domingo, 8 de maio de 2011

Matar Osama para salvar Obama


"Os Estados Unidos podem fazer o que se propõem; Essa é a história do nosso país. Somos uma nação, sob Deus, indivisível, com liberdade e justiça para todos" Barack Obama

Essas palavras adquirem toda a dimensão da realidade da nação mais agressora e mais imperialista de todas que existem, que sempre fez o que quis e impunemente extermina povos, nações e democracias legítimas e instaura ditaduras, sempre com o velado e servil apoio dos membros da União Europeia.

E eis que o inquilino da Casa Branca apareceu diante das câmeras para bradar ao mundo inteiro que "se fez justiça"; e o povo estadunidense, que se encontra totalmente alienado pelos meios de comunicação e seu governo, irrompeu num frenesi incontrolável de "democratas" que se regozijam com a morte, celebrando o que o genocida George Bush denominou como a"vingança da democracia" - e isso é justiça?


Me pergunto se se conhecia a localização do sujeito mais procurado do mundo desde 2001 - segundo filtrou o site Wikileaks -, devia ele, então, ter sido capturado vivo para ser julgado pelos tribunais competentes; só posso presumir que se o capturassem vivo poderia abrir a caixa de pandora que nos levaria à verdade sobre os acontecimentos do 11 de Setembro, fato este que continua por esclarecer-se.

Obama disse em sua coletiva de imprensa que a "sigilosa" operação executada pelos Navy Seals se realizou na localidade de Abbottabad, a 50 km da capital paquistanesa, e que se produziu um combate de cerca de 40 minutos, no qual morreram outras quatro pessoas; disse também que os assassinos tinham o cadáver - logo disseram que o atiraram ao mar - que segundo os informes possuía um tiro na cabeça - por acaso um tiro de misericórdia? - e que, além disso, detiveram duas mulheres e alguns de seus filhos, que seguramente já estão em algum lugar do tipo dos cárceres secretos de Guantánamo, uma das maiores violações aos direitos humanos.

Hoje, evita-se falar que Osama foi agente da CIA e que sob essa condição criou os "talibãs" para combater os soviéticos no Afeganistão e que, inclusive, chegou a estar envolvido com o financiamento dos Contra nicaraguenses, e que sua família foi -não se sabe se ainda é - sócia de envergadura da família Bush.



Não nos é difícil adivinhar que por trás deste anúncio existem dois objetivos claros e bem definidos:

1. Tirar do noticiário o assassinato do filho de Muammar Kadafi - que não desempenhava qualquer cargo político ou militar - e de três de seus netos ainda crianças - mostrando que a operação também possui objetivos civis -, em um crime brutal e injustificável e que viola o direito internacional - pois tentam cometer um magnicídio -, assim como a resolução do Conselho de Segurança da ONU, que permitiu iniciar sua campanha imperialista no Norte da África.

2. A recuperação da popularidade descendente de Obama - a mais baixa desde que assumiu a Presidência - em vésperas das próximas eleições. De fato, já está em campanha... Com este anúncio, evita-se que o cidadão estadunidense volte suas atenções para os problemas conjunturais de sua sociedade.

Mas a guerra contra o terrorismo segue na agenda da administração Obama - uma guerra útil para os poderes supranacionais pela simples razão de que não se pode ganhá-la, pois o inimigo é invisível; este é o único modo de continuar com a eliminação dos direitos dos cidadãos e de assegurar um modo de justificar as intervenções militares contra a soberania dos povos. Diz-se que "o mundo se sente aliviado", mas, ao mesmo tempo, alerta sobre "ataques violentos em todo mundo após a morte de Bin Laden". Por acaso é um alívio que se produza um assassinato que, pela natureza do assassinado, põe em perigo àqueles a quem dizem querer proteger?

Mataram o homem que serviu de justificativa para intervenções militares cujo custo alcança a mágica cifra de US$ 1.200.000.000.000 - prejuízo para o cidadão comum e lucro para a indústria da guerra (não só a armamentista) - e que, de fato, é paga com um genocídio (recordemos que o número de mortes provocadas pelas intervenções desde 2001 já se aproxima a um milhão, sem esquecer a cassação dos direitos civis...).

Por fim, tudo isso apenas me parece uma grande montagem publicitária repugnante em torno do assassinato de um sujeito - seja quem for - que deixa entredito as motivações que levaram à invasão no Afeganistão, e onde o decisivo apoio da União Europeia também a converte em culpada, senão veja o que disse a Comissão Europeia:

"Não contradiz - assassinato de Osama como ato de justiça - os valores e princípios da União Europeia, que advoga pela liberdade, a democracia e pelo fim da pena de morte em escala mundial".

Hoje reafirmamos o que já sabíamos: "vivo ou morto", na linguagem oficial dos Estados Unidos - e agora da União Europeia -, quer dizer morto...

Pedro José Madrigal Reyes
Fonte: www.rebelion.org

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