sexta-feira, 29 de julho de 2011

NAS GRADES!

Foi preso no dia de ontem este que ai está nessa foto. Dispenso qualquer palavra nojenta para o qualificar. Preso por ter cometido uma série de crimes sexuais no Geisel.

E eis que o mesmo não atuava apenas no Geisel. Quem acompanha o verbalirando deve se lembrar do caso que aconteceu com a jornalista Renata Escarião que relatou o fato no seu blog e que reproduzi por aqui na época na data exata do dia 25 de agosto do ano passado.

Vai aqui novamente o seu relato. No mais na esperança de que esse "ser" passe um bom tempo atrás das grades, quiçá nunca mais volte ao mundo da liberdade.

E se ele tivesse apertado o gatilho? E se ele tivesse me violentado?


Por Renata Escarião

No ouvido ficaram as ameaças, no corpo aquela sensação das mãos imundas, na nuca a gélida dureza do cano da arma.

Ele está na minha janela? Vai estar mais uma vez na próxima esquina que eu cruzar? Ninguém me garante que não.

O que mais me apavora e indigna é saber que a arma lhe dava tanto poder. Que ali mesmo ele poderia ter acabado com a minha vida. Como pode alguém decidir sobre o direito de viver do outro? Sobre o direito de seguir sem assédio ou trauma?

Voltava tranquilamente para casa quando um homem de boa aparência e sotaque paulista me parou para pedir uma informação. Estava ao celular parado na calçada por onde eu passava. Quis saber o nome da rua e alongou a conversa perguntando onde poderia adquirir créditos para o celular. Parecia ser de fora e estar perdido a procura de um endereço.

Atenciosa como seria qualquer uma que não imagina o mal que a aguarda, dei todas as explicações. Mas estranhei tanta insistência. Antes que me virasse e fosse embora, o susto. Educadamente o homem sacou a arma, disse que era um assalto e que atirava se eu reagisse.

Invonlutariamente, fastei para trás, mas logo dei um passo de volta a frente diante das ameaças com tom de gentileza para que ninguém percebesse o ocorrido.

Ordenou que eu chegasse perto como se estivesse com ele. Me abraçou, pôs a arma na minha nuca e me beijou incessantemente os cabelos para que pensassem que éramos um casal. Procurei com apenas uma mão a carteira dentro da mochila enquanto ele se aproveitava e enfiava a mão no meu decote. Abri a carteira, mostrei que só tinha R$ 10 e ele disse que eu podia guardar. Não quis o dinheiro.

Pediu o celular enquanto escorregava as mãos pelas minhas costas e bunda. Entreguei. Olhou, analisou e disse que não queria.

- Você é casada ou solteira? Perguntou.

- Onde você mora? É aqui perto?

Gelei. Emudeci. Ele não queria dinheiro, não queria celular, queria a maldade que eu sentia com nojo daquelas mãos.

Nada respondi. Senti trêmula suas mãos insistirem no meu corpo. O cano da arma roçar os fios de cabelo no meu pescoço. Achei que fosse morrer. Achei que ele poderia fazer o que quisesse comigo….me violentar, me matar….ele tinha todo o poder.

Nem respirei.

Caladinha, caladinha…….

E ele beijou minha testa e disse:

- Vá com Deus.

Passou a mão na minha bunda. Disse que me mataria se eu olhasse para trás. Que atiraria….

- Caladinha, caladinha !……susurrou

Não me atrevi a olhar pra trás. Dobrei a esquina, entrei na primeira casa cuja porta estava aberta e pedi ajuda.

Com ajuda de desconhecidos cheguei em casa. Liguei pra polícia, pra uns amigos e descobri que se tratava do mesmo homem que há menos de uma semana roubou o carro de uma moça, a levou com ele, ordenou que tirasse a roupa…..mas ela felizmente conseguiu fugir.

Recebi a visita dos policiais. Contei tudo. Disseram que fizeram rondas mas “o meliante evadiu-se do local”.

Foi seu moço, “evadiu-se”, e levou com ele minha noção de liberdade.

Com quantas não será que fez a mesma coisa ou pior? Fiquem alertas meninas. E denunciem.

Senti no olhar das tais autoridades a apatia diante da não novidade. O ar de: não foi nada demais.

Foi senhores, foi sim. Porque um passo em falso e eu poderia ter ficado lá mesmo, naquela esquina. Porque eu tive meu corpo violado. Minha noção de segurança e liberdade destruídos.

Porque eu tenho o direito de andar livremente sem que minha condição de sexo feminino seja uma fragilidade, sem que eu veja um bandido agir muito a vontade em uma rua movimentada às 20h30 da noite.

Me apavora pensar no que ele poderia ter feito. Me alivia saber que alguma força divina intercedeu, só pode, porque não entendo até agora porque ele me deixou ir.

E num país onde a banalização da violência é generalizada, me pego exausta na busca de um instante de sono tentando me convencer que não foi nada demais.

Diz isso pras palavras e imagens que continuam ecoando na minha cabeça.

Na mesma noite uma empresária foi morta ao reagir a um assalto no Bessa.

Podia ter sido meu destino também.

E o que mais apavora é saber que ainda pode ser.

O meu e o de qualquer um de nós.

Filho da puta.


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CUIDADO MENINAS! NEM TUDO É O QUE PARECE!


EU TIVE SORTE, MAS QUANTAS TERÃO?

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