade de um abalo moral.
No Rio, entre Copacabana e Ipanema,
existe uma rua que eu já ouvi ser chamada de “Quase, quase”. Trata-se da
Bulhões de Carvalho, que depende apenas de uma letra para deixar de ser
um nome de família e se transformar numa raridade anatômica. No meu
tempo isto seria motivo para muita risada, mas como hoje não existe mais
“nome feio”, e até em conversa de criança palavrão é usado como
pontuação, perdeu a graça.
Posso imaginar um avô atual chamando a
atenção do neto para a consequência de um único erro de grafia no nome
da rua e o neto fazendo uma cara de “Me poupe”.
Eu e o hipotético
avô acima pertencemos à última geração que espantou o Condor, o que
explica nossa ingenuidade. Na apresentação dos filmes da distribuidora
Condor aparecia um pássaro condor na beira de um precipício pensando em
alçar voo, e era comum, era quase obrigatório, a plateia espantar o
condor, que sem este incentivo jamais voaria.
Nunca mais se espantou o condor, se é que o condor ainda existe. Olha aí, acabei me lamentando.
quarta-feira, 3 de abril de 2013
terça-feira, 2 de abril de 2013
Soneto do macho
Antônio Juraci Siqueira
Eu sou machista, sim! E não me venha
com blá-blá-blá de cunho feminista
baseado na Lei Maria da Penha
porque não me convence. E não insista!
Lá em casa não tem quem me detenha
que autoridade é assim que se conquista.
Minha mulher, coitada, até se empenha
mas, no final, tem que baixar a crista.
Quando ela faz menção de varrer casa,
de lavar louça, roupa e o que vier,
meu coração no peito explode em brasa!
Eu tomo-lhe a vassoura! Ela se arrasa
e vai olhar Tevê. Chie quem quiser
mas esse trampo não é pra mulher!
segunda-feira, 1 de abril de 2013
O dia da mentira
Retirado do blog Cão Uivador
Apesar da “comemoração” acontecer no dia
31 de março, a data certa é 1º de abril. Afinal de contas, trata-se da
celebração de uma mentira: a de que em 1964 o Brasil foi salvo de uma
“ditadura comunista” por meio de uma “revolução”.
Isso mesmo: uma revolução de direita. Alguém já tinha visto uma maluquice dessas?
Só que tem mais. O objetivo declarado
dessa “revolução” conservadora era o de “defender a democracia”. Afinal,
nada mais “ditatorial” do que o presidente não ser da direita: basta
pensar um pouquinho no povo, que já começa a gritaria de que o governo é
“comunista”, “autoritário” etc. Democrático é derrubar pelas armas um
presidente eleito por um povo que “não sabe votar”, segundo esses tais
“revolucionários” da direita.
A “defesa da democracia” se daria
colocando um general no governo até 31 de janeiro de 1966, quando se
encerraria o mandato do “ditador” João Goulart (sim, “ditador”, pois
fora eleito por um povo que “não sabe votar”): em outubro de 1965,
certamente o povo já teria “aprendido a votar” e assim um candidato de
direita (provavelmente Carlos Lacerda, entusiasmado apoiador da
“revolução”) venceria.
Mas, em 1965 o povo ainda não tinha
“aprendido” (tanto que a eleição acabaria acontecendo só em 1989). Tinha
de “levar mais porrada”, e se só bater não adiantasse, torturas, mortes
e desaparecimentos faziam parte do script. Algo tão “democrático”, que até Carlos Lacerda acabou mudando de lado
ao perceber que aquela “revolução” iniciada em 31 de março de 1964 e
consolidada no dia seguinte duraria bem mais do que prometera da boca
para fora.
Aliás, aquele golpe que se utilizou de
uma fantasia para acabar com a democracia (já que por meio dela a
direita não conseguia retomar a presidência) venceu na data que combina
com ele: 1º de abril, o “dia da mentira”, também conhecido como “dia dos
bobos”. Pois Lacerda não foi o único a ser enganado. Muita gente
acreditou no papo de que se tratava de uma “revolução” que impediria a
implantação de uma “ditadura comunista” e assim salvaria a democracia
brasileira.
————
Mas uma coisa também precisa ser dita: quem organizou aquilo não era nada “bobo”. Já disse uma vez que pessoas de esquerda tendem a ser mais inteligentes, por serem contestadoras; mas ao mesmo tempo, se os líderes conservadores de 1964 fossem “burros”, não teriam vencido.
Aliás, é preciso ser bem inteligente para
engambelar as pessoas por quase 50 anos – sim, ainda há quem acredite
que em 1964 fomos “salvos”…
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