Retirado do blog Cão Uivador
Apesar da “comemoração” acontecer no dia
31 de março, a data certa é 1º de abril. Afinal de contas, trata-se da
celebração de uma mentira: a de que em 1964 o Brasil foi salvo de uma
“ditadura comunista” por meio de uma “revolução”.
Isso mesmo: uma revolução de direita. Alguém já tinha visto uma maluquice dessas?
Só que tem mais. O objetivo declarado
dessa “revolução” conservadora era o de “defender a democracia”. Afinal,
nada mais “ditatorial” do que o presidente não ser da direita: basta
pensar um pouquinho no povo, que já começa a gritaria de que o governo é
“comunista”, “autoritário” etc. Democrático é derrubar pelas armas um
presidente eleito por um povo que “não sabe votar”, segundo esses tais
“revolucionários” da direita.
A “defesa da democracia” se daria
colocando um general no governo até 31 de janeiro de 1966, quando se
encerraria o mandato do “ditador” João Goulart (sim, “ditador”, pois
fora eleito por um povo que “não sabe votar”): em outubro de 1965,
certamente o povo já teria “aprendido a votar” e assim um candidato de
direita (provavelmente Carlos Lacerda, entusiasmado apoiador da
“revolução”) venceria.
Mas, em 1965 o povo ainda não tinha
“aprendido” (tanto que a eleição acabaria acontecendo só em 1989). Tinha
de “levar mais porrada”, e se só bater não adiantasse, torturas, mortes
e desaparecimentos faziam parte do script. Algo tão “democrático”, que até Carlos Lacerda acabou mudando de lado
ao perceber que aquela “revolução” iniciada em 31 de março de 1964 e
consolidada no dia seguinte duraria bem mais do que prometera da boca
para fora.
Aliás, aquele golpe que se utilizou de
uma fantasia para acabar com a democracia (já que por meio dela a
direita não conseguia retomar a presidência) venceu na data que combina
com ele: 1º de abril, o “dia da mentira”, também conhecido como “dia dos
bobos”. Pois Lacerda não foi o único a ser enganado. Muita gente
acreditou no papo de que se tratava de uma “revolução” que impediria a
implantação de uma “ditadura comunista” e assim salvaria a democracia
brasileira.
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Mas uma coisa também precisa ser dita: quem organizou aquilo não era nada “bobo”. Já disse uma vez que pessoas de esquerda tendem a ser mais inteligentes, por serem contestadoras; mas ao mesmo tempo, se os líderes conservadores de 1964 fossem “burros”, não teriam vencido.
Aliás, é preciso ser bem inteligente para
engambelar as pessoas por quase 50 anos – sim, ainda há quem acredite
que em 1964 fomos “salvos”…
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