De Pedro Verissimo
E ai ressurge a discussão da maioridade penal.
A classe média reacionária (quase uma redundância quando falamos em São
Paulo) se arma com seus meios de comunicação, inflam o peito, e vão
mais uma vez reivindicar “atitude do governo”, como se
isso fosse resolver o problema. E claro, por conveniência, esquecem que
somos fruto do meio e se calam em relação as atrocidade que grande
parte dos brasileiros sofrem. Se fecham no seu mundo e só “protestam”
contra aquilo que os atinge.
“E as mortes diárias nas periferias? Não interessa, não moro lá! E a ausência do Estado nas comunidades? Já disse, não moro lá! E as escolas, que cada dia que passa pioram? Não me interessa, estudo em escola particular. E nossa polícia, racista e mal preparada, que mata diariamente, reprime e abusa de seu poder? Acho que estão certos, bom mesmo era quando tinha ‘Rota na rua’.”
Mas claro, vamos reduzir a maioridade penal. Certamente todo o problema acabará.
Se for pobre e preto, já prende logo, pois como Serra já disse: "são potenciais criminosos".
Somos movidos pela emoção, mas isso não pode tirar o foco da discussão principal. A mudança, para acontecer, deve ser estrutural, no sistema. Se não for assim, nada mudará. Continuarão matando, as cadeias continuarão cheias e daqui a pouco será um caminho direto, da maternidade para a prisão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário